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Língua Afiada

Há pobres? Chamem-se os Cristãos!

Este foi o conselho que Marcelo Rebelo de Sousa deu aos portugueses, é claro que temos de contextualizar e dizer que foi num discurso na Santa Casa da Misericórdia numa homenagem ao Engenheiro Bruto da Costa, não obstante, mais parece um sermão da missa de Domingo do que um discurso de um Presidente da República, principalmente tendo em consideração que Portugal é um Estado laico.

Na verdade o que Portugal é, é um Estado falido, pejado de corruptos e de mágicos, António Costa é sem dúvida um grande ilusionista, especialista em distribuir o que não tem, mas alguém pagará a conta, pagaremos todos com juros.

Numa coisa Marcelo tem razão se os cristãos e todos os cidadãos chamem-se a si o dever de agir e de mudar o que está mal, as coisas seriam muito diferentes, mas os portugueses são conhecidos pelos costumes brandos e por isso são espezinhados, gozados e roubados sem sequer “arrebitarem cabelo”, estilo escolinha que para falar coloca-se o dedo no ar e só se fala com autorização e se o assunto for conveniente.

Vivemos numa liberdade censurada, onde quem é contra o Governo é pessoa não grata e desqualificada, não há sequer lugar a discussão, é-se logo acusado de ser de Direita e arruma-se a questão com o nome de Paços Coelho.

Discute-se cada vez menos política porque dá mais nervos e ansiedade que discutir futebol, podemos ter amigos de outro clube, mas de outra cor política começa a ser complicado, há quem só veja rosa, não será por acaso que o rosa é a cor que associamos à fantasia e aos unicórnios.

O nosso país está falido e não há vislumbre de melhoria, nem sem bazuca, nem com bazuca e o Presidente da República apela aos cristãos para mitigar a pobreza, porque será com a sopa dos pobres e caridade que as pessoas passarão a ter uma vida digna.

Sem qualquer desprestígio pelas pessoas que praticam a caridade, sejam elas cristãs ou não, não será com certeza a caridade das pessoas a resolver o problema, não será sequer tirar dinheiro aos ricos para dar aos pobres, mas sim promover uma economia saudável e uma sociedade igualitária com oportunidades para todos e com um elevador social que realmente funcione, sem boleias de afiliados de partidos ou cunhas para os amigos dos amigos.

Estamos fartos de ver elogios e condecorações a corruptos incultos que fazem carreira à custa dos amigos, queremos uma sociedade mais justa onde o mérito, o esforço e a dedicação são premiados independentemente da origem, cor, etnia ou classe social.

É preciso acordar, é preciso acordar e perceber que Portugal não sai da cauda da Europa porque quem manda não quer que isso aconteça, fazer um país crescer não é física quântica, não é preciso sorte ou magia, é só seguir o exemplo de quem o fez.

Este discurso do Presidente é anedótico, pois a Constituição que defende, laica, responsabiliza o Estado por dar condições dignas aos cidadãos, os cristãos não devem ser para aqui chamados.

Portugal será sempre pequenino, não pelo seu tamanho, mas pela sua mentalidade e com exemplos destes, é claro que nunca sairemos da cauda da Europa, Costa é mau, mas Marcelo a acaba por ser pior por permitir que Costa faça o que bem entende e ainda se ache o dono disto tudo.

Os 2700€ da polémica

A mais recente polémica é a situação hipotética que Miguel Sousa Tavares colocou ao Primeiro Ministro António Costa, MST procurou explicar que um jovem mesmo que ganhasse 2700€ num primeiro emprego ganharia na realiade apenas 1400€ e que se a esse valor retirasse o valor da renda, 1000€ para um apartamento em Lisboa, seria forçado a viver com 400€.

O que é que uma grande parte dos portugueses retiraram desta situação hipotética?

- Que MST é uma alienado que não faz ideia de quanto ganham os portugueses.

- Que ninguém ganha esse valor em ínicio de carreira e para muitos ainda bem que não ganham, porque mesmo sendo altamente qualificados não merecem.

- Que as rendas no resto do país não são tão altas como em Lisboa e que existe mais Portugal para além da capital.

 

Infelizmente ninguém percebeu que:

- Mesmo com um ordenado irreal de 2700€ é impossível uam pessoa viver sozinha em Lisboa e esta realidade começa a alargar-se a outras cidades.

- Que a carga de fiscal sobre os ordenados é absurda.

- Que os portugueses não ganham o suficiente para terem qualidade de vida.

Estas conclusões não em surpreendem, somos peritos a nivelar por baixo, talvez por termos o socialismo entranhado no nosso sistema mesmo sem nos apercebermos, um peso cultural que nos puxa para baixo, desdenhamos de quem tem, em vez que admirarmos as conquistas e procurarmos seguir os exemplos, é sempre melhor invejar, menosprezar, relativizar e encontrar motivos pouco dignos para justificar o sucesso dos outros.

Mentalidade pequena e míope, a mesma que acha que devemos retirar direitos aos funcionarios públicos, em vez de os estendermos a todos, sou a primeira a apontar as desigualdades, mas o caminho não é retorceder nas regalias de quem tem mais, mas sim alarga-las todos.

O MST Tavares até poderia ter dado um exemplo com um ordenado mais pequeno, o jovem continuaria a não conseguir viver sozinho, o exemplo de um ordenado desfasado da realidade foi precisamente para as pessoas perceberem que não é só uma questão de ordenados, é uma questão de impostos e de sistema.

António Costa fugiu à questão, refugiou-se no exemplo irreal e os portugueses seguiram o mote, em vez de perceberem a ironia.

António Costa ri-se de nós, em horário nobre e nós ainda concordamos com ele.

Surpresa! Portugal tem um problema de natalidade! Deixem-me rir

E porque é que só se preocupam com isso agora quando já receberam sucessivos avisos sobre esta problemática? Há décadas que andam a ser alertados.

Os diversos partidos políticos em vez de fazerem política porque é que não fazem alguma coisa de útil e se unem para realmente mudar este panorama?

Não são precisos estudos para perceber porque é que em Portugal não existem mais nascimentos, nem sequer é preciso pensar muito, basta ter dois dedos de testa e apesar de esta realidade ser avassaladoramente triste revela algo positivo, que os portugueses têm cada vez mais consciência do que é e o que custa ter um filho.

Não é preciso estudar medidas, é preciso implementa-las urgentemente.

-Alargamento da licença de paternidade, a ambos os pais, chega de discriminação, só assim as mulheres não sentirão que estarão sempre a optar pela carreira ou pelos filhos, primeiro mês dois progenitores, mãe até aos 7 meses, pai dos 7 meses aos 12 meses, redução de horário laboral de 2h para ambos até aos 2 anos de idade, não estou a exigir muito o ideal seria acompanhar a criança a tempo inteiro no mínimo até aos 2 anos.

- Redução do horário laboral para 7h a todos os empregos públicos e privados para garantir uma melhor conciliação entre vida profissional e familiar.

- Creches e infantários gratuitos com horários compatíveis com os horários laborais, não adianta o infantário ser gratuito se depois é necessário pagar prolongamento.

- Subsídio mensal, abono, de acordo com as despesas reais dos pais, os valores que usam para os cálculos são absurdos e estão completamente desalinhados com o custo de vida real.

- Reforma do sistema educativo, não estamos a formar máquinas estamos a formar pessoas, é imperativo acabar com os diplomas de mérito e com a corrida às explicações particulares que só causam desigualdades, estas devem ser substituídas por aulas de apoio a alunos que apresentem dificuldades.

- Incorporar no sistema de ensino mais atividades que estimulem competências sociais e criativas, desportos diversos, música, teatro, artes-plásticas, escrita criativa, experiências científicas.

- Sistema de ensino adequado às necessidades do aluno e não a atual forçosa adaptação do aluno ao sistema.

- Alterações no sistema laboral, fim dos estágios não remunerados e limitação dos estágios profissionais, há empresas que usam e abusam deste sistema para terem a custo reduzido mão-de-obra altamente qualificada que nunca é integrada nas empresas.

- Sistemas de incentivos às empresas que promovam melhores condições de trabalho, que tenham planos de carreira para os seus colaboradores e que promovam uma relação saudável entre trabalho e lazer.

- Incentivos fiscais relevantes para famílias com filhos, proporcionais ao número de filhos.

 

Existe ainda o problema dos salários em Portugal, mas aqui a questão é mais complexa, pois o simples aumento do salário mínimo agrava mais do que resolve, viu-se no último aumento que só serviu para retirar dinheiro às empresas para pagarem mais impostos, sendo o rendimento líquido impercetível, quando a medida gerou um aumento significativo do custo de vida.

Aqui é preciso traçar uma estratégia a longo prazo, temos de modificar o nosso tecido empresarial, não podemos ser um aglomerado de micro, pequenas e médias empresas que se limitam a produzir sem pouco valor acrescentarem, é necessário apostar em tecnologia e produtividade parar sermos competitivos e para conseguirmos crescer sem basear o crescimento numa política de baixos salários.

É preciso criar pontes entre o ensino e as empresas, é preciso dar formação aos patrões para uma visão orientada para a gestão.

É imperativo controlar e fiscalizar os investimentos dos fundos europeus e aloca-los ao que realmente importa e a projetos que acrescentam valor, investir em marcas e em marketing.

Como arranjar fundos para as medidas propostas? Acabem com a corrupção, com o compadrio e executem as dívidas a quem deve milhões e deixem de salvar empresas privadas que estão para além de salvação.

Talvez num país mais justo, menos corrupto e que valorize a família, as pessoas tenham mais vontade de ter filhos.