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Língua Afiada

De mãe desnatura a familiar, amiga e blogger desnaturada

Mas uma profissional esmerada…

As coisas parecem ter finalmente acalmado, felizmente, porque não tenho conseguido dormir bem e sinto-me cansada, um cansaço que desconhecia, diferente, é até um cansaço feliz, mas não deixa de ser cansaço.

Entretanto estamos em cima do Natal, estamos a três meses da data prevista do nascimento e não está nada decidido, nada resolvido, nada tratado, sinto-me numa espécie de limbo entre a realidade e ilusão, onde o tempo passa e eu não o consigo reter, aproveitar, usufruir.

Sinto-me em falta comigo, com a família, com os amigos e com praticamente tudo o que me rodeia, falta-me energia, a energia que sempre me caraterizou e moveu.

Quando trocamos datas de consultas, nos esquecemos da placa vitrocerâmica ligada e não conseguimos realizar metade das tarefas propostas para o dia, é altura de colocar em perspetiva as nossas prioridades, o blog foi um dos projetos descurados, simplesmente ficou sem lugar na lista de prioridades.

Gostava muito de alterar este cenário, mas não sei se conseguirei encaixar o blog nesta fase da minha vida, simplesmente tenho demasiado em que pensar.

Na minha vida, na nossa vida, é normal acontecer tudo ao mesmo tempo e este ano foi o maior exemplo disso, aconteceu tudo em simultâneo, junto com o nosso maior projeto pessoal aconteceram também projetos profissionais, muitas oportunidades que tiveram de ser agarradas com ambas as mãos, paixão e dedicação.

As últimas 3 semanas foram caóticas, gratificantes, mas caóticas, peço desculpas a quem não consegui dar a atenção devida, mas trabalhar das 8h às 24h não nos deixa muito tempo para respirar, espero conseguir organizar-me agora para colocar tudo em dia e pelo menos não descurar as pessoas, que são o mais importante da vida.

Infelizmente o tempo por mais que queiramos não chega para tudo e há sempre algo que fica por fazer, mas não queria pelo menos deixar de vos dizer que sinto saudades deste cantinho, de vocês, das vossas palavras, das vossas partilhas, de vos ler, espero em breve ter mais tempo para colocar a leitura e a conversa em dia.

Tempo

Já desejei que o tempo passasse mais devagar, que fosse lento e comprido, que esticasse para me perder nas suas horas, já desejei que o tempo passasse mais depressa para me levar aos lugares que projetava para o futuro, já desejei que o tempo parasse, ficasse suspenso para saborear a felicidade de um momento.

Por estes dias o tempo assumiu uma cadência própria, escasseia, escorre-me por entre as mãos, nunca é suficiente, nunca me basta, termino os dias a pensar no que deveria ter sido feito e no tanto que tenho para fazer no dia seguinte.

Nunca tive uma boa relação com o tempo, sempre me pareceu trapaceiro, demorando-se e arrastando-se quando tenho pressa e fugindo quando preciso de calma, a nossa perceção do tempo depende daquilo que fazemos com ele e é precisamente aí que reside o meu problema, não tenho tempo para fazer tudo aquilo que almejo.

A prova é este blog que nas últimas semanas tem estado quase ao abandono, nem para desabafar e colocar os pensamentos em dia tem havido disponibilidade, todos os espaços temporais são preenchidos pelas inúmeras tarefas, rotinas, decisões, reuniões e trabalho, nem ao adormecer há tempo para alinhavar textos e ordenar palavras.

Não me queixo, uma vida preenchida é bom sinal, gosto de estar ocupada, gosto de novos projetos, gosto desta adrenalina de correr conta o tempo, mas começo a sentir-me cansada, preciso de uma pausa para desligar e reequilibrar corpo e mente.

Teria tanto para escrever, para contar, para opinar, mas por enquanto fica apenas este desabafo com a certeza que o que custa é escrever o primeiro texto, outros se seguirão com a mesma naturalidade de sempre, não fosse este espaço o meu refúgio, o meu local sagrado onde coloco a nu os meus dilemas e frustrações, onde partilho as minhas alegrias e as minhas conquistas, onde reclamo e aplaudo e me sinto completa e feliz.

O tempo, não darei ao tempo, tempo, viverei o tempo que o tempo me dá com o tempo que tenho.

Andar com pezinhos de lã

A vida é um stress. A vida de todas as pessoas é um stress, desengane-se quem pensa o contrário, a diferença entre uns e outros é apenas e só uma, a forma como se lida com o stress.

Não sei de onde apareceu a moda de compararmos vidas, mas a verdade é que comparamos tudo para o bem e para o mal e o grau de stress é um tema recorrente de comparação, porque há pessoas que acham sempre que a sua vida é mais stressante ou mais atribulada que a dos outros, curiosamente e salvo raras exceções, são precisamente as pessoas que têm a vida “mais facilitada” que mais se queixam, quando pessoas com empregos de mais parecem trabalho escravo, problemas de saúde, muitas vezes problemas financeiros e até problemas familiares colocam uma cara alegre porque viver só por si é motivo de alegria. Perdoem-me a comparação, mas há casos gritantes.

Cada um lida com as suas dores e os seus problemas à sua maneira, mas é irritante lidarmos com pessoas que são incapazes de ver que os outros também têm problemas, mas há algum adulto que não tenha problemas?

Há pessoas que são críticas, que para lidarmos com elas temos de estrategicamente andar com pezinhos de lã em cima de ovos, não vá existir um ruído mais alto ou estalar uma casca, a questão é que se conseguimos fazer isso durante algum tempo, haverá um dia em que nos cansamos e batemos no chão de salto e esmagamos todos os ovos.

Por outro lada há outras que podem aparecer de olheiras até ao umbigo, de ar cansando e semblante carregado que nunca são levadas a sério, mesmo quando se queixam uma vez por ano, não sei se será por falta de lamúrias, talvez pensem que anda sempre feliz e contente e que por um dia mais cansativo já parece um farrapo é porque está mal habituada.

O que sei é que parece que temos de andar em pezinhos de lã, sempre com reservas, sempre com receios para não melindrar, não incomodar as pessoas, especialmente essas que têm (dizem elas) uma vida tão stressada.

A conclusão é simples a sociedade gosta de hipocrisia, falsidade e bajulação e todas as pessoas que saem deste padrão são severamente penalizadas seja na vida pessoal, seja na vida profissional.

Assertividade, frontalidade, honestidade não são bem aceites, causam demasiado rebuliço, são inconvenientes, assim como temas sérios e profundos, o que interessa é rir e falar alto, mesmo que não haja uma única conversa importante durante meses, porque assim vivem descontraídos e alienados de tudo, convencidos que os problemas do seu minúsculo e insignificante mundo são os mais graves e terríveis.

Há pessoas que nascem com capacidade de introspeção, com capacidade de se colocarem no lugar dos outros, com capacidade de reflexão e análise, com uma visão da vida alargada e abrangente, já outras nascem com os olhos virados para si e são incapazes de olhar para o próximo e perceber que este precisa dele.