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Língua Afiada

O circo político, a moeda Sancho e a piada seca.

As promessas eleitorais são sempre um deleite, a par com os cartazes que fazem corar as pedras mais imundas e esburacadas da calçada são tão ridículas, tão megalómanas que são hilariantes.

 

A proposta do candidato do PS à Câmara Municipal da Guarda inclui no âmbito do conceito de Guarda cidade inteligente a criação de uma moeda local, que denominou por Sancho, que só circulará na Guarda.

"Uma moeda que todos nós vamos ter e que nos permite gastar [dinheiro] aqui e não gastar lá fora", explicou.

 

Como lá fora? Mas agora a Guarda é um país independente ou será um condado ou principado encabeçado por Dom Sancho?

Será o Dom Sancho Pança? Quem sabe o candidato seja uma espécie de Dom Quixote.

Se tivesse de criar uma moeda para essa grande nação que é o Porto, haveria de lhe chamar Sebastião, em honra daquele que despereceu no nevoeiro e nunca mais regressou, tal e qual as ideias utópicas que se dispersam sem se saber bem como e nunca, jamais, se implementam.

 

Na sede pelo poder pode-se ver um pouco de tudo, mas nestas eleições em particular os candidatos conseguiram fazer o que se julgava já impossível, fazer da política um circo ainda maior, números dignos de se apresentarem em Monte Carlo.

Como querem os partidos políticos restaurar a fé dos portugueses no sistema se permitem este circo? Onde nem os líderes políticos conseguem manter uma linha de pensamento por mais de dois anos seguidos? Para mudar de opinião basta saltar da cadeira e qual equilibrista rodar 180 graus numa inversão de pareceres, defendo com unhas e dentes o oposto do que defendiam antes.

 

Já somos governados por uma geringonça, não demora muito seremos governados por um empresário circense, já chamaram a António Costa ilusionista, diria que Sócrates é também ele uma espécie de mágico e Pedro Passos Coelho está mais para coelho que sai da cartola do que outra coisa, já que parece ter aparecido no palco sem saber para onde se virar, Catarina Portas é uma versão moderna da mulher de barba, Assunção Cristas é a malabarista que tenta estar em todas as frentes usando apenas as duas mãos para agarrar todos as maracas que consegue, Jerónimo de Sousa é o domador de unicórnios, tudo isto dirigido com mestria pelo grande intertainer Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Pobres dos circos que em breve não terão expectadores, para quê pagar bilhete quando é possível assistir a um espetáculo circense de alta qualidade todos os dias e a qualquer hora, basta para isso procurar programas eleitorais, assistir a um debate ou discurso ou até ler notícias nos jornais, para os que gostam mais de imagens é procurar fotografias dos cartazes eleitorais, é um fartote de gargalhadas, melhor do que as charadas dos palhaços.

 

Só há um grande problema, no fim do espetáculo, a conclusão é sempre a mesma, a piada somos nós.

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