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Língua Afiada

O Egoísta, o Ignorante e o Esperto

Espelho dos nossos dias cada vez me deparo estes três tipos de personagens: o comodista, o ignorante e o esperto, bem que poderia ser o título de uma anedota, mas não é, são cenas que quem lida com muitas pessoas se depara todos os dias e infelizmente na vida profissional não nos podemos afastar destas pessoas como facilmente faríamos na vida pessoal.

 

O Egoísta

O egoísta é ocupado, stressado e trapalhão, que acha que o seu tempo é mais valioso que o dos outros e por entre o caos da sua vida acha que é mais fácil incomodar terceiros do que ter o trabalho de abrir um site ou até mesmo consultar um manual de instruções.

É o tipo de pessoa que telefona, é atendido e a primeira coisa que diz é espere um minuto estou com outra chamada ligo-lhe de seguida.

Como se o tempo das outras pessoas fosse menos precioso que o seu e como se estivessem sempre à sua disposição. Não estão e é uma tremenda falta de educação ligar para uma pessoa do telefone fixo e para outra do telemóvel a ver quem atende primeiro só para correr o risco de as duas atenderem e não conseguir tratar de nenhum dos assuntos e ainda fazer perder tempo aos outros.

Organização é boa e recomenda-se já que as pessoas desorganizadas e trapalhonas não só se atropelam a si próprias no meio do seu caos como ainda incomodam os outros que ao contrário deles quando se disponibilizam a dar-lhes tempo de antena é porque têm efetivamente tempo para lhes dispensar.

Não se esqueçam quando quem coloca o tempo ao vosso dispor não é correspondido acaba por vos responder na mesma moeda com uma resposta curta e grossa, não demonstrando qualquer vontade de vos ajudar a resolver qualquer que seja o vosso problema.

 

O Ignorante

 O ignorante é preocupado, zeloso, medricas e ansioso, tem um dom espetacular de encontrar problemas grandes em situações rotineiras, é o género de pessoa que se o carro lhe parar por falta de combustível é capaz de achar que foi o motor que se estragou. Faz constantemente tempestades em copos meios de água, nem sequer é em copos cheios, nervoso e ticoso ameaça tudo e todos socorrendo-se de direitos que muitas vezes foram inventados em petições de correntes de e-mails dos quais ouviu vagamente falar, mas que sua mente diligente guarda para usar na primeira oportunidade.

É ignorante porque é o género de pessoa que reclama quando não tem razão e não aceita um não como resposta, para além da ameaça recorre à velha técnica do vencer pelo cansaço, martiriza os visados na esperança que alguém lhe dê razão só para não ter de o aturar eternamente.

Senhores ignorantes dizerem muitas vezes que têm razão não faz magicamente que a razão seja vossa só vos torna ridículos, há uma gigantesca diferença entre uma resposta tipo daquelas que recebem a despachar de uma resposta ponderada e fundamentada, saber distinguir as duas é crucial para não desgastarem.

E por favor não confundam amabilidade e disponibilidade em ajudar com responsabilidade, só porque alguém vos tenta ajudar não significa que seja obrigado a fazê-lo ou tenha alguma responsabilidade para convosco, não estiquem a corda porque irá partir para o vosso lado.

 

O Esperto

O esperto é arrogante, presunçoso e dissimulado, tem a mania de primeiro se fazer de dessentido para obter e informação para depois tentar humilhar quem o atende mostrando a sua sabedoria sobre o assunto, só que se esquece que atrás de uma montanha há sempre uma mais alta e o primeiro interlocutor até pode ter uma ou duas lacunas de conhecimento, mas há alguém que não só sabe muito mais que o primeiro interlocutor como sabe imensamente mais que o espertinho de serviço.

É muito feio tentar humilhar alguém só porque se acha mais entendido num assunto, ninguém sabe tudo e o mais certo é encontrar alguém que saiba mais do que o esperto e que alie conhecimento a inteligência e o coloque com honras de luvas brancas encostado ao canto mais escuro da sua mente encolhido e humilhado, nem adianta fervilhar de raiva, a atitude mais inteligente é recuar educadamente, reconhecendo o erro e agradecer o esclarecimento minimizando a vergonha de se ter armado em esperto.

 

Moral da estória

A vossa vida seria bem mais fácil se fossem educados, práticos e humildes em vez de recorrerem a subterfúgios inúteis que só têm um resultado possível – frustração.

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