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Língua Afiada

Exposição Miró em Serralves

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Não fui ver a exposição este fim-de-semana, mas com certeza que irei em breve, primeiro porque gosto do trabalho de Miró e segundo porque adoro Serralves e qualquer desculpa é boa para lá regressar.

O melhor de tudo é perceber que nem só gelatarias e pregarias fazem filas no Porto, exposições de arte também, uma fila (bicha) tão grande que foi notícia e impressionou o neto do artista, Joan Punyet Miró confessou-se comovido com a afluência do público.

Definitivamente a cultura pode estar na moda, levar pessoas aos museus é só uma questão de divulgação, mais aposta na divulgação é necessária.

Se grande parte dos visitantes foi só porque viu a notícia, se grande parte não percebe nada de arte, se alguns até nunca tinham ouvido falar do artista antes do BPN, isso não interessa nada, qualquer motivo é bom para estar em contacto com a arte e a cultura, nem que seja porque está na moda.

Antes fazer fila à porta de Serralves do que no restaurante, porque há fomes que não se matam com comida, mesmo quem não tem fome sacia a curiosidade e pelo caminho ganha mais cultura, que ao contrário da comida nunca é demais.

 

(Imagem do site Fundação de Serralves)

Óscares 2016 #4 - 10 motivos para ver The Revenant e para The Revenant ganhar

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1 - É o melhor filme de 2015. Não, não vi todos os filmes de 2015 e ainda nem sequer vi todos os candidatos a melhor filme, ainda não vi Brooklyn, Room e Spootlight mas não me farão mudar de ideias.

2 - O filme conta uma história incrível e tem uma mensagem poderosa, se acham que Joy vale pena ver pela mensagem, pensem no testemunho deste homem que foi ao inferno e regressou, sobreviveu contra todas as apostas apenas pelo seu filho.

3 - Uma interpretação transcendente de Leonardo DiCaprio que se não receber este ano o Óscar tenho a certeza que haverão manifestações de protesto por todo mundo. Uma entrega total, um papel extremamente difícil, exigente fisicamente e mentalmente intenso. Expressar impotência, raiva, frustração, ódio tudo sem emitir uma única palavra ou emitir sequer um som perfeitamente audível de uma forma tão forte que nos deixa angustiados é digno de registo, merecia o Óscar só por essa cena.

4 - Uma realização bárbara, todas as cenas filmadas no exterior, algumas com granes planos e outras filmadas a milímetros, onde quase se sente o bafo dos personagens, chega-se a ter a sensação que vamos ser atingidos pelos perdigotos ou pelo sangue dos personagens. Tudo em condições climáticas altamente desfavoráveis.

5 - Como se não bastasse a excelente performance de DiCaprio temos um Tom Hardy igualmente excelente, uma personagem que tem tanto de asquerosa como de bem construída, desde a forma como fala à forma como olha, um conjunto de tiques detalhadamente criados para caracterizarem um homem mau e covarde.

6 – Banda sonora e edição de som excelentemente enquadrados com as cenas e com as paisagens, num filme onde se passam largos minutos sem se ouvir uma única palavra, são as músicas que nos transmitem o estado de espírito da personagem.

7 – Detalhe e precisão na caracterização, nada serviriam as excelentes interpretações se não fossem acompanhadas de uma excelente caraterização, a caracterização é exímia, tão real que algumas cenas isoladas parecem retiradas de um filme de terror.

 

8 – Efeitos especiais reais, à primeira vista não se pensaria em The Revenant para esta categoria, mas um filme que privilegia as filmagens em cenários reais não poderia ter vestígios de irrealidade e todos os efeitos especiais do filme, inclusive o 3D, são simplesmente uma obra-prima. Confesso que tentei detetar falhas mas não consegui.

 

9 – Se a realização é excelente, a direção artística não fica atrás, existem momentos no filme em que se congelássemos a imagem teríamos fotografias de cortar a respiração. Um alinhamento impecável do início ao fim, um fio condutor irrepreensível.

 

10 – A pós-produção e edição do filme foi brilhantemente executada, quem conhece a história das filmagens sabe que demoraram imenso tempo a filmar devido às poucas horas de luz, temperaturas baixas e dificuldades logísticas, mas ao vermos o filme não só nos esquecemos disso como temos a sensação que as cenas foram filmadas continuamente. Em horas e horas de filmagem a edição foi prodigiosa.

 

Este não é um filme centrado na excelente representação de DicCaprio é uma obra-prima repleta de detalhes, onde nada foi deixado ao acaso.

Se o filme tem longos minutos onde a ação é escassa? Tem.

Se o filme pode ser longo para a paciência de algumas pessoas? Pode.

Mas quem conseguir envolver-se com a história, colocar-se na pele daquele homem que conseguiu herculeamente sobreviver contra todas as hipóteses e cumprir a sua promessa, terá uma experiência cinematográfica única de amor, ódio, esperança, frustração, redenção e libertação.

 

 

Nota: A história é inspirada em factos verídicos, custa a acreditar em alguns detalhes, mas a verdade é que ele sobreviveu para contar a história, poderá ter sido um pouco exagerada, mas ele foi atacado por um urso, foi abandonado, cruzou aquele território inóspito sozinho e vingou-se, pelo caminho teve uma ajuda preciosa, mas a força de vontade dele foi o que o fez continuar.

 

 

Óscares 2016 #3 - Bridge of Spies, Joy e Fathers and Daughters

E lá aumentei a minha lista de filmes vistos que estão nomeados para as estatuetas douradas com o nome Óscar.

Continuo a apostar em The Revenant, mas falarei dele depois.

 

 

Bridge of Spies

Quando temos no mesmo filme Tom Hanks e Steven Spielberg só podemos esperar coisas boas e não esperamos mal, o filme não desilude, é realmente um candidato a melhor filme do ano.

Belíssima interpretação de Tom Hanks como habitual e excelente realização de Steven Spielberg, existem pequenos detalhes no filme fantásticos, a comparação entre as duas realidades é simplesmente marcante, não adianto detalhes para não estragar o impacto das cenas.

É uma história verídica, este ano são muitos os filmes inspirados em grandes histórias e personagens verdadeiras, e adorei esta história e adorei Sr. James B. Donovan, um advogado que fez realmente a diferença, uma pessoa genuinamente boa, como existem poucas.

Adorei a cena final do filme, comoveu-me.

Podem perfeitamente fazer uma sequela deste filme, existem muitas histórias na história de James B. Donovan que merecem ser contadas.

 

 

Joy

A primeira coisa que pensamos quando vemos no mesmo filme Jennifer Lawrence e Bradley Cooper é em romance, mas alerta spoiler, não é isso que acontece neste filme, embora a química entre os dois esteja lá.

O filme retrata a história de Joy uma mãe divorciada que abandona os seus sonhos para cuidar da família, uma família completamente disfuncional, mais um filme inspirado numa história verídica.

O filme tem a particularidade de ser narrado pela avó de Joy, outra tendência filmes com narrador, mas é uma narração nada incomodativa.

Jennifer Lawrence tem uma interpretação impecável, já não se pode dizer o mesmo do restante elenco, talvez com exceção da filha, a realização a meu ver poderia ser muito melhor e o filme falha nos detalhes.

Acho que a história de Joy merecia um filme mais profundo, mais intenso e detalhado, em vez disso, o filme tem cenas tão leves que roçam o absurdo, talvez uma tentativa de paralelismo com as ideias absurdas da família de Joy.

O filme vale essencialmente pela mensagem e pelo conhecimento de Joy, que é sem dúvida uma mulher de armas, a cotação no IMBD não deixa dúvidas é um filme, mas não é um filme poderoso.

 

Fathers and Daughters

Não está nomeado, não sei se terá saído a tempo das nomeações, mas grande interpretação de Russel Crowe, suportado por uma impecável Amanda Seyfried e Aaron Paul (saudades de Jesse Pinkman).

Uma linda história de amor entre pai e filha, não é verídico e não é narrado, mas é um excelente filme, os seus 6,9 no IMBd não lhe fazem justiça.

Fica a sugestão para quem gosta de histórias de amor, um bom filme para o Dia dos Namorados.