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Língua Afiada

Corpo saudável X Corpo Plus Size

Vivemos tempos inusitados e este combate é um dos combates do século, de um lado a promoção de um corpo saudável proveniente de hábitos alimentares saudáveis aliados a exercício físico, do outro a inclusão de corpos “Plus Size” na moda.

Não deixa de ser paradoxal que o Estado, não só em Portugal, mas em vários países tenha de intervir com recomendações e até mesmo legislação, em alguns casos, para que as pessoas tenham hábitos alimentares saudáveis e evitem doenças como a Diabetes e a Hipertensão prevenindo gastos desnecessários em saúde que poderiam ser facilmente evitados.

 

Vejo muitas pessoas a reclamaram cuidados dentários gratuitos, o facto de essas pessoas serem as mesmas que dão de lembrança gomas nos aniversários os filhos de dois anos não deixa de ser curioso.

Nunca existiram tantas recomendações, tantos alertas, tantos estudos sobre alimentação e a sua importância, nunca a informação esteve tão acessível, o que fazemos com ela? Guardamo-la numa gaveta bem distante do nosso cérebro, fechamo-la e deitamos fora a chave.

 

Paradoxal é também que se reclame a presença de modelos “Plus Size” no mundo da moda, a moda deve ser inclusiva e pessoas com excesso de peso devem poder comprar as roupas que bem entendem, curiosamente as marcas esquecem-se muitas vezes desse mercado, um mercado bem vasto infelizmente, mas devem reclamar a presença de modelos “Plus Size” na divulgação dos produtos?

Se faz sentido que se divulgue por a oferta existir, falando puramente do negócio, faz, convém informar o nosso público que temos produtos para ele, mas fará sentido pelo lado da mensagem? Fará sentido promover o “Pus Size” só porque ele existe? Fará sentido promover o “Plus Size” como sendo o exemplo de um corpos reais, normais?

Não devemos excluir as pessoas com base nas suas caraterísticas físicas, mas devemos inclui-las só por isso?

 

Quando é que começou a ser mau ser-se alto e magro? Não estamos a avaliar se as modelos fazem sacrifícios ou até loucuras para manterem o corpo esbelto, estamos a referir-nos a pessoas magras no geral? Elas por acaso fizeram cometeram algum atentado à sociedade por terem nascido assim ou por se alimentarem corretamente e fazerem exercício físico e por isso manterem-se magras e saudáveis?

Serão menos reais, menos normais, as mulheres que são magras?

Todos os dias somos bombardeados com sugestões e recomendações para sermos saudáveis e depois somos confrontados com notícias como esta da Vitorias’s Secret que lançou uma campanha de inclusão com uma modelo “Plus Size”, mas que não é um “Plus Size” suficientemente grande para agradar ao público, a modelo escolhida Ali Tate-Cutler, que veste o tamanho 46, não é suficiente porque para uma grande parte das pessoas o 46 nem sequer devia ser considerado “Plus Size”.

 

Escrevi “Plus Size” entre aspas porque não sei o que considerar plus size, já que o tamanho 46 em algumas pessoas pode significar obesidade e noutras um peso normal, dependerá muito da estrutura física da pessoa, mas a modelo selecionada Ali Tate-Cutler parece-me estar na medida certa para uma campanha de inclusão, é curvilínea, não sendo gorda, não é de todo magra e tem um aspeto saudável.

Saudável, saudável é a palavra mais importante, promover a inclusão e acima de tudo não fazer com que as pessoas se sintam mal no seu próprio corpo é importante, mas para que as pessoas se sintam bem não é, não pode ser necessário promover o excesso de peso como normal, porque não é, se fosse não seria chamado de excesso.

Não entendo esta perseguição aos corpos magros, na minha adolescência e juventude sempre fui bombardeada com corpos perfeitos, peles imaculadas e não foi por isso que ficamos obcecadas com essa ideia, é claro que algumas adolescentes sofriam, aliás todas as adolescentes encontram defeitos no seu corpo, mesmo que eles não existam, mas não havia esta necessidade de afirmação dos corpos “reais”.

 

Esta é mais uma consequência das redes sociais, as pessoas perceberam que afinal um corpo saudável não está só ao alcance das geneticamente abençoadas e às famosas, não faltam exemplos de casos de sucesso de pessoas comuns que fizeram uma verdadeira revolução nas suas vidas para serem saudáveis e magras. Esta recordação constante de que é possível, chateia, mete o dedo na ferida, lembra-nos que afinal há um caminho alternativo, mas como esse caminho é muitas vezes penoso e requer muito sacrifício é mais fácil atirar pedras às pessoas magras e defender que ditos corpos “reais”.

Gosto de pessoas bem resolvidas, que dizem eu sei que podia ser mais magra e mais saudável, mas não me apetece fazer esse sacrifício em vez de arranjarem desculpas esfarrapadas, com as devidas exceções, nomeadamente problemas de saúde todas as pessoas podem ter um peso saudável.

 

Tenho neste momento 10 kg a mais, fui mãe recentemente e não é por isso que justifico esses 10kg, não posso propriamente fazer dieta, mas posso fazer exercício, não faço, posso fazer escolhas mais saudáveis na alimentação, muitas vezes também não o faço, se teria de abdicar de outras coisas para o fazer, sem dúvida, mas com esforço tenho essa possibilidade, se é preciso muita força de vontade e foco, é!

Não pensem que todas as pessoas magras são magras só porque sim, muitas delas conseguem manter o peso porque são disciplinadas e o melhor de tudo é que essa disciplina é ter um modo de vida saudável.

Não critiquem quem é gordo, quem tem excesso de peso, quem é obeso, mas para defender essas pessoas não ataquem as pessoas magras é um contrassenso e uma hipocrisia.

Efeitos secundários positivos

Uma doença seja qual era for é má, quando nos dizem que a partir de agora teremos de tomar medicação durante toda a vida é assustador. O meu problema não é grave e a medicação funciona como cura, mas também de prevenção, mas como todos os medicamentos tem efeitos secundários e se a adaptação à medicação é penosa, também tem os seus efeitos positivos.

 

O médico avisou-me que as primeiras semanas seriam complicadas e que o processo se repetiria sempre que aumentasse de dose até à dose recomendada, avisou-me para que não desistisse, certificou-me que os efeitos negativos passariam ao fim de alguns dias, a verdade é que passaram, mas foram dois meses muito complicados com náuseas, enjoos, sabor metálico na boca e uma má disposição geral que me deram vontade de desistir, não desisti porque o médico me disse para aguentar, que teria de aguentar e aguentei.

 

O médico disse-me também que provavelmente perderia peso de forma gradual, mostrou algum receio porque não sou visivelmente uma pessoa com peso a mais, mas assegurei-lhe que tinha cerca de 10kg extra, não pareceu acreditar e disse-me que não perderia tanto, 1 ou 2 kg nos primeiros meses e depois perderia mais alguns kg gradualmente.

Não consegui evitar sorrir, porque nunca entendi como comecei a acumular peso, não me parecia natural do meu corpo acumula-lo, quer pelo metabolismo, quer pela minha genética, sempre achei que o aumento progressivo de peso que fui tendo ao longo dos anos não tinha sido normal porque se mudanças fiz no meu estilo de vida foram para uma vida mais saudável.

Comentei com o Moralez - Gostava tanto de perder os 10kg.

Ele logo me respondeu para não ter esperanças tão altas que provavelmente não perderia tanto, não se perdem 10kg facilmente.

 

Praticamente um ano após a primeira consulta perdi 8kg passei de 64 kg para 56kg, já não me recordava de pesar 56kg, faltam apenas 2 kg para ter o meu peso ideal, os 54kg.

É claro que os 2kg que tenho a mais estão alojados nas zonas mais complicadas, barriga, rabo e ancas, nada que algum exercício físico não ajude a queimar.

 

Pensei sinceramente que os efeitos positivos ficassem por aqui, mas eis que ontem reparei em algo inacreditável, algo que julguei nunca mais ver no espelho, fiquei tão estupefacta que pensei que eram os meus olhos que estavam a ver mal, que era da luz, ou algum efeito ótico estranho, corri para ao pé do Moralez a perguntar se ele estava a ver o mesmo que eu.

Ele confirmou e eu continuava sem conseguir acreditar, a minha celulite tinha diminuído significativamente, muito significativamente, assim ao estilo milagre, um dia estava lá, no outro não estava.

 

Não me perguntem como não reparei na evolução, não reparei, é claro que deve ter sido um processo gradual, mas não me tinha apercebido até ontem ficar incrédula sem acreditar no que os meus olhos estavam a ver no espelho, aperta aqui, aperta acolá e realmente ela particamente desapareceu.

Como disse o Moralez – Nem tudo é mau!

 

Têm sido dias, meses, anos complicados, isto é insignificante no que toca à saúde, mas não deixei de durante os 10 minutos seguintes ficar imensamente feliz.

Do mal, o menos alguns efeitos secundários são positivos.

Vá podem roer-se de inveja.

 

Nota: Não mencionei o nome do medicamento, nem mencionarei porque não quero que alguém caia em tentação de o comprar para emagrecer, pois não é essa a sua finalidade.

O dilema de perder peso

Há poucas mulheres que conheço que não gostavam de perder uns quilogramas, mesmo que fosse em locais específicos, quase todas gostavam de tirar daqui e colocar ali, isto nada tem a ver com aceitar ou conviver com o seu corpo, é mais uma questão de querer estar na forma que julgamos ser a melhor para nós, que muitas vezes é utópica, mas nós somos sonhadoras e não há nada de mal com isso.

Quando a balança desce é toda uma alegria que muitas vezes é mesmo exteriorizada com pulos, gritos ou apenas com um sorriso de orelha a orelha, mas, salvo raras exceções, sentimo-nos felizes quando o número da balança diminui.

 

A felicidade é proporcional ao número de kg perdidos e a desilusão seguinte também.

Perdemos 2,3, 4, 10 kg que maravilha, sentimo-nos literalmente mais leves até olharmos para o roupeiro.

A nossa roupa teima em fazer o oposto de nós, encolhe quando esticamos e estica quando encolhemos e de repente não há uma única peça no roupeiro que nos assente bem.

Até aquele conjunto infalível que usamos quando não sabemos o que vestir nos fica mal.

 

Dilema seguinte correr a renovar o guarda-roupa ou esperar para estabilizar o peso?

E se compramos roupa nova e depois regressamos ao peso anterior?

Vale a pena gastar uma fortuna em roupa nova e gira que depois ficará a ganhar pó?

Manter o peso e a silhueta ao longo dos anos é o melhor caminho para poupar dinheiro e ter um guarda-roupa de qualidade, pois se o nosso peso é estável podemos investir em peças mais dispendiosas.

 

No meu caso fui ganhando uns kg com os anos e quando dei conta tinha mais 10kg do que devia, se nas partes de cima fui conseguindo manter quase todas as peças, o mesmo já não se passa com as partes de baixo que tenho de ir comprando conforme o peso.

Ao longo deste ano perdi 4kg e parece-me que nestas últimas semanas devo ter perdido mais 1 ou 2 ainda não me pesei, mas não preciso, não tenho um único par de calças de ganga que não me fique a nadar.

Se estou feliz?

Muito.

O problema?

Preciso de comprar roupa, especialmente calças e não sei o que fazer já que por um lado tenho receio de recuperar peso e por outro tenho receio de continuar a emagrecer.

 

Isto tudo acontece quando decidi de uma vez por todas comprar apenas peças de qualidade, tem sido uma luta, mas tenho conseguido, quase sempre, comprar apenas peças que preciso e com bons tecidos e acabamentos.

Enquanto o meu organismo decide se encolhe, estica ou estabiliza acho que terei de fazer a vontade ao marido e usar e abusar dos vestidos que sempre se adaptam melhor às flutuações de peso.

Devíamos todas ter um peso estabelecido, saudável, que nos fizesse felizes ao longo de toda a vida e não se falava mais nisso, seria tudo muito, mas mesmo muito mais fácil.