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Língua Afiada

A ilusão monetária dos portugueses

As legislativas estão à porta e o cenário permanece praticamente igual, António Costa, mestre da ilusão, continua a apregoar crescimento, recuperação económica e mais uma série de indicadores positivos que o colocam como o salvador da pátria, pessoalmente, vejo-o mais como um salteador da arca perdida.

Não quero aqui discutir política, não vou explicar o que são cativações e falar dos números vergonhosos da saúde e da educação, não vou porque não preciso, porque não é preciso perceber nada de economia, de gestão e de política para perceber que não há dinheiro.

 

Só quem anda muito distraído é que ainda não notou que perdeu poder de compra, acredito que quem não faça uma gestão ao detalhe do orçamento familiar possa ainda não ter percebido onde é que está a gastar mais dinheiro, mas quem verifica todos os meses os seus gastos é impossível que não tenho percebido que o mesmo dinheiro, compra muito menos.

Não é preciso entrar em despesas supérfluas e em futilidades para perceber que o nosso dinheiro vale menos na hora de ir às compras, é precisamente na alimentação que se nota um aumento substancial dos preços e quem está habituado a ter valores de referência há muito que percebeu esse aumento.

 

Vamos a exemplos concretos, um kg de costeletas comprava-se em 2018 a 2,49€, em promoção a 1,99€, em 2019 compra-se a 2,99€ em promoção. É precisamente na carne, peixe, legumes e frutas que noto mais diferença, sendo que óleo, azeite e arroz são também produtos que tiveram importantes subidas nos últimos anos, no caso do arroz, comprava-se facilmente um kg de uma marca conceituada a 0,50/0,55€, agora a mesma marca em promoção custa 0,85€.

 

Podemos procurar todas as promoções, podemos em alimentos não essenciais, mas não há como fugir, a alimentação está muito mais cara e comprar produtos naturais, frescos e de qualidade encare ainda mais, pois é nos produtos processados e cheios de açúcar e sal onde se fazem mais ofertas promocionais.

Na saúde a situação não é melhor, estar num hospital pediátrico e não existirem medicamentos e material curativo não é mau, é péssimo, mas é neste ponto que se encontra o SNS, ao ponto de ser preciso os pais deslocarem-se a uma farmácia para adquirir paracetamol para ser administrado no hospital.

 

Estamos a falar de bens essenciais, alimentação e saúde, mas se passarmos para o patamar seguinte a situação não melhora, o vestuário e o calçado estão também substancialmente mais caros e fora da época de saldos os preços são muitas vezes proibitivos.

Sinto que a classe média está a ser espremida, apertada de tal forma que não faltará muito os estratos sociais serão apenas dois, pobres e ricos, pois o que agora consideramos classe média em breve não terá poder económico para ser considerada como tal.

 

As pessoas continuam a ganhar o mesmo e tudo está mais caro, com a agravante que temos uma carga fiscal gigante, sinceramente não entendo como é que ainda conseguem dizer que estamos em crescimento.

Os números podem ser apresentados de muitas formas, mas no fim do mês, a fazer o mesmo tipo de vida, aliás até a fazer menos saídas e menos reuniões de amigos em casa, o dinheiro é cada vez menos. Será assim tão difícil perceber isso?

 

Chego à conclusão que as pessoas gostam de andar enganadas, não é só com as alterações climáticas, é mesmo com tudo, empurrar com a barriga e esconder a cabeça na areia é solução para tudo, muito melhor fingir que está tudo bem do que fazer alguma coisa para mudar.

A culpa é sempre da mãe…

Se há estigma que nunca compreenderei e contra o qual sempre lutarei é o de as mulheres atacarem gratuitamente outras mulheres.

A falta de empatia, solidariedade e ajuda que algumas mulheres demonstram para com os seus pares é brutalmente aflitiva e revoltante, especialmente quando o alvo do escárnio e análise é uma recém-mamã cheia de dúvidas e inseguranças.

Comparações, julgamentos, suposições e ataques dispensam-se, o que precisamos é de carinho, compreensão, mimo, incentivo e conselhos práticos e relevantes.

 

Cada bebé é um bebé, não têm manual de instruções, não há poções mágicas, não há mezinhas e não há milagres, cada bebé tem o seu desenvolvimento e cada bebé reage e adapta-se à nova realidade de forma diferente.

Os bebés choram, choram porque estão desconfortáveis, mas esse desconforto nem sempre é fome, frio e fralda suja, podem apenas querer conforto, proximidade, carinho, calor, miminho, é por isso que não se deve negar colo a um bebé.

- Ah depois ela habitua-se! – Ah depois não quer outra coisa! – Ah depois não vais conseguir fazer nada, vais andar sempre com ela no colo! – Ah se habituar-se a adormecer no colo, depois não adormece sozinha!

Tretas! Tudo tretas! E sabem que mais!? Se não pegarmos ao colo um bebé, vamos dar colo a quem? A um adolescente de 15 anos? Carregar 40kg não é propriamente fácil.

 

Os bebés têm cólicas, alguns, nem todos felizmente, e uns têm mais do que outros, é uma fase complicada, é preciso muita paciência, muito amor e muita dedicação, não é fácil, é muito duro, mas é apenas uma fase e nós como pais temos obrigação de estar à altura dela, se não temos paciência para cólicas, como seremos capazes de enfrentar uma doença por exemplo?

A grande questão é que os pais estão à altura, as pessoas é que por vezes testam a sua paciência e a sua sanidade, isto de apontar o dedo a quem tem privação de sono é bastante perigoso.

A minha bebé enquanto teve cólicas teve um aumento de peso estável, mas manteve-se magra, um drama, porque o que é giro é ver bebés rechonchudos, entendo, mas nem todos são assim. O que não entendo é as pessoas questionarem os pais e até os médicos, entra aqui outro estigma contra o qual é preciso lutar, achar que o leite materno não é suficiente para o bebé.

- O leite é fraco! O leite não presta!

Por sorte as recém-mamãs ficam como anestesiadas, pelo menos eu fiquei, porque se não tivesse ficado as coisas tinham azedado.

 

Esta mania de culpar mãe por tudo, além de parva é perigosa, porque dizer a uma mãe que está a errar causa-lhe insegurança e pode induzi-la em erro. Aqui importa confiar no instinto e nos profissionais de saúde, nunca me esquecerei das palavras da pediatra – Ela dorme bem, não dorme? Já viu alguém dormir de barriga vazia?

Supostamente o meu leite não era suficiente, porque tinha de lhe dar de duas em duas horas e não de três em três como as alminhas acham que tem de ser, porque não estava gorda, porque chorava…

A minha filha tem o mau feitio da mãe e por isso assim que deixou de sofrer de cólicas desatou a engordar e passou a ostentar umas belas regueifas, só para provar que o leitinho da mãe que ela tanto adora é mais do que suficiente.

Infelizmente muitas pessoas acham que só o que é caro é que é bom e como leite materno é gratuito não pode ser melhor do que o leite adaptado, até o nome diz tudo, adaptado, teve de ser ajustado para dar a bebés, não é o alimento ideal.

A todas mães, especialmente às mais recentes, e a todas as que ainda serão mães deixo-vos um conselho, confiem no vosso instinto, confiem nos profissionais de saúde, se tiverem dúvidas é eles que devem recorrer, e não vos deixem afetar pelas vozes que só falam para não estarem caladas.

Em relação ao colo, dei e dou muito colo à minha bebé e como se eu não a “estragasse” o suficiente o pai faz o mesmo, há momentos em que quase a sufocamos de tantos beijos. Adormece bem sozinha, mas às vezes quer adormecer no colo porque tem saudades ou porque está com dificuldade em adormecer.

Não é uma birrenta, pelo contrário, ainda não tem seis meses e abraça-nos, desfaz-se a rir quando lhe dá-mos mimo, faz festinhas quando alguém a pega ao colo e já quer atirar e dar beijos (tenta comer-nos) porque sabe que é uma demonstração de carinho. É um doce. Nunca se dá mimo a mais, carinho e amor nunca pecam por excesso, apenas por defeito.

Não! A culpa não é da mãe, a culpa não é de ninguém, são apenas bebés a serem bebés.

 

 

 

 

Coisas que acontecem a uma recém mamã

Ser mãe é um desafio em muitas vertentes, mas sem dúvida a maior é manter o juízo prefeito, é impossível, chega a um ponto que simplesmente entramos em modo automático e direcionamos toda a nossa atenção ao bebé, mas tudo o resto sofre, principalmente nós.

Nestes últimos meses aconteceram-me as coisas mais loucas e parvas, trocas, esquecimentos, falhas que nunca julguei ser possível acontecerem-me.

 

Colocar gel de banho no cabelo

Não uma, mas pelo menos duas vezes, pelo menos as duas em que me apercebi, acredito que possam ter sido mais.

 

Trocar os horários das consultas

Depois de confirmar umas 15 vezes consegui trocar o horário de duas consultas, felizmente atenderam-nos e não houve mal maior.

 

Esquecer de temperar a comida

Os meus dotes culinários foram à vida, estão completamente perdidos. Ainda na semana passada fiz um belíssimo arroz sem pitada de sal, credo arroz sem sal é coisa que não se consegue mesmo comer, felizmente a comida tinha molho.

 

Esquecer de dizer coisas importantes

Tenho pena do meu marido, é sempre o último a saber das coisas porque eu esqueço-me de lhe dizer, não se tratam de banalidades, mas coisas importantes, como esquecer de avisar que a Segurança Social enviou um e-mail.

 

Esquecer eletrodomésticos ligados ou abertos

Um perigo, como é muito perigoso e como começou a acontecer com alguma frequência, comecei a verificar duas, três vezes se desliguei efetivamente o ferro ou o grelhador e se fechei a porta do congelador.

 

Esquecer de tomar banho

Eu para além de adorar tomar banho só porque sim, o banho era muitas vezes o meu único momento de relax, mas dias existiram em que me esqueci simplesmente de tomar banho! What!? Como é possível? Simples, estava tão cansada que só queria dormir.

 

Esquecer de colocar creme

Aliás colocar creme durante algum tempo foi uma miragem, o único creme que não falhava era o da Medela, todos os outros ficaram durante dias (semanas) arrumados confortavelmente nas prateleiras do WC até a pele ficar tão ressequida que lá me sentia na obrigação de a mimar.

 

Esquecer de ligar as máquinas de lavar e secar

Uma maravilha colocar tudo pronto para lavar ou secar, inclusive definir o programa e colocar detergente, fosse roupa ou louça, e esquecer de carregar no iniciar! Fantástico quando chegava à hora de jantar e percebia que a máquina da louça estava carregada de louça suja!

 

O drama do frigorífico

Basicamente se não parasse para pensar só havia um local lá em casa para guardar coisas, o frigorífico, as vezes que abri o frigorífico sem necessidade, fosse porque não precisava de nada de lá, fosse porque achava que ia lá colocar algo que não precisava de refrigeração, fosse porque o abria e ficava a olhar para o seu interior. A conta de eletricidade sofreu com este drama.

 

Listas para que te quero

Ir três vezes ao supermercado e mesmo assim faltarem coisas em casa, não é fácil, mas aconteceu várias vezes.

 

Estacar a meio do caminho

Estar a deslocar-me dentro de casa e parar subitamente por não saber o que ia fazer passou ser desconfortavelmente comum, odeio, mas com algum esforço lá conseguia perceber o que queria fazer.

 

Não ter tempo para ir ao WC

As nossas prioridades realmente ficam completamente invertidas, e à frente de qualquer necessidade fisiológica está a bebé, comer era impossível esquecer porque estava constantemente com fome, mas esquecia-me de beber e esquecia-me (ainda esqueço) de ir ao WC, a quantidade de vezes que me apercebia que estava com a bexiga a rebentar, impensável.

 

E muito mais haveria a dizer, mas adivinhem, esqueci-me de metade, juro que quando me lembrei de escrever sobre isto me lembrava de muito mais coisas estranhas que me aconteceram (acontecem).

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