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Língua Afiada

Comunidade cigana sem casas e o ódio cresce

É importante que o Presidente da República visite a comunidade cigana que ficou sem acampamento em Cerro do Bruxo, as 100 pessoas desalojadas não precisam de abraços e beijos de Marcelo Rebelo de Sousa, mas precisam de empatia, solidariedade e reconhecimento.

Sinto vergonha alheia ao ler os comentários nas redes sociais e nos jornais, o ódio, o desprezo com que falam de pessoas, de seres humanos revolve-me o estômago, há pessoas que os colocam abaixo dos animais, preocupando-se mais com estes últimos do que com seres humanos, adultos e crianças que ficaram privados das suas coisas, fossem muitas ou poucas, barracas ou não, eram as coisas deles.

 

O ódio é tanto e tão generalizado que se algumas pessoas tivessem esse poder exterminariam os ciganos sem dó, nem piedade, erradicando-os de Portugal e quem sabe do mundo independentemente de serem ou não marginais, já que a para alguns toda a etnia é uma praga, pequenos Hitler sedentos de vingança.

Com tantos séculos de ensinamentos, de guerras entre religiões, culturas e formas de viver, o Homem ainda não aprendeu que não é com violência, segregação e aniquilação que se resolvem os problemas, mas sim com integração, compreensão e aprendizagem.

 

O desprezo e ódio por uma etnia, a generalização nunca fará parte da solução, fará sempre parte do problema, quanto mais os renegamos e queremos renegar os seus direitos, mais eles se mantém fiéis à sua cultura, unidos e indiferentes às regras das sociedades, pois só assim conseguem sobreviver.

Nos dias de hoje ainda há quem acredite que todas as pessoas de uma etnia são más? Acreditam mesmo que lhes corre qualquer coisa no sangue que os faz serem maus, vis e criminosos?

 

Não concordo com muitas coisas da sua cultura, especialmente a forma como inferiorizam as mulheres e os casamentos combinados, mas isso não significa que os odeie e que os queira exterminar, gostava sim que mudassem e se adaptam-se aos tempos e respeitassem as regras.

A mudança só poderá acontecer pela educação e pela formação, não é um processo simples, nem tão pouco rápido, mas eles podem ser reintegrados na sociedade e esse é o caminho.

Não serei hipótrica, sinto receio quando sou abordada por uma pessoa de etnia cigana, um medo que foi incutido pela sociedade e que lhes é muito proveitoso, já que a fama os precede e faz com que obtenham o que querem sem na maioria das vezes recorrem realmente à violência.

Como em todas as etnias, raças, comunidades, povos há pessoas boas e más, a maioria das pessoas nem é uma coisa, nem outra, é algo que se situa no meio, mais para o lado mau do que bom, todos somos capazes de cometer uma maldade, uma atrocidade, muitos poucos serão capazes de ser bondosos a vida toda e em todas as circunstâncias.

 

Gostava muito de saber se todas as pessoas que os acusam de não cumprirem a lei, de viverem de subsídios, de não cumprirem os seus deveres, se são elas cumpridoras, se nunca compraram nada sem fatura, se nunca compraram, algumas aos próprios ciganos, peças contrafeitas, se param sempre nos stops e nas passadeiras, se cumprem os limites de velocidade, se nunca pediram um favor a um amigo ou meteram uma cunha, se foram sempre retas e honestas em toda a sua vida?

 

É muito fácil exigir das outras culturas mudança, e da nossa? Somos um povo corrupto até à medula, desde o pobre que recebe indevidamente o rendimento mínimo ao gestor de topo que comete fraudes e desvia milhões, mas como somos a maioria está tudo bem, imaginem-se a minoria num país 100% correto, seriam olhados de lado, colocados à parte, vistos como uma praga, sem educação e sem moral, falar dos outros é fácil, olhar para nós e tentarmos melhorar-nos a nós próprios e ao mundo é que é difícil.

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