Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Língua Afiada

No Sul não gostamos só de mulheres

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, em entrevista afirmou:

 

"Como social-democrata, considero a solidariedade um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda".

 

Referindo-se aos países do Sul da Europa, onde se inclui Portugal, apontado as mulheres e o álcool como motivos para as suas crises financeiras.

 

Em primeiro lugar, deixe-me dizer-lhe que em Portugal, e nos outros países do sul, nem toda a gente gosta de mulheres, eu por exemplo gosto de homens, eu e a grande maioria das mulheres portugueses, garanto-lhe que não gastamos um euro (tostão) em mulheres, esclarecido este ponto, vamos ao que interessa.

 

O que Jeroen Dijsselbloem tem é uma valente dor de cotovelo, não das nossas mulheres e do nosso bom vinho, também terá disso, mas do nosso povo, da nossa cultura, da nossa força.

Tem inveja da forma como fomos denegridos, rebaixados, diminuídos pelos países do norte da Europa, e que sob políticas de austeridade nunca vistas, debaixo do escrutínio do mundo, onde todos nos acusavam de despesismo, soubemos manter a cabeça erguida e, resilientes, encontramos força e coragem para continuar.

Sim, somos um povo de contrastes, temos a saudade entranhada na pele, na carne, nos ossos, na alma que nos dá melancolia, mas também temos o sol, o mar, o calor e o amor que nos aquece o coração.

Somos um povo temperado, tal como nosso clima, se é triste que nos contentemos com o que muitos acham pouco, é também um dom saber ser feliz com o que a vida nos dá.

 

É muito baixo, talvez seja por ter nascido num país baixo, aposto que não gosta destes trocadilhos, referir-se a um conjunto de países e acima de tudo de pessoas dessa forma pacóvia e brejeira, se foi uma tentativa de humor, deixe-o para os comediantes, que aos políticos exige-se seriedade e responsabilidade.

 

Pensa que por ser uma entrevista a sair ao domingo já pode usar um tom manhoso e descontraído? Não, não pode.

Não pode falar dos outros nesse tom arrogante, tolo e pacóvio e depois pedir que não o levem a mal.

 

 

 

Já os portugueses podem recorrer ao humor de dar-lhe presentes como este.

eurodeputadovscosta1.jpg

eurodeputadovscosta2.jpg

 

 

Blog a meio de uma crise existencial

Quando abri esta página em branco pensei que iria escrever sobre a minha falta de inspiração, mas será falta de inspiração? Poderia dizer que tenho escrito menos por falta de tempo, não estaria a mentir, é verdade que não tenho tido tempo para o blogue.

No entanto, falta de tempo nunca foi motivo, costumo delinear a maioria dos textos mentalmente e quando os escrevo, escreve-os num ápice, por isso tempo nunca foi grande problema.

 

Então qual é o problema?

O problema é que tenho vontade de escrever sobre coisas que não tenho desejo de partilhar aqui, pelo menos neste momento, tenho dois textos intensos, pessoais, íntimos no pensamento e enquanto esses dois temas não voarem para longe do meu pensamento não haverá grande espaço para pensar noutros.

Enquanto esses dois capítulos da minha vida não estiverem encerrados numa gaveta na minha mente, não há espaço para abrir outras gavetas.

Escrevo este texto não para me justificar, mas para me organizar, na esperança que escrevendo sobre o assunto ele se esgote.

Já várias vezes afirmei que escrevo este blog para mim, não para os outros, mas sendo ele público tenho de estar preparada para que seja lido e há coisas que ainda não estou disposta a partilhar com o mundo, por mais pequeno que o meu universo de leitores seja, o que está público, público está.

Começar um blog é fácil, dar-lhe continuidade é relativamente simples, saber que rumo, cunho e tom dar-lhe é bem mais difícil.

Poderia alimentar o blogue com breves pensamentos, com conteúdos interessantes colhidos em pesquisas em sites igualmente interessantes, poderia escrever sobre imensos temas práticos, sobre temas que recolhem aprovação junto do público, mas não foi para isso que criei este blog.

Criei este blog para escrever sobre o que me apetece, sobre o que me vai na mente, se isso interessa a quem está desse lado é apenas coincidência.

 

Sem inspiração ou sem vontade de partilhar?

Este blog atravessa uma crise existencial, não é de agora, há vários meses que não sei que rumo dar-lhe, vou escrevendo ao sabor do vento sem grande planeamento ou direção e isso irrita-me.

Porquê? Se é esse o seu propósito?

Porque quando não quero expor os meus pensamentos mais íntimos, não sei sobre o que escrever.

Tivesse o blog um rumo, um tema, um objetivo mais concreto seria bem mais fácil.

 

Para a próxima crio um blog de viagens ou de culinária para não ter dúvidas no alinhamento.

Perfil social desde pequenino

Quando nasce um bebé os pais têm de o registar, ainda recém-nascido já tem número de identidade e número de identificação fiscal, os bebés não sabem, mas já nascem devedores de uma boa maquia.

Há alguns que mal nascem já são também sócios do clube de seus pais, quando os pais são os dois do mesmo clube a situação é pacífica, quando são de clubes diferentes pode ser motivo de divórcio, alguns acabam sócios de dois clubes antes de saberem sequer o que é uma bola.

 

“É de pequenino que se torce o pepino.”

 

Este provérbio é bem verdade, é desde pequeninos que os bebés têm de aprender, ser cidadão implica logo uma série de direitos e deveres e contribuinte também, o abono que recebem tem de ser pago por eles mais tarde, porque a verdade é que ninguém dá nada a ninguém.

É também de pequeninos que têm de aprender as regras da sociedade e a sociabilizar e por isso novos tempos exigem novos hábitos e se hoje a sociabilização é virtual, bebé que é bebé tem que estar nas redes sociais para sociabilizar.

 

Os vossos filhos têm 10 anos e ainda não tem perfil de Facebook?

Pais desnaturados, como vai o miúdo sociabilizar? Falar com os colegas? Publicar fotos? Pedir vidas para os jogos?

Ah pensavam que não dava porque o Facebook só permite criar contas a partir dos 16 anos!? Esqueçam isso o Facebook está antiquado, onde já se viu só criar perfis a partir dos 16!

Um ultraje! É de pequenino, de pequenino que se devem desenvolver as competências sociais.

Adulterem a data de nascimento e criem a conta, o Facebook não se preocupa com isso.

 

E depois como o bebé vai publicar?

Não vai, publicam vocês por ele, já fazem tanta coisa por ele, é só mais uns minutos por dia, podem filmar e fotografar as suas peripécias e publicar, é claro que terão de ser vocês a escrever as frases, que eles nem sequer falam e demorarão uns anos, meses vá, a articular uma frase como deve ser.

Também não é nada que já não façam, basta ler a quantidade de dedicatórias que bebés e crianças com menos de 6 anos escreverem nos Facebooks de suas mães ainda ontem para seus pais, uma ternura.

O João de 3 meses escreveu dois parágrafos inteiros com palavras caras e tudo dedicados a seu pai, uma delícia.

É só replicarem a ideia e criarem um Facebook inteiro para a vossa prole, que é bom que não hajam misturas desde o início, o que eles pensam é o que eles pensam, o que vocês pensam é o que vocês pensam.

 

Se já é cidadão, contribuinte e sócio de um clube, porque não pode ter perfil social virtual?

Pode e deve!

Pelo menos é o que alguns pais pensam.

Juro que fiquei uns bons 5 minutos boquiaberta ao ver um perfil de uma criança de dois anos…

Fiquei mais uns 10 minutos estupefacta quando percebi que o perfil existe desde que ele nasceu!

Mas está tudo doido? Ou é que é que de repente fiquei antiquada?