Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Língua Afiada

A sustentável leveza da verdade

É incontornável, a verdade aflora à sempre superfície, não é possível esconde-la, amordaça-la, nem tão pouco enterra-la, ela desabrocha como as flores do deserto aos primeiros pingos de chuva, é um milagre estonteante ver florescer todas aquelas sementes dissimuladas nos infinitos grãos de areia que se julgavam sufocadas e oprimidas a germinar transfigurando a paisagem, fazendo de um ambiente estéril um colorido manto de vida.

Com as pessoas não é diferente, o seu verdadeiro eu, a sua verdadeira essência e as mentiras que proferem sempre são descobertas, é uma questão de tempo, tudo o que é falso, postiço, manipulado, acaba por desabar perante os factos reais.

Uma verdade é mais forte que infinitas mentiras e sempre prevalecerá.

Viver com stress e ansiedade

Pessoa descontraída, descomplicada, otimista, alegre e vivaça vive uma vida calma e agradável, pontuada ocasionalmente por percalços mais ou menos graves decorrentes da conjugação do verbo viver.

 

Essa pessoa de descontraída passa a sofrer de stress sistemático em três simples passos:

1 – Surge um problema de saúde que condiciona toda a sua vida;

2 – O tratamento do problema implica alterações bioquímicas no seu organismo;

3 – O tratamento prolonga-se e os efeitos secundários, que incluem picos de humor, agravam-se.

E assim em mais ou menos três anos a vida da pessoa dá uma volta de 180 graus e transforma-a, uma pessoa que nunca sentiu ansiedade ou stress fica prestes a ter um ataque de pânico porque se esqueceu do descongestionante nasal no trabalho.

Esta sou eu, aqui me confesso sou uma stressada crónica.

 

O stress não é impelido por mim, não é constante, não tem uma origem identificada, frequentemente é despoletado por situações corriqueiras, sendo que nas graves mantenho a racionalidade, é nas pequenas coisas, nas mais insignificantes que tenho surtos irrefreáveis que vão desde respostas ríspidas à indignação, por vezes com episódios de fúria, sintomas que desaparecem ao fim de poucos minutos.

 

Conheço a teoria, as dicas e os truques para controlar a situação, mas nas consumições da mente a teoria é muito simples, já a prática, também eu achava que era fácil controlar o stress e a ansiedade, que era uma questão de atitude, de querer mudar, infelizmente não é, a nossa mente não é linear, é complexa, nunca sabemos como iremos reagir a determinação situação.

É possível minimizar, antecipar algumas situações, preparar-nos para outras, mas quando o nosso sistema se encontra desequilibrado, por mais equilíbrio que consigamos atribuir-lhe conscientemente o inconsciente opera silenciosamente e quando menos esperamos faz-nos balançar, ficamos na corda bamba, pendendo de um lado e para o outro, nestas situações acredito que ter uma âncora, um porto seguro, um ponto de referência que nos dá a força necessária para nos conseguirmos equilibrar e seguir lentamente o caminho pé entre pé é fulcral, a minha âncora é ele, sempre disposto a acolher o meu tumulto num abraço sereno.

 

Viver com um stress que desconhecia ser possível existir, com uma ansiedade corrosiva que me drena é um mundo novo para mim, há 4 anos se alguém me dissesse que um dia sofreria de stress e ansiedade provavelmente a minha resposta seria uma gargalhada, pois não se coaduna com a minha personalidade, com a minha forma de ser e agir, mas na vida só podemos dizer nunca para o nunca, pois é impossível dizer nunca a tudo o resto porque, simplesmente, não sabemos o que o futuro nos reserva.

 

Não menosprezem, não desvalorizem os sintomas de stress e ansiedade em adultos, mas principalmente em crianças e jovens, ninguém é assim porque quer, porque gosta, há sempre um motivo, pode ser físico, para que as pessoas se sintam assim, em alguns casos é necessário recorrer a medicação para controlar os sintomas, noutros é preciso conhecer os motivos e atacar a fonte do problema, noutros simplesmente passa por aceitar e conviver com a situação o mais pacificamente possível, em todos só tomando consciência do problema o podemos tentar controlar.

Desvalorizar os sintomas e recorrer a frases feitas e a lugares comuns não ajuda as pessoas que já estão numa situação frágil e incómoda, apenas contribui para que sintam pior e responsáveis pela sua condição, uma condição que não controlam, demonstrar empatia e dar uma palavra de conforto é o melhor que lhes podem oferecer.

 

Lembrem-se que na maioria dos casos as pessoas vivem em stress e em ansiedade por causa do que os outros e a sociedade esperam delas, não sejam parte da pressão, sejam parte da compreensão.

 

Pausa para pensar na vida #2

Está a terminar mais um dia de trabalho e questiono-me porque tenho esta mania de procrastinar o que é importante?

É sempre nas últimas horas da jornada de trabalho que faço as coisas mais importantes, depois do horário de saída, no silêncio, 10 minutos valem mais do que 60, esses preciosos 10 minutos sem ruído e sem chamadas, como gosto de trabalhar na quietude do final da tarde, embora o céu azul convide a sair ao toque do ponto deixo-me sempre ficar por mais uns momentos, faço uma pequena revisão do dia e preparo o dia seguinte.

Estes instantes facilmente passam de 10 para 30 minutos, há uma espécie de motivação extra porque me sinto mais produtiva, algo que tenho de contrariar pois lá fora ainda me esperam umas horas de luz que devem ser preenchidas com lazer.

Esta semana sinto-me particularmente cansada, devido às alergias e às constipações não temos dormido bem, todos os dias ou ele me acorda ou eu o acordo a ele, já não sei se o peso que sinto nos olhos é sono ou sintoma da alergia.

Só espero dormir a noite completa para começar a recuperar energias para o fim-de-semana que promete sol e uma temperatura amena. Aproveitar todos os pequenos momentos tem sido o meu plano para estes dias mais quentes e solarengos, afinal, como costumo dizer, a felicidade é feita de pequenas coisas.

Pág. 1/6