Poupanças #1 - Poupar para dentro do frasco
Parece que anda por aí uma novidade, que afinal não é novidade, de poupar dinheiro por semana começando a poupar um 1€ na primeira semana do ano e terminando a poupar 52€ na última, chegando ao final do ano com uma poupança de 1378€.
Acho muito bem que se incentive a poupança, conheço várias pessoas que não conseguem poupar sequer 1€ por mês, umas não têm alternativa, outras não têm juízo e outras simplesmente não querem.
Chamou-me à atenção as reações ao desafio, é sempre interessante perceber como as pessoas lidam com o dinheiro.
- Para quem ganha muito é fácil poupar.
Se por um lado quem ganha muito (vamos assumir que muito é pelo menos o dobro ou mais do ordenado mínimo) se só poupa 1378€ está bem feito ao bife.
Por outro lado quem ganha mais tende a ter um nível de vida mais alto o que por vezes significa poupar muito pouco.
- Retiro do dinheiro da conta para a conta poupança ou escondo-o num mealheiro sem abertura para não ter tentações.
Se por um lado estas afirmações revelam consciência por outro revelam pouca responsabilidade, ter dinheiro a sobrar na conta não deveria ser uma tentação mas sim um orgulho.
Há uns anos uma colega de trabalho contou às gargalhadas que no final do mês lhe sobraram 50€ na conta e ela e o marido pegaram no dinheiro e decidiram ir jantar fora, no mês seguinte a conta da eletricidade em vez dos habituais 50€ foi de 100€, mandaram-lhe uma fatura bimensal e o que aconteceu? Não tinham dinheiro para pagar a conta.
Não sei se tinham dinheiro em alguma conta poupança, mas fazer um resgaste a uma conta por causa de 100€ não me parece boa política e na altura não haviam contas a vencer de 30 em 30 dias.
Nunca entendi o sistema de se gastar tudo o que se ganha como se não houvesse amanhã, mas como costumo dizer cada cabeça sua sentença.
- Ganho tão pouco que não consigo poupar
Salvo raríssimas exceções é sempre possível poupar, que isso implique um esforço gigantesco e mil e uma manobras de gestão e até privação de alguns prazeres é verdade.
Como também é verdade que muitas pessoas não estão dispostas a privar-se de alguns pequenos luxos para poupar, eu compreendo que às vezes aqueles pequenos gastos são verdadeiros momentos de felicidade, mas como em tudo na vida há que ponderar se é preferível ter aquele pequeno prazer ou prevenir um dessabor maior no futuro.
Não é preciso dar muitos exemplos um café custa 0,60€ (ou mais) se tomarem um café por dia ao final do ano são 219€, este ano seriam 219,60€.
- Eu consigo poupar
Fartei-me de dizer que não cumpri nenhuma das resoluções que tinha feito para 2015, mas não fui 100% verdadeira, em 2015 consegui poupar substancialmente mais que em 2014, mesmo a ganhar menos. Como? Com uma gestão de gastos mais eficaz, mais permanente e uma melhor organização contabilística.
Se me privei de alguma coisa? Não, cortei apenas nas pequenas coisas que pareciam não ter grande relevância no orçamento e que no final do ano pesavam muito mais do que eu julgava, o resultado foi uma poupança maior sem prejuízo do meu nível de vida.
Afinal nem tudo foi mau em 2015.