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Língua Afiada

321… Férias

A contar as horas, os minutos, os segundos para entrar de férias.

Umas férias que apesar de não estarem programadas vieram na hora certa.

Tudo o que quero agora é recarregar baterias para ter de volta a energia que tanto me carateriza.

O fim-de-semana foi tão preenchido que tenho a sensação que nem existiu, mas um preenchido em bom, é sempre um bálsamo estar com velhos e bons amigos.

Hoje é dia de afinar detalhes, no trabalho está tudo encaminhado, agora é só fazer o plano da viagem e a mala… só de pensar neste detalhe dá-me um arrepio.

O importante é que hoje às 18h estou oficialmente de férias o resto resolve-se, resolve-se sempre.

Combustível? Café

Nos últimos dias tenho ultrapassado a minha dose de café recomendada, tem sido a única forma de espevitar a mente o suficiente para conseguir dar conta do trabalho.

Na quarta-feira tive uma reunião de trabalho após o jantar, tive mesmo que tomar um café para conseguir articular as ideias de modo a expor convenientemente a minha opinião.

Ontem a seguir ao almoço tomei praticamente dois cafés seguidos, tal era o estado letárgico do meu cérebro, precisava da mente desperta e não conseguia concentrar-me.

Em outras ocasiões iria recorrer a snacks, possivelmente chocolate, mastigar também acorda, mas como meti na cabeça que esta dieta é para cumprir não quero ceder a tentações.

Hoje estou em modo zombie, não imaginam a dificuldade que estou a ter para escrever este texto, mas precisava de começar a exercitar a mente e digamos que é melhor cometer gafes no blog do que em textos importantes.

Acho que vou tomar mais um café.

Viver no campo não é só flores

Quando pensamos no campo, pensamos nos jardins floridos, nos campos verdejantes, nos riachos de água cristalina.

É maravilhoso acordar com o chilrear dos pássaros, é encantador receber as andorinhas na Primavera, é um deleite sentir o aroma das fresas e da lavanda e o cheiro a terra quente acabada de regar.

É um privilégio ter um jardim onde habitam borboletas e joaninhas, onde há uma família residente de ouriços-cacheiros, ter árvores onde se constroem ninhos de melros e pardais e receber a visita de gaios, bicos-de-lacre e pintassilgos.

É um bálsamo ouvir nas noites quentes de verão grilos e reza-rezas em rituais de acasalamento enquanto admiramos a luzes mágicas dos pirilampos que rivalizam com o céu estrelado.

Nada é mais gratificante do que colher frutos das árvores e legumes da terra, não há sabor igual ao do que é cultivado no quintal de casa.

Não há nada mais calmante que um infinito campo de erva verde pintalgado de malmequeres e papoilas, ou sensação maior de liberdade que atravessa-lo a correr e deixar-se cair numa cama de erva fofa.

Esta é a ideia romântica que temos do campo e é por tudo isto que adoro viver junto à cidade, mas no campo.

 

Mas há todo um lado desconhecido e atroz no campo.

 

Os ninhos de vespas à espreita em qualquer canto, onde aguarda um exército sempre pronto a devorar-nos.

As nuvens de insetos minúsculos que teimam em entrar-nos pela boca e pelo nariz.

Os caracóis e as lesmas que compensam a sua lentidão em astúcia, aparecendo à socapa pela calada da noite devorando tudo o que encontram, não há erva aromática que lhe sobreviva, porque não comem ervas daninhas, gostam de folhas tenras e saborosas.

As centopeias que escalam paredes e se esgueiram por qualquer frincha dando-me pesadelos com as suas infinitas patas imundas.

As melgas que se escondem na sombra durante o dia e de noite se transformam em vampiros famintos de sangue.

As aranhas e aranhões que teimam em fazer ninhos nos locais mais inusitados colonizando a casa inteira, aparecendo aranhas minúsculas em todos os cantos e esquinas.

Os bichos da humidade, cinzentos e nojentos que se enrolam em bolas que inexplicavelmente entram em casa e se reproduzem à velocidade de cogumelos.

É vê-los fazer do WC uma incubadora onde milagrosamente se mata um e aparecem três de seguida, talvez para velarem o irmão moribundo.

São uma praga, uma praga que não se quer ir embora e quanto mais mato, mais aparecem, cortesia da Primavera.

Viver no campo é fantástico até estarmos a braços com uma praga, quando isso acontece só penso que se era para viver na selva, melhor seria que fosse de betão.

 

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