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Língua Afiada

O sentido deste blog é a ironia da minha vida

Planos, ultimamente é uma palavra que me anda sempre na mente, seja porque percebi que não vale de muito faze-los, seja porque percebi que não se vive sem eles.

Parece um contrassenso?

Parece mas não é.

Porque se não vale a pena fazer planos a longo prazo, faz todo sentido traçar um objetivo, sem um objetivo não evoluímos, temos de nos projetar no futuro, vermo-nos num lugar e lutar para lá chegarmos.

O que não faz muito sentido é delinear o trajeto, podemos definir etapas, opções, mas se nos cingirmos a um plano específico quando não conseguirmos ultrapassar uma etapa, estagnamos.

(Que simplificando o que se está a passar comigo agora, que aflição.)

 

Paralelamente ao grande plano da vida, devemos ter pequenos planos, listas para nos ajudarem a simplificar as tarefas e para que nossa vida seja mais organizada.

Já tentei viver ao sabor do vento, sem um grande objetivo, mas não é para mim, resultou durante algum tempo, mas só se traduziu em frustração, na certeza que foi um grande desperdício de tempo.

Sempre tive a ideia que não nasci para viver uma vida simples, a certo ponto não sei explicar as razões, mas mudei de ideias, a minha ideia inicial de vida simples estava errada, pois o oposto não é viver uma vida complicada, mas sim uma vida diferente.

Vida diferente, uma coisa tão subjetiva, o que seria isso? Nunca soube definir, ainda não sei, o que sei é que não quero atravessar a vida apenas vivendo, sem lhe dar significado.

As nossas ilusões são a nossa prisão, a quimera que sonhamos é a armadilha na qual ficamos presos, e a vida fez questão de me mostrar que o que menosprezava por ser banal, normal, afinal não era assim tão simples, não era para todos, não era um dado adquiro.

Desprezei durante anos as coisas simples da vida, desdenhei das vidas aparentemente vazias de sentido, para ficar presa a uma das coisas que desconsiderei.

Ironia, pura ironia.

 

Sempre disse que principiei este blog porque tinha saudades de escrever e porque me ajudava a organizar as ideias, este não foi o primeiro, fiz várias tentativas antes que abandonei, comecei este blog com o propósito de ser uma sátira, mas rapidamente se transformou num emaranhado de pensamentos, desabafos, reclamações, alegrias, nunca pensei vê-lo transformado numa sátira da minha própria vida.

Agora, após todo este tempo, depois de já ter sentido várias vezes isso, tenho de admitir escrevendo-o - comecei este blog para resolver os meus dilemas pessoais, não o fiz de forma consciente, mas foi para isso que ele nasceu.

Já me tinha questionado o porquê desta vontade súbita e feroz de escrever, um vício chamei-lhe, mas não é vício, é remédio, é a cura para as inconstâncias que me assolam a mente.

Estarei com uma crise de meia-idade? Acho que é esse o nome que lhe podemos dar, é demasiado cedo, talvez seja, mas ninguém sabe quando é o meio da sua vida ou quando dará o passo para o estágio seguinte.

 

Bem sei que é uma fase, que encontrarei as respostas, que um dia tudo não passará de uma época estranha da minha vida e sei que sairei desta crise mais forte, com mais certezas, menos descomplicada, com menos planos, mas mais eficazes. Sei disso tudo, é assim com todas as pessoas e eu não será diferente comigo.

Mas o caminho tem de ser percorrido e mesmo sabendo o que me espera do lado de lá da meta tenho de fazer a corrida de obstáculos e barreiras, sei que vou tropeçar, cair, para depois me levantar, lamber as feridas e voltar a correr, mas não muito depressa porque não adianta acelerar o passo, há todo um processo pelo qual tenho de passar e apressa-lo só me atrasa realmente.

Esta minha pressa, esta minha falta de paciência, esta minha ânsia, este paradoxo de saber o resultado, mas não saber o que me espera pelo caminho é que me aflige, tanto que me baralho nos pensamentos e nas sensações contraditórias.

 

Não se espantem que um dia pense de uma forma e no dia seguinte pense de outra, a única constante na minha vida é que sou inconstante.

Ser fanática pela coerência é o presente amargo que a vida me deu, a ironia da minha personalidade, a ironia da minha vida.

Ainda sobre a Guerra dos Tornos

Não sou propriamente uma entendida no assunto, não li os livros, não leio as teorias paralelas e as explicações, mas sou bastante atenta aos detalhes.

Quando Jamie Lanister abandona King’s Landing o que aconteceu?

Começou a nevar.

Lembram-se da frase “The Winter is Coming” proferida em tom assustador tantas vezes por diversas personagens?

Porque o Inverno para além do frio traz outros perigos.

Os Walkers não demoraram uma eternidade a chegar à Muralha, eles estavam à espera que o Inverno chegasse porque precisam do frio para avançar.

Há muita coisa que se desviou dos livros, mas não inventem no que toca às viagens, eles sempre estiveram perto, só estavam à espera do tempo certo.

Até às séries já chegaram os críticos não construtivos.

Não há paciência.

Livros de Atividades da Porto Editora – Conclusão

Escrevi o primeiro texto sobre o assunto antes da publicação do relatório, antes de o fazer procurei informação sobre os livros, uma vez que não tive oportunidade de os desfolhar.

Agora após ler o relatório da Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género (GIG) a minha opinião mantem-se, não concordo com o estereótipo de associarem as atividades das meninas às tarefas domésticas, como referi no primeiro texto, mas não vejo nenhum motivo que justifique a retirada dos livros do mercado.

 

Os argumentos apresentados pela CIG foram três:

Segregação.

A comissão diz que o facto de existirem dois cadernos um para menina e outro para menino os livros estão a negar a possibilidade de as meninos e os meninos de acederem às atividades do outro sexo.

A considerarmos esta premissa verdadeira teremos de eliminar toda e qualquer situação que impeça que uma menina ou menino, homem ou mulher de usufruir de uma publicação, espaço ou objeto, desde a sua conceção á sua utilização.

Isso implica deixarmos de ter por exemplo brinquedos que nas suas embalagens tenham a imagem de uma menina ou de um menino, impedindo assim que as meninas brinquem com brinquedos de meninos e vice-versa.

Transpondo esta premissa para todo o universo das crianças, deveremos também eliminar as roupas destinadas apenas a um género uma vez que constituem uma segregação, podendo até ser considerado como discriminação não existirem vestidos e saias na secção de roupas dos meninos.

 

Reforço dos estereótipos

A CIG diz que as ilustrações reforçam os papéis estereotipados de mulheres e homens na sociedade, é verdade que as ilustradoras poderiam ter optado por usar temas mais abrangentes, remeter as meninas para o universo do lar e os meninos para a aventura é de certa forma dizer-lhes que esse é o seu lugar.

Mas não terão sido escolhidos estes temas por serem estes temas os relacionados com as atividades que as crianças desempenham na sua vida real?

Conhecerão os representantes da CIG crianças dos 4 aos 6 anos? Eu conheço e posso dizer que a sua maioria gosta exatamente dos temas que as atividades propõem.

Tal como referi anteriormente isto não é reforço de estereótipo é marketing, é adequar o produto ao seu utilizador.

Se a diferenciação de uma publicação por sexo é um estereótipo teremos então de acabar com todas as publicações que têm como público alvo só homens ou só mulheres.

Acabem-se já com as revistas femininas que definem as mulheres como fúteis, consumistas estouvadas, sonhadoras e ocas contribuindo assim para o seu estereótipo.

Acabem-se com as revistas dos jornais desportivos que definem os homens como fanfarrões, bêbedos, arruaceiros, fanáticos e ocos contribuindo assim para o seu estereótipo e deixem de lado as capas de mulheres seminuas.

 

Diferenciação por sexo do grau de dificuldade das atividades

Nos livros, segundo a CIG, comparando o mesmo tipo de exercícios existem seis atividades mais difíceis para meninos e três mais difíceis para meninas, ou seja, no fundo existem apenas três atividades mais difíceis para os meninos. Não consegui saber qual o número total de exercícios, mas é bem mais do que seis, será o rácio de três suficiente para se afirmar que as atividades no seu total são mais difíceis para os meninos?

Na minha opinião não, especialmente depois de saber que as ilustrações foram realizadas por pessoas diferentes, que ilustraram provavelmente sem terem conhecimento da ilustração semelhante constante do outro livro.

 

O meu primeiro texto era principalmente sobre a exagerada indignação e divulgação do tema, bastou uma simples pesquisa para verificar que os motivos para tal indignação eram redutores e insignificantes tendo em conta o universo das crianças dos 4 aos 6 anos, mas foram distribuídos até à exaustação pela comunicação social sem qualquer análise ou estudo com o intuito de gerar cliques, comentários, partilhas e visitas.

 

Este texto é sobre outra coisa, é sobre os limites, sobre o bom senso, sobre o que deve ou não ser escrutinado pela chancela do Estado.

Analisando os factos a recomendação da CIG é mais um ato de censura do que de defesa, é levar ao extremo o politicamente correto, sem ter em conta os hábitos e acima de tudo as preferências das crianças, retirando completamente a autoridade aos pais e educadores que têm o direito de escolher o que dar aos seus filhos e interferindo com a liberdade editorial de uma editora.

 

Já alguém parou para pensar o que isto significa? O que este ato representa? O exemplo que estabelece?

Deverá o Estado interferir nas publicações privadas fora do âmbito previsto na lei?

 

Não, não deve, porque isso significa regredir e não podemos enaltecer e promover a igualdade dos géneros atentando contra o primeiro valor a ser defendido, a liberdade, a liberdade de expressão, a liberdade de publicação, a liberdade de escolha, a liberdade de produção.

 

O mundo não deve ser dividido entre cor-de-rosa e azul, mas também não é preto e branco, é uma mancha colorida que toca muitas vezes nos extremos das duas cores, não desejemos agora que o mundo seja de uma só cor, renegando o arco-íris.

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