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Língua Afiada

Os 8 tipos de empresas em Portugal

Ao entramos em contacto com empresas portuguesas para comprar, atenção escrevi comprar e não vender, deparamo-nos com as coisas mais incríveis, dei por mim a cataloga-las.

 

1 - As empresas práticas

Se é para comprar é para comprar e não há cá complicações, é só enviar catálogos, preços e condições comerciais.

 

2 - As empresas experientes

Isto vende-se, mas não se vende a qualquer um, primeiro é preciso tirar radiografia ao cliente para perceber se tem potencial, se tem uma imagem coerente com a imagem da sua marca/produto.

 

3 - As empresas colossais

Vendemos, mas para quantidades pequenas tem de comprar a um distribuidor, não vendemos diretamente, tudo certo se existe rede de distribuição é para isso mesmo.

 

4 - As empresas astronómicas

Vendem, mas só se encomendarmos quantidades astronómicas de cada referência e se esperarmos uma eternidade pelas encomendas, detalhe importante, não têm rede de distribuição, pressinto que nunca terão.

 

5 - As empresas inacessíveis

É preciso um doutoramento em investigação forense googletíca para encontrar um contacto de telefone ou e-mail, enviar mensagens pelos formulários de contacto é totalmente infrutífero pois nunca são respondidos.

 

6 - As empresas difíceis

Chega-se ao contacto por telefone, envia-se e-mail, tenta-se uma, duas, três, milhentas vezes e não se consegue passar da rececionista, a pobre coitada (sem qualquer desprestígio para a trabalhadora ou função) já não sabe que mais desculpas dar para a falta de educação da gerência.

 

7 - As empresas armadas em parvas

Só vendemos no nosso site, só vendemos nas nossas lojas e depois é ver os seus produtos à venda em todos os cantos e esquinas.

 

8 - As empresas que só fazem perder tempo

Está tudo muito bem, só facilidades, afinal é para vender e depois na hora H não existe capacidade de resposta, não existe stock, não existem recursos humanos, não existe basicamente nada, pois na verdade são uma gigantesca confusão.

 

 

Pergunto-me como é que uma empresa pode sobreviver sem qualquer estratégia de vendas, sem uma estratégia de distribuição, sem rede de distribuição interna ou externa e total incapacidade de dar resposta às solicitações dos seus clientes.

Numa altura em que o futuro passa pelo contacto direto com o cliente final, onde a cadeia de abastecimento é cada vez mais pequena, pergunto-me como se adaptará o tecido empresarial português que vive de feiras, exposições, grandes encomendas e muitas vezes de marquismo?

Sem marca, estratégia, visão e sem qualquer noção de marketing, como esperam sobrevier estas empresas?

Já escrevi anteriormente sobre o tecido empresarial português e a verdade é que quanto mais o conheço, mais desiludida e preocupada me sinto.

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