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Língua Afiada

Explicado o meu cansaço

Pedi ao departamento de recursos humanos um mapa com os dias de férias para perceber com quantos dias ficaria para o próximo ano.

Até ao fim do ano e contando com as duas pontes de Dezembro e o dia 26 de Dezembro, dos 24 dias de férias gozar em 2016 (22 de lei + 2 de bónus) tenho apenas 15 dias marcados, é verdade que gozei 3 dias no primeiro trimestre, dias respeitantes a 2015, mas mesmo assim até ao final do ano só conto com 18 dias de descanso.

 

Ao olhar para o meu plano de férias verifiquei que praticamente não fiz pontes e que apenas tive um período de férias longo de 2 semanas seguidas, até a outra semana completa que tinha marcado teve de ser interrompida por uma reunião de trabalho inadiável.

Está aqui a explicação para o meu cansaço, este ano só consegui desligar do trabalho a sério uma vez, uma única vez, só uma única vez fiquei fora do trabalho mais de 4 dias consecutivos, é pouco, muito pouco.

 

Estava indecisa em tirar férias no dia 2 de Dezembro porque tenho muito trabalho a fazer, muitas coisas para decidir, tentar conciliar férias com o marido que não tem esse dia, mas olhando agora para o meu calendário percebo a minha vontade de delegar o trabalho para segundo plano e ficar em casa, preciso mesmo de descansar.

Irei aproveitar as pausas de Dezembro para retemperar energias para entrar em 2017 com energia.

 

As pausas ao contrário do que muitos apregoam contribuem para a produtividade, é importante que os trabalhadores descansem para serem mais produtivos, nas profissões mais criativas essas pausas assumem uma importância ainda maior, já que é necessário arejar, ver coisas novas, sair da zona de conforto e quebrar a rotina.

O calendário de 2017 promete mais dias de descanso, teremos vários fins-de-semana prolongados e várias possibilidades de pontes, a primeira resolução que faço para o próximo ano é fazer mais pausas, desligar mais vezes e de preferência por períodos mais prolongados e usar as paragens para viajar e quebrar a rotina.

A beleza real no Calendário Pirelli

O fotógrafo alemão Peter Lindbergh foi o escolhido para realizar a 44ª edição do lendário calendário da marca Pirelli.

As protagonistas são 14 atrizes bem conhecidas: Jessica Chastain, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Rooney Mara, Helen Mirren, Julianne Moore, Lupita Nyong'o, Charlotte Rampling, Lea Seydoux, Uma Thurman, Alicia Vikander, Kate Winslet, Robin Wright e Zhang Ziyi.

 

O título escolhido foi "Emocional" e Lindbergh garante que não é um calendário "sobre corpos perfeitos, mas sobre a sensibilidade e a emoção, desnudando a alma das protagonistas, que ficam mais nuas do que o nu” e diz que o objetivo é “lembrar a todos que existe uma beleza diferente, mais real e autêntica, e não manipulada pela propaganda ou outra coisa qualquer. Uma beleza que fala da individualidade, da coragem de ser quem se é e da sensibilidade”.

 

Na minha opinião, este é um dos mais belos calendários da marca porque se centra na pessoa e não na sua imagem, pelas imagens de divulgação percebe-se que o fotógrafo quis realmente fotografar a alma das protagonistas e é possível ver o seu carisma nas fotos.

Isto sim é beleza real de mulheres reais, totalmente diferente das parvoíces que nos têm andado a impingir, desde as campanhas de uma marca de beleza até aos modelos XLL, a beleza real vem de dentro e espelha-se no rosto.

Fotografias cruas, autênticas, despretensiosas, onde as formas são relegadas para segundo plano dando lugar à mensagem, à aura, à sensibilidade e à singularidade de cada uma das protagonistas.

 

A edição de 2016 já quebrou com a tendência, pessoalmente acho que este ano o calendário fica a ganhar pela elegância e pela demonstração de que não é preciso chocar para passar a mensagem.

 

Ações como esta fazem realmente diferença na mudança de mentalidades, há um longo caminho a percorrer contra a objetificação da mulher, sem dúvida que a Pirelli ao abdicar do seu calendário mundialmente famoso e reconhecido pela beleza e sensualidade das intervenientes é um passo gigantesco.

 

Parabéns Peter Lindbergh é preciso muita sensibilidade para captar a sensibilidade os outros.

 

Algumas das fotos:

 

 O vídeo do backstage:

Há males que vêm por bem

Este ditado popular sempre me soou a consolo, tal como o “Boda molhada, boda abençoada”, parece ser uma espécie de conforto às pessoas pelas suas desilusões.

O ser humano tem uma espécie de condescendência para o mal, temos uma certa resistência em aceitar as coisas más, mesmo quando morre um ente querido justificamos a morte com frases feitas “acabaram-se os seus trabalhos”, “não sofre mais”, “agora está em paz”, mesmo que por dentro sinta-mos revolta pela sua perda.

 

"tentar encontrar sentido no mal"

 

Temos a mesma reação com outros problemas e obstáculos da vida, a nossa forma de resignação ao que não conseguimos mudar é tentar encontrar sentido no mal, é procurar o lado positivo do negativo, fazemos uma espécie de balanço para continuarmos equilibrados.

Quando a balança é carregada com demasiados pesos negativos sentimos dificuldade em equilibra-la e sentimo-nos tristes, perdidos, curvamo-nos um bocadinho e seguimos cabisbaixos com o peso que acarretamos nas costas.

 

“depois da tempestade vem a bonança parece uma miragem"

 

Há alturas na vida em que não há frases feitas que nos ajudem, o típico “não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe” deixa de fazer sentido, a máxima que “depois da tempestade vem a bonança” parece uma miragem, pois sentimos que o mal, os infortúnios sucedem-se uns aos outros sem nos darem tempo de respirar.

Dos males que nos acontecem existem aqueles a quem não conseguimos atribuir culpas, acidentes, avarias, peripécias próprias da vida, mas há outros que têm culpados, culpados assumidos e convictos, porque há pessoas que descaradamente e despudoradamente vivem para fazer e ver o mal dos outros.

Motivadas por inveja, cobiça, maldade, mesquinhez interferem na vida dos outros como se as pessoas fossem marionetas num espetáculo que controlam ao seu ritmo, sem respeito ou consideração pelo que as suas atitudes vis fazem à vida dessas mesmas pessoas, que não são bonecos de madeira e trapos, são carne, ossos e sangue com ideias, sentimentos e pensamentos.

 

"às vezes sentimos vontade de pagar na mesma moeda"

 

Mas o ser humano é condescendente, as pessoas que veem a sua vida invadida por meliantes mal-intencionados são quase sempre as mesmas que relevam, seguem em frente, sem rancor, pois a mágoa faz-nos mal, enquanto isso os patifes seguem impunes e confiantes que são intocáveis.

Sentimos pena dessas pessoas, dizemos que são tristes, e a verdade é que são, somos complacentes, damos-lhes desprezo, no fundo é o que merecem, mas às vezes sentimos vontade de pagar na mesma moeda, sentimos vontade de perder preciosos momentos da nossa vida a planear um ataque, pois esperar que a vida lhes pague pode não ser suficiente, às vezes a sede de vingança é mais forte.

 

 

" a melhor vingança que lhes podemos dar é a nossa felicidade"

 

É neste ponto que devemos ser fortes e não ceder, a melhor vingança que lhes podemos dar é a nossa felicidade, o nosso sucesso, o nosso triunfo na vida.

A melhor vingança é a elegância do desprezo seguido da confiança nos nossos princípios, da certeza que somos mais, melhores e superiores à sua mesquinhez, é seguirmos confiantes e altivos e acima de tudo felizes e de consciência tranquila.

Alguém me disse que mais tarde ou mais cedo quem é bom, quem é esforçado, quem é competente, quem é amigo, quem é responsável seria recompensado de uma forma de outra, que a vida haveria de compensar os justos e os bondosos.

Respondi-lhe sempre que a vida não é assim, que a vida é injusta, que as coisas não assim tão simples e lineares.

 

"o esforço e a dedicação compensam"

 

Enganei-me, enganei-me redondamente, a vida em dois meses fez questão de me mostrar que o esforço e a dedicação compensam, que até quando pensamos que tudo desmoronou é possível sermos surpreendidos e sermos reconhecidos.

Há males que definitivamente vêm por bem, a sede de vingança e inveja de alguém fez com que um projeto que estava a nascer torto, imperfeito e defeituoso morresse para dar lugar a um projeto bem construído, bem alicerçado e com a visão e a missão certas.

 

A minha vida está longe de estar onde eu esperaria que estivesse a esta altura, mas é de pequenos passos que se constrói o caminho, e passo a passo, de conquista a conquista, lá chegarei.

 

"Há males que vêm por bem" e eu tenciono agarrar esse bem com unhas e dentes.

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