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Língua Afiada

Modelos XXL – Mais uma hipocrisia da moda

Sobre o desfile da modelo XXL Ashley Graham na New York Fashion Week levantaram-se dois tipos de vozes, os que acharam uma afronta ver desfilar uma modelo com medidas não convencionais que partiram para o insulto gratuito e aqueles que acham por bem que se hasteie uma bandeira às modelos Plus Size pois são o espelho da mulher real.

Eu juro que cada vez que vejo campanhas, leio textos ou ouço alguém falar de mulheres reais fico com os olhos a saltar das órbitas, os cabelos eriçados e vontade de distribuir pares de estalos, eu que sou contra a violência, tenho ganas de abrir as cabeças de vento que seguem modas sem sequer pensarem dois segundos sobre o seu significado.

Ao que parece todas as mulheres magras e boazudas não são reais, são modelos produzidas numa linha de série numa qualquer fábrica de uma multinacional na China. Só que não! São reais, tão reais como as como as gordas e como as assim-assim.

Isto de ver modelos XXL desfilar é muito bonito, é dar às gordinhas um boost de autoestima, é passar a mensagem que todos os corpos são bonitos, cada um ao seu estilo, que todas as mulheres podem ser sexy e podem usar as roupas que bem lhes aprouver.

Um conto de fadas onde toda a gente é bonita e aceite como é. Uma utopia é o que é!

Porque se toda a gente é bonita tal como é porque é que foram Photoshopar a modelo XXL? Ah pois, ela pode ser roliça, mas não pode ter celulite!

Foto real do desfile

 

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Foto da mesma modelo numa revista

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Tem tudo a ver não tem?

 

Esta bandeira das modelos XLL faz lembrar as feministas insolentes e arrogantes que defendem a superioridade da mulher, reclamam que têm direito aos mesmos direitos que os homens e depois justificam isso com uma verborreia de contos e ditos da suprema superioridade da mulher e com a diminuição dos homens.

Nesta situação é a mesma coisa, ataca-se a indústria da moda por promover a magreza extrema e aplaude-se essa mesma indústria por promover o excesso de peso, só porque vai ajudar a autoestima das mulheres gordas.

Mas alguém acredita mesmo nisso?

Se funcionasse assim não existiriam pessoas magras a sentirem-se mal com o próprio corpo, pois bastaria abrirem uma revista para verem corpos magros em todas as páginas.

Tretas, a mente humana não funciona assim.

E já agora o que irão promover a seguir?

 

- Anúncios a pastas de dentes com pessoas com dentes tortos e feios, quiçá a até a faltar um dente.

- Promover cremes antirrugas com mulheres com pregas na testa e lábios caídos?

- Promover cremes anti celulite com mulheres com rabos com mais depressões que um esponja velha?

- Anúncios a shampoos com mulheres de cabeleira rala ao estilo palha-de-aço?

 

São modelos XXL mas têm curvas, para quando uma modelo quadrada? E sem cinta com o diâmetro da barriga superior ao da anca e ao do peito?

Acham mesmo que a solução para resolver os problemas de autoestima das mulheres é promoverem as modelos XXL?

Se ver mais diversidade de modelos nas passerelles pode ajudar algumas pessoas? Acredito que sim, mas as mulheres inventam problemas onde eles não existem, seriam dois segundos para se sentirem bem com o peso, mas se sentirem inseguras com o cabelo ou com a pele.

 

A confiança vem de dentro e está relacionada com as expetativas, com aquilo que desejamos para nós e com aquilo a que dá-mos prioridade e consideramos importante.

Conheço mulheres gordas carregadas de autoestima, confiantes e seguras, porque sentem-se bem como são e aceitam-se como são.

Conheço mulheres magras inseguras, com baixa autoestima, que estão sempre a encontrar defeitos no seu corpo e vivem atormentadas por eles.

Muitas mulheres sentem-se inseguranças com o excesso de peso porque já foram magras e por algum motivo na vida ganharam peso, quem um dia teve um peso e forma física que considerou serem os certos para si, mas que não consegue manter vive atormentada por essa imagem que considera ideal.

 

Aplaudir os modelos XXL e promover o excesso de peso não é o caminho, o caminho é promover uma vida e um peso saudável, as modelos não deveriam cair em extremos, nem serem demasiado magras, nem demasiado gordas, é claro que é muito complicado definir um padrão porque cada pessoa tem uma constituição diferente da outra e 60kg numa pessoa pode ser excesso de peso e noutra serem o peso ideal.

A questão é que promover os modelos XXL não faz nada pela sociedade, é aliás um perigo para a saúde pública e não me venham com a conversa das análises ao colesterol e aos diabetes dos gordos estarem melhores do que as dos magros, existem muito mais complicações e bem mais graves que essas para o nosso organismo causadas pelo excesso de peso.

Da mesma forma que os magros por serem magros não podem simplesmente comer tudo o que lhes apetece só porque não engordam prejudicando o seu organismo, os gordos só porque têm as análises gerais bem não podem continuar descansados com o seu peso.

Excesso de peso faz mal, não acreditam falem com o vosso médico.

Ou acham que os médicos fizeram um pacto secreto para massacrarem as pessoas a perder peso só porque acharam que as pessoas magras são mais atraentes?

 

 - O bebé gordo de 18 meses, o rechonchudo a que todos acham piada, vai ao pediatra, raspanete à mãe porque o bebé tem peso a mais para a altura, até lhe retiram a papa para controlar o peso.

- A criança gorda de 6 anos vai ao pediatra, raspanete à mãe, recomenda-se dieta e exercício físico.

- Adolescente gordo vai ao médico, raspanete, recomendações de exercício físico e clara dieta e P1 para a nutricionista para corrigir a alimentação.

- O adulto vai ao médico, raspanete que a pessoa já tem idade para cuidar de si, a receita do costume exercício físico e regime alimentar.

- A grávida vai à consulta de obstetrícia e raspanete que estar grávida não é desculpa para comer por dois.

 

Mas as pessoas continuam a achar que não faz mal ter excesso de peso, os médicos só mandam as pessoas mexerem-se porque é moda ser fit, faz tudo parte de uma grande teoria da conspiração, deve ser por isso que há uns anos atrás eu, magríssima na altura, fui ao médico de família, exames de rotina, análises, tudo ok e quando já me preparava para vir embora contente com os resultados o médico pergunta-me:

- E faz exercício?

Eu – Faço, faço umas caminhadas.

O médico com ar de riso – Com a sua idade caminhadas? Isso é para pessoas com mais de 60 anos, com a sua idade tem de correr, caminhar não é suficiente, em vez de caminhar corra e de preferência em espaços verdes e deixe as caminhadas para quando estiver na reforma.

 

Parem de inventar desculpas para se sentirem bem com excesso de peso, ter excesso de peso é mau e ponto, há pessoas que têm de lidar com isso porque têm um problema de saúde que não as deixa perder peso, todas as outras é uma questão de foco e prioridades.

Cada um sabe de si, se se sentem bem com os kg a mais que têm é um problema vosso, se não se sentem e por isso acham por bem que se promova o excesso de peso para que a sociedade vos aceite, deixo-vos um conselho, aceitem-se primeiro.

As marcas e a indústria da moda o que querem é vender, só fazem este tipo de campanhas para serem faladas, acham mesmo que existe alguma responsabilidade social a motivar este tipo de desfiles, não há, se houvesse promoveriam desfiles com pessoas normais e banais, baixas, altas, gordas, magras, feias, bonitas, etc…

Há uma grande diferença em usar modelos XXL para causar polémica e entre usar modelos de acordo com a realidade das mulheres, porque até as modelos XXL são mais bonitas e curvilíneas que a maioria das gordas que vê-mos por ai, continuam a ser manipuladas e nem dão conta como referi aqui.

Isto é marketing puro e daquele perigoso pois é tão perigoso promover a magreza como a gordura, ambas as condições prejudicam a nossa saúde.

 

Parem de ser hipócritas: se promover a magreza é mau, promover o excesso de peso não pode ser bom, promovam saúde.

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