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Língua Afiada

Putin que o pariu

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Mais uma prova, como se a história já não nos tivesse dado tantas, que os sistemas políticos radicais não trazem nada de bom ou de próspero a longo prazo, um ditador não é nada mais, nada menos, que um sociopata narcisista com devaneios de grandeza e ilusão de intocável, assim é Putin, um louco com muito poder e sem medo.

Sanções e mais sanções e abordagens diplomáticas, uma estratégia do Ocidente que é e será claramente ineficaz, pois Putin não conseguiria estar menos despreocupado com o seu povo, para ele o importante é demonstrar poder e alargar o seu poder.

Não pensem que ficará por aqui, se Putin não for travado a seguir à Ucrânia serão outros países, quem pode imaginar quão grande será a sua sede de poder? Ninguém, mas é com certeza grande, megalómana e imprevisível.

O mundo deverá dar uma resposta forte e consistente a Putin, não prevalecerás, custe o que custar, pois hoje é a Ucrânia amanhã seremos nós, é preciso deixar bem claro, sem qualquer sombra de dúvida que não é possível invadir um país soberano sem consequências.

Se uma ofensa militar será a solução? Talvez não, é movimentar o mundo num terreno minado e pantanoso, dado o armamento nuclear da Rússia, mas não fazer nada também não é opção.

Esperemos que Putin recue, não tenho muita esperança, e que esta guerra fique por aqui e que não se traduza na terceira guerra mundial.

Até lá resta-nos rezar, pedir, meditar, o que seja, ter presente os ucranianos no nosso pensamento, dando-lhe o máximo de energia positiva que conseguirmos e demonstra-nos o nosso descontentamento da melhor forma que conseguirmos.

Ucrânia estamos contigo!

Combater armas com armas, a solução ou o problema?

 Se houvesse ainda alguém que achasse que Trump poderia ter alguma réstia de bom senso, sensibilidade, inteligência e sentido de oportunidade deve ter acabado de perder a esperança, até essa sucumbiu, morreu às mãos do presidente norte-americano.

A solução para combater a violência com armas nas escolas para Trump é simples, foi uma visão clara como a água, armar os professores, parece uma anedota, faz rir como uma anedota, mas tristemente é verdade e quando nos apercebemos disso a gargalhada desfaz-se num sorriso amarelo e depois num cerrar de dentes.

Que personagem é esta? Como é que alguém assim consegue chegar a presidente dos Estados Unidos, especialmente depois de Barack Obama?

Há um ditado português que diz “juntou-se a fome com a vontade de comer” juntou-se um maníaco com fome de poder com a vontade de vender armas e o resultado é desastroso.

Se a solução para acabar com a violência fosse armar as pessoas, bastaria dar uma arma a cada pessoa e todos teríamos medo uns dos outros e andaríamos contentes da vida, só que na vida real as coisas não funcionam assim, na prática o mundo transformar-se-ia num gigante palco de guerra, medo, opressão e violência.

Só um lunático com os bolsos cheios pelas empresas de armamento é capaz de equacionar este tipo de solução e ter a petulância de a proferir perante o mundo.

Talvez um dia ele seja vítima da sua própria política doméstica pro armamento, entretanto espero que não sejamos todos vítimas das suas políticas externas, porque equipar misseis com bombas nucleares pode ser o primeiro passo para que o mundo termine tal como o conhecemos.

Preocupa-me a sustentabilidade do planeta, mas com líderes destes temo que não cheguemos a esse ponto, pois uma guerra poderá terminar com a vida do planeta muito antes.

 

Sustentabilidade

Sustentabilidade a palavra de ordem do século 21, a palavra da moda, ouvimo-la em discursos políticos, em palestras de economia, nas aulas, nas notícias, nos estudos, escrita nas missões das empresas, impregnada nos objetivos empresariais e pessoais, o crescimento sustentado é a solução para todos os problemas, o santo Gral da economia, do capitalismo, do sucesso.

 

Vivemos e respiramos para a sustentabilidade, mas esquecemo-nos da sustentabilidade mais importante, a sustentabilidade da vida.

 

Não me refiro à sustentabilidade da nossa vida, a essa série de eventos que acontece entre o nascimento e a morte de uma pessoa, essa vida nada mais é que uma gota que cai na terra instantaneamente absorvida e esquecia, matéria que se transforma e reintegra, uma infinidade de nada na vastidão do Universo, um mícron no tempo dos Planetas.

Refiro-me à vida na verdadeira ascensão da palavra, a todos os seres vivos, ao ecossistema terrestre, ao Planeta azul o único planeta vivo que conhecemos, a única sustentabilidade que nos deveria preocupar neste momento é a da Terra.

 

O único ser vivo com consciência, o humano, é o mais limitado, somos e fomos capazes de grandes feitos, a evolução da nossa espécie até aqui é mais fácil de explicar através de um milagre do que pela ciência, e no entanto com tanto conhecimento, tanta ciência, tanta tecnologia somos tão limitados e tão ignorantes, estupidamente certos que o importante é o tempo que aqui passamos mesmo que para isso em vez de deixarmos um legado, deixemos um rasto de destruição, tão presos ao nosso bem-estar e egoísmo que escolhemos ignorar o que se passa à nossa volta, contribuindo para o esgotamento, desastre e colapso do mundo.

Tenho vontade de rir quando vejo as pessoas preocupadas com a subida dos juros ou com a possibilidade de uma nova crise económica, ainda mais me rio quando se preocupam em ter dinheiro para o telemóvel mais recente ou quando perdem tempo em comparações de poder económico, cegas pela vaidade e pela ganância, afinal não basta ter dinheiro é preciso que os outros saibam que o têm.

 

Ontem chorei ao ver as imagens do conflito em Ghouta Oriental, senti-me pequenina, insignificante e petulante por estar confortavelmente sentada no sofá, com alguém que amo ao meu lado, depois de um jantar farto após um dia de trabalho produtivo, senti-me encolher perante aquela realidade atroz, o que fazemos? Continuamos as nossas vidas, afinal temos os nossos próprios problemas, os nossos dilemas e não podemos estar sempre a pensar nas desgraças do mundo, é isso que dizemos a nós próprios para conseguirmos fechar os olhos e dormir um sono descansado.

Não dormi bem, estava demasiado agitada, nem o filme que vi depois me fez desligar daquelas imagens, do menino que gritava desamparado e inconsolável.

 

Poderíamos preparar um mundo melhor para todos, mas os homens preferem brincar a quem tem mais poder, quem é que assusta mais, mais parecem que estão no wc do infantário a medir os órgãos genitais.

Enquanto a guerra e a fome assolam países inteiros, quando acontece um genocídio em pleno século XXI acobertado por um Nobel da Paz, continuamos impávidos e serenos e se a morte e desgraçado dos outros não nos afeta, a ameaça de morrermos à fome deveria, mas o que nos preocupa realmente é saber se amanhã chove ou faz sol.

 

O Planeta Azul deixou de sustentável, deixou de conseguir providenciar fartura para a nossa fome insaciável de tudo, exploramos desenfreadamente os seus recursos naturais e damos-lhe lixo, uma troca injusta e impossível de sustentar, por mais espetacular e fantástico que seja o nosso ecossistema, há limites e nós há muito que os ultrapassamos.

Hoje, nem que seja só por hoje, não estou preocupada com política, economia, dinheiro, estou preocupada com a sustentabilidade da Terra, pensativa, inquisitiva, será este mundo que queremos deixar para as próximas gerações, merecerão os nossos descendentes herdar esta sociedade consumista e egoísta?

 

Em breve teremos uma crise do bem mais essencial à vida, teremos uma crise de água potável, mas ninguém parece realmente preocupado, ao mesmo tempo culturas estão ameaçadas pelo aumento da temperatura global, os oceanos e consequentemente os peixes estão poluídos, o consumo excessivo de carne de vaca está diretamente ligado à destruição da camada de ozono, temos culturais intensivas de cereais transgénicos, uma desfloração excessiva afeta a qualidade do ar, estamos a matar o pulmão do mundo, mas o que interessa é saber quem é mais perigoso e quem manda mais.

Somos tão pequeninos, tão inconsequentes, crianças mimadas e egoístas, somos os criminosos que nunca serão julgados, cujos crimes só serão reconhecidos quando formos pó, passado e nada.

 

Talvez sejamos ainda julgados, talvez seja ainda neste século que a catástrofe natural e ambiental nos esmague na nossa insignificância, talvez tenhamos de enfrentar os crimes que cometemos, o dia do juízo final não será ministrado por uma entidade celestial, mas uma entidade celeste, o nosso próprio planeta.