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Língua Afiada

Robles sem bússola moral

Repetir até à exaustão que Ricardo Robles não cometeu nenhuma ilegalidade não muda, nem mudará a sua situação, dizer e apregoar uma coisa e fazer exatamente o oposto não é ilegal, é incoerente, é irresponsável, é eticamente reprovável, é enganador e é desonesto, nem todas as ações desonestas são punidas pela lei, mas deveriam ser punidas pela moral e ética coletivas.

Infelizmente, em Portugal, a classe política escuda-se das suas obrigações morais na lei, uma prática transversal a todos os partidos, refugiam-se na legalidade das suas ações mesmo quando fazem exatamente o oposto que advogam, enganando os cidadãos no geral e os seus eleitores em particular.

Deveríamos enquanto povo ter tolerância zero para esta e outras situações semelhantes, não admitindo comportamentos desonestos por parte de quem deveria ser um exemplo de integridade, honestidade e ética.

 

Infelizmente também o povo se habitou a perdoar facilmente estes comportamentos desonestos, como se a mentira e o engano fossem normais, esta desculpabilização das pessoas, dos políticos é um cancro na nossa sociedade que é preciso combater urgentemente, é preciso responsabilizar as pessoas pelo que dizem e pelo que fazem, exigindo uma conduta que respeite a moral e os bons costumes tantas vezes citados na lei.

A responsabilidade de um político não se esgota na lei, ultrapassa-a e deve estar presente em todas as esferas, precisamos de políticos verdadeiros, francos, íntegros que defendam o que realmente acreditam e não o que o eleitorado quer ouvir e que sejam coerentes com o que defendem.

Nestas situações não podemos agarrar-nos às cores, a imoralidade está a acima de qualquer cor, credo, laço, não podemos justificar tudo com ataques pessoais, com tentativas de denegrir, devemos, temos a obrigação de defender a verdade, a justiça, a honestidade e não inventar desculpas e escusar-nos na lei e em outros maus exemplos.

 

Anseio pelo dia em que não se tente justificar o injustificável com política, com a falácia do são todos iguais, pelo dia em que independentemente da sua origem, ligações e poder se responsabilize quem não cumpra o seu dever moral, quem engane e quem manipule mentes e corações com o simples intuito de ser eleito.

Ricardo Robles não tem condições para continuar a exercer o cargo de vereador porque mostrou não ter bússola moral num dos temas mais relevantes da cidade que representa.

Gentil Martins é um “estupor moral”

Dr. Gentil Martins esta é a minha opinião sobre si e nada tem a ver com os seus excecionais méritos na medicina, nem com os seus esforços na luta pela causa dos médicos.
Esta minha opinião refere-se apenas às suas declarações sobre o recurso a uma “barriga de aluguer”, à homossexualidade, ao aborto e à eutanásia.


Depois das declarações que fez na entrevista ao Expresso não pode ser considerado um exemplo por ninguém, especialmente pelos seus pares, felizmente que eles não se reveem nas suas palavras e há até duas médicas que pretendem apresentar queixa contra si.


A sua preocupação com que o mundo acabe não só é uma desculpa idiota como contraditória, pois no caso extremo de todos virarmos homossexuais não deixariam de existir mulheres e homens, caso não tenha conhecimento o amor entre o mesmo sexo também acontece entre mulheres, além disso na eventualidade da raça humana terminar só estaríamos a fazer um favor ao Mundo que duraria assim bem mais anos do que aqueles que durará sob o domínio e exploração dos humanos.


É extremamente infeliz que um médico classifique a homossexualidade  como “uma anomalia, um desvio de personalidade”, só falta a seguir recomendar tratamento com choques elétricos, mas para além da infelicidade da declaração, neste caso não se trata de opinião mas sim de um erro, já que esta teoria de anomolia e desvio de personalidade foi há muito descartada pela comunidade científica.

 

Ser contra o aborto sem qualquer exceção revela uma falta de empatia tremenda e uma obsessão, já que é desumano por exemplo obrigar uma criança a ter um filho do próprio pai cuja gravidez constitui um perigo para a sua própria vida, isto só para citar um exemplo onde o aborto nem deveria sequer ser opção.
É determinantemente contra a eutanásia, diz que vai contra a constituição, pois manter alguém vivo contra a sua vontade também é, já que o estamos a privar de exercer a sua liberdade.


Para alguém que é tão a favor da vida parece estranho ser contra a “barriga de aluguer” já que é a forma que muitas pessoas encontram de realizar o sonho de serem pais e mães e imagine-se dar continuidade à raça humana, que parece ser uma real preocupação para si.
Diz que toda a criança tem direito a ter uma mãe, como se isso fosse garantia de alguma coisa, como se o mundo não estivesse pejado de mães negligentes.


O que todas as crianças têm direito é a serem felizes, independentemente do tipo de família, seja monoparental, seja com dois pais ou duas mães, seja com um pai e uma mãe, o que é realmente importante é assegurar que a criança seja bem cuidada, que tenha acesso a educação, saúde e bens essenciais.
Continue a viver na sua ideia idílica de uma sociedade perfeita, onde existem bebés abandonados, dados para adoção, mães que matam recém-nascidos, pais que violam filhos, pais que matam filhos e esposas, crianças a morrer à fome, pedofilia, violência doméstica, assassinatos passionais, entre outros crimes hediondos perpetrados no seio da família, até dentro da família católica, mesmo no seu cerne, no Vaticano, que tanto preza.


Com tantos crimes e injustiças no mundo o que interessa dizer é que se é contra a homossexualidade, contra o aborto e contra a eutanásia. E, claro não esquecer, apelidar de estupor moral Cristiano Ronaldo por ter recorrido a uma “barriga de aluguer” para ter filhos.


Já agora gostava de lhe perguntar o que diria a uma criança cujos pais abandonaram numa instituição, mas que não abdicaram do direito da parentalidade?
Dir-lhe-á que tem direito a ter uma mãe e um pai, mesmo que eles sejam os maiores estupores à face da terra?


O que todos temos direito é à liberdade de viver como queremos, com quem amamos e de morrermos com dignidade, desde que respeitemos a liberdade dos outros.


Assim como temos direito de recorrer a todos os avanços da medicina disponíveis, pois cada um tem as suas próprias objeções de consciência, não precisam das suas lições de moral.


Curioso que não vejo este desdém quase generalizado por uma mulher que recorra a um banco de esperma! Então as crianças não têm direito a um pai!?

Estamos rodeados de falsos moralistas e hipócritas.