Nunca gostei de unhas de gel, tirando os casos raros em que a profissional tem dotes de artista plástica e consegue dar-lhes um aspeto natural, a maioria não são unhas, são unharras que mais parecem saídas de um filme de terror. Se à falta de jeito para esculpir juntarmos a falta de gosto o resultado são as unhas mais parolas que alguém algum dia já inventou.
As coisas pavorosas que por aí se veem são um atentado a qualquer vista mais sensível ao pimba e brejeiro. Quando as unhas acompanham leggins a fazer de calças e soutiens cor-de-rosa à mostra claramente estamos perante um caso perdido e o melhor nem é olhar duas vezes porque o nosso sensor estético sofre. O meu coitadinho sofre imenso ao vislumbrar semelhante andor enfeitado dos pés à cabeça com excesso de detalhes, berloques, apliques e postiços e com falta de tecidos nos locais certos, enquanto tecidos que deveriam estar escondidos se mostram orgulhosos da sua presença.
Como dizia um amigo meu no outro dia:
- Quando vejo uma mulher com um soutien cor-de-rosa à mostra associo a imagem imediatamente a uma prostituta.
Depois das unhas de gel simplificaram para o verniz gel, menos horas de trabalho, mas mais idas à esteticista o que se analisarmos bem no fim do ano, as horas e o dinheiro gasto iam dar ao mesmo, a vantagem era só uma, como para o verniz gel a base era a própria unha, as unharras passaram ser menos frequentes para bem dos nossos olhos.
Experimentei, apesar de gostar do resultado do verniz nas unhas, não gostava do resultado nas unhas quando o tirava, unhas arranhadas, fragilizadas e tenho unhas fortes e resistentes, imagino quem tenha unhas de papel.
Entretanto descobri o verniz efeito gel e a minha vida mudou, quando tenho paciência para pintar as unhas o resultado é excelente, a durabilidade é maior do que o verniz normal e se estragar uma unha não tenho de ir a correr à esteticista, posso simplesmente retirar o verniz com um removedor normal, com a vantagem de que quando se remove o verniz as unhas continuam normais e sãs.
O melhor de tudo? Seca ao ar e em cinco minutos, nada de lâmpadas.
Ah as lâmpadas! As lâmpadas são o motivo deste post, é que as lâmpadas são UV, UV como os raios do sol, aqueles que raios que fazem mal e dos quais nos estamos sempre a tentar proteger e que nos fazem gastar fortunas em protetores solares, são esses mesmos.
E o que é que a mulherada anda a fazer? A meter as mãozinhas diretamente debaixo dos raios UV sem proteção sequer, ali a uma distância mínima da fonte. O meu marido, sempre atento e sábio, disse-me assim que viu a geringonça:
- Isso não faz mal? Isso são raios UV.
- Acho que não.
Não ia assumir a minha burrice assim à primeira, mas depois de pensar melhor deixei de usar e comecei a evangelizar as amigas, acham que resultou? Nada disso, continuam a usar.
É claro que o marido pensava, até ler este post, que deixei de usar a geringonça por dar muito trabalho e ser uma seca estar ali a aguardar que as unhas secassem. Amor tinhas razão.
As mãos que são, a par do pescoço, o espelho da velhice, são só a parte do corpo mais exposta, mais mal tratada e a que envelhece mais rápido e o que é que o mulherio faz? Envelhece-as mais um bocadinho à custa de andar com as unhas mais compostinhas.
Esqueçam lá isso, com as mãos enrugadas e cheias de manchas acham mesmo que umas unhas boinitas vos safam?
Se o envelhecimento não for suficiente para assustar pensem na outra consequência associada aos raios UV, o cancro, não há necessidade de agravar a propensão que todos já temos ao expor-nos a mais um fator de risco.
Se mesmo assim o espírito rebelde e aventureiro persiste em vocês coloquem ao menos protetor solar nas mãos antes de as meterem debaixo das luzes.
Ou então deixem-se disso e usem verniz normal, sem apliques, purpurinas e todas essas piroseiras.
Façam favor de divulgar esta informação, não, não é pela saúde das mãos, é mesmo pela saúde dos meus olhos, que dispensem olhar para unharras.