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Língua Afiada

Discrepâncias do tempo, do trabalho, da vida

Trabalhamos demasiado, estamos demasiado tempo fora de casa, 8h de trabalho se não nos dedicarmos a trabalhar (dar) horas extras, 1h para almoço se tivermos sorte, 1h para a viagem se trabalharmos relativamente perto de casa e lá se esgotam 10h das 24h disponíveis num dia, isto se tivermos sorte, porque as 8h de trabalho passam para 9h num ápice, a hora de almoço em muitos locais é mais extensa e hora da viagem passa facilmente para 2 horas e em vez das 10h temos 12h ou mais dedicadas ao trabalho.

 

Se isto não é viver para trabalhar, tendo em conta que estamos em 2018 e não em 1950 não sei o que será.Não podemos deixar de trabalhar e queremos ter vida, relaxar, sociabilizar, fazer coisas que nos deem prazer, onde é que roubamos tempo? Ao sono, as recomendadas 8h de sono são uma utopia.

 

Com tanto tempo dedicado ao trabalho, somando o tempo que dormimos e ainda o tempo que despendemos em situações fisiológicas e de higiene, o tempo realmente escasseia.Pessoalmente durante a semana tento ter uma rotina bem definida, mas basta sair mais tarde do trabalho, ter alguma tarefa extra para realizar ou apanhar mais trânsito que o serão deixa de ser o muito esperado tempo de lazer.

 

Não consigo deitar-me a adormecer tranquilamente sem desligar o cérebro da vida, para isso tenho de imperativamente dedicar tempo a um livro, a uma série ou filme, é a forma mais fácil de descansar, uma conversa ou um convívio de amigos também é relaxante, mas não me abstrai do meu mundo da mesma foram, afinal nada como mergulharmos noutra história para esquecermos por momentos a nossa.Durante o dia tenho o cérebro a mil, com tantas ideias a conviverem umas com as outras que por vezes é difícil focar-me e sou forçada a fazer pausas para alinhar pensamentos e definir prioridades.

 

Imaginem-se na rua perante um cruzamento em que seguem simultaneamente em quatro direções diferentes, prevendo, antecipando, planeando o que acontecerá em cada uma das direções, sobrepondo trajetos, acelerando o passo numa direção, desacelerando noutra, num malabarismo constante e num equilíbrio mental precário, um passo em falso e perdemo-nos ou enlouquecemos.

É mais ou menos isto que se passa na minha cabeça durante o dia, para complicar ao longo de cada percurso vão surgindo desvios e distrações.

 

Quando a noite cai, cai com ela a necessidade de descanso e a única forma de conseguir estar apenas numa estrada é enveredar por um trajeto alheio, um argumento que me capte por completo a atenção e me abstraia o suficiente para descansar.

Isto é um problema porque se tornou um vício que me impede de ter tempo para outras coisas, há hábitos que gostava de retomar, atividades em casa e no exterior que são igualmente tranquilizantes, mas que não me proporcionam o mesmo nível de descanso mental e por isso ficam relegadas apenas para os fins-de-semana.

 

Sinto que o tempo se esgota, se consome no tempo que trabalho, que o trabalho me suga a vida, a vitalidade, a criatividade, que não deixa espaço e tempo para viver fora dele, limita-me, cansa-me mais do que deveria.

Trabalho mais, esforço-me mais para ter uma vida melhor, roubo horas ao sono para conseguir equilibrar a balança entre o lazer e o trabalho e o que sinto é que vivo essencialmente para trabalhar.

 

Esta discrepância entre o que fazemos e o que sentimos é um grande dilema, pois o trabalho providencia o combustível da vida, sejamos sinceros sem dinheiro ninguém vive, podemos viver com menos, com pouco, mas não vivemos sem, somos reféns do dinheiro, porque somos reféns do sonho de uma vida melhor, seja lá o que isso signifique.

Não me importo de trabalhar, de me esforçar, mas gosto de ver resultados, quando o resultado não é o esperado a frustração apodera-se de mim, é triste, é desgostoso perceber que o nosso esforço quase nunca é proporcional à recompensa, mais uma discrepância.

 

No meio de tanto para fazer em pouco tempo disponível, falta espaço para a grande ideia, a ideia que resolverá todos estes problemas, mas ela chegará, estou convencida que chegará, chegam sempre quando menos espero, nos momentos mais inusitados e da próxima vez por mais ocupada, cansada e desanimada que esteja vou agarrar a ideia e coloca-la em prática, porque só se vive uma vez e pode-se viver a vida toda sem ter sequer uma única grande ideia, não há tempo para as desperdiçar.

 

A culpa é das mulheres

A propósito do panfleto distribuído em Lisboa que difama uma mulher por ter tido um caso com um homem casado.

Não vou aqui reproduzir a imagem ou sequer escrever a sua mensagem porque é um verdadeiro atentado à privacidade.

 

A mulher traída culpa a outra, a culpa é sempre da outra, às vezes é da esposa e raramente é do homem, esse ser fantástico, espetacular que pobrezinho é coagido a trair, vítima dos seus instintos mais primários sucumbe perante o charme de “Eva” a mulher sedutora e pecadora.

Às vezes penso que as mulheres sofrem do complexo do Paraíso, justificando todos os males do mundo com a sua mordida na maçã, como se tudo fosse culpa desse pecado, a mulher esse ser vil, traiçoeiro que só serve para levar os homens a cair na tentação.

Seria de esperar que nos dias de hoje as mulheres soubessem mais, soubessem que alguém que trai é porque quer, é porque tem vontade e não porque alguém seduz ou alguém negligencia.

Ver a quantidade de mulheres que apoia e aplaude esta atitude ilegal e totalmente despropositada revolve-me o estômago, há ainda uma grande maioria que embora não concorde com o ato de difamação, continua a culpar a outra pela desgraça familiar.

 

A culpa não é da outra, a culpa é das mulheres que se culpam umas às outras e lutam por homens que não merecem sequer que pensem duas vezes neles.

 

Quando há uma traição cabe ao casal decidir se há motivos ou razões para continuar, nestas situações cada um sabe de si e todas as histórias são diferentes e ninguém, ninguém tem direito de julgar seja porque a relação acabou, seja porque a relação continuou.

Independentemente do rumo da relação, a culpada nunca deverá ser a outra ou o outro, quem comete adultério é que é responsável pela sua conduta, pela traição, é essa a pessoa que não é digna de confiança.

Há a questão moral, alguém entrar numa relação sabendo que está a contribuir para um adultério é sempre uma posição dúbia, mas só entra numa relação quem é convidado ou quem encontra espaço para entrar, e se um momento de fraqueza todos podemos ter, repetir esse momento e perpetuá-lo numa relação extraconjugal é inteiramente responsabilidade de quem trai.

 

Reivindicamos a igualdade e depois numa questão tão simples, são as próprias mulheres que se atacam umas às outras, desculpando os homens, juro que não entendo, nunca consegui entender esta atitude e nunca entenderei, passam de feministas a machistas em 2 segundos.

 

Acredito que no meio do choque se possa atirar e disparar raiva para todos os lados, mas sou suficientemente adulta e lógica para saber que o maior culpado é quem trai, esse que trai muitas vezes as duas, que loucas se atacam uma à outra para gáudio do garanhão.

 

Aprendam a valorizar a vossa condição de mulher, a vossa dignidade e integridade, arrastar a vida íntima para a rua não é de todo o mais sensato e mais correto a fazer, esta vingança não atenua a raiva e o ódio, apenas causa mais estragos.

 

Espero que a esposa seja veemente punida por difamação e por violação de privacidade, expor foto, nome, morada, contacto telefónico e ainda fazer um comentário tão maldoso e mesquinho, se queria devassar a vida de alguém que fosse a vida do traidor, sempre servia de aviso a outras, agora cometer um crime por despeito, que estupidez e ignorância tão grandes.

 

A culpa é das mulheres, é das mulheres por se culparem umas às outras em vez de se unirem para dar uma lição ao espertinho que trai.

 

Para as mulheres que acham que correr atrás de um homem ou defender um homem sem escrúpulos é uma causa nobre deixo-vos aqui a opinião interessante de um homem sem problemas em dizer o que os homens pensam sobre as mulheres:

“Pare de idolatrar os homens sua pamonha”

Plágio ou Coincidência – Diogo Piçarra

No ano passado tivemos o Salvador Sobral a passar de besta a bestial, este ano temos o Diogo a passar de bestial a besta e o Festival ainda vai no adro, nem sequer chegou à Igreja, ou será que chegou?

Segundo algumas pessoas a Igreja é que chegou ao Festival pelo plágio de uma música da IURD, com tantas religiões para copiar, o Diogo foi escolher a IURD essa instituição prestigiada e sem máculas na sua reputação.

A explicação do Diogo pode parecer estranha, pois não explica nada, mas para mim faz algum sentido, faz porque assim que ouvi a música fui remetida para os tempos em que cantava no coro paroquial, o estilo, o sentimento, a forma como se pronunciam as palavras e o purismo da música lembram precisamente os cânticos do culto católico.

E não recorda uma, mas várias músicas, para além desta recordação há outra que me surge a ouvir a música, no entanto, não consegui identificar o autor, mas recorda-me uma música portuguesa da infância, quando deixar de pensar no assunto talvez o tema se avive na minha memória.

 

A música situada entre o espiritual e a canção de embalar, sofrida e emocional é o regresso a um estilo antigo, é por isso normal que nos desperte recordações e sentimentos antigos.

Não sou fã do Diogo Piçarra, não lhe reconheço uma voz espetacular, mas como músico e compositor reconheço-lhe o talento, mesmo não tendo um estilo que me diga muito, conseguiu um lugar ao sol num mundo altamente competitivo, onde há mais talentos que lugares.

A música toucou-me, talvez pelas recordações, talvez pelos instrumentos, sou particularmente sensível a violinos e violoncelos, a letra é bela e atual, parece escrita para os dilemas que se atravessam no mundo, em especial os criados por Donald Trump, não creio que o autor tenha necessidade de plagiar e que se arriscasse a fazê-lo numa competição da Eurovisão, familiarizado com às redes sociais porque correria ele esse risco? Faz algum sentido plagiar uma música que está disponível no Youtube? Não me parece.

 

A verdade é que há várias músicas parecidas, na melodia e na forma de interpretação, para classificar-se ou não de plágio terá de ser alguém com conhecimento para o fazer, ao primeiro som parece ser uma cópia, a IURD também plagiou a música “Open Our Eyes” de Bob Cull, tenho dúvidas que Diogo Piçarra arriscasse o plágio, mas que são parecidas as músicas são, aquele toque dos olhos vendados e a música original chamar-se “Open your eyes” é a pior coincidência de todas.

 

Aguardo as opiniões dos especialistas, mas a ouvido nu, são demasiadas, demasiadas semelhanças, mesmo que a lógica me leve a dizer que é apenas coincidência.

 

A do Diogo

A da IURD

A de Bob Cull

 

 

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