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Língua Afiada

Joacine Katar Moreira e a bandeira

Esta é foto da polémica:

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Joacine Katar Moreira tem atrás de si uma bandeira da Guiné-Bissau e isso foi suficiente para inflamar as redes sociais e até criar uma petição para impedir a sua tomada de posse porque supostamente Joacine Katar Moreira é impatriota.

Algo de muito grave se passa com a democracia e com a liberdade de expressão em Portugal, em primeiro lugar, se Joacine Katar Moreira foi eleita democraticamente não é por erguer uma bandeira que deverá ser impedida de tomar o lugar que conquistou, em segundo lugar se em democracia se apregoam atos não democráticos então que se impeça de tomar posse os partidos e aqueles que são antidemocracia.

O perigo reside na desinformação e na propagação de notícias falsas, da inflamação das redes sociais contra factos inexistentes e historietas criadas por pessoas mal-intencionadas que procuram o caos para tirarem partido dele.

Tem sido esta a estratégia dos partidos radicais, pegam numa parte e fazem dela o todo, distorcem informações, contam meias verdades e tocam nos pontos fracos para agitar o povo que não tem ódio de morte a subsídio-dependentes, mas assobia para o lado quando todos os meses é roubado à descarada e com o seu consentimento para pagar dívidas de banqueiros e gestores que encheram os bolsos a políticos corruptos para ficarem a soldo.

Temos um país que é uma anedota, sem piada, sem graça, uma daquelas anedotas secas, daquelas que todos sabemos o fim, daquelas que sempre que ouvimos esgaçamos um sorriso mais amarelo que um canário, para depois qual canário assobiar para o ar.

Deixem Joacine Katar Moreira empunhar a bandeira que ela bem desejar, também lá constava a bandeira da União Europeia, devemos impedir que tome posse porque defende esse grupo que retirou soberania a Portugal, que até o nosso escudo levou?

Tenham juízo, comam mais legumes, façam exercício físico, leiam bons livros, leiam jornais (credíveis) e passem menos tempo no Facebook, acreditem serão mais felizes, mais saudáveis, mais cultos e mais informados.

Aconselho também que assistam a todas as edições do Polígrafo, rúbrica do jornal da noite da SIC que deveria ser programa obrigatório, aliás deveria existir um canal chamado Polígrafo dedicado apenas a verificar factos, canal esse que deveria passar em todos os locais públicos, isto seria antidemocrático, mas se abríssemos exceções para os jogos de futebol e para o programa da Cristina era capaz de ninguém se queixar.

Em vez de se preocuparem com bandeiras, preocupem-se com o estado do país e façam petições, greves e manifestações por uma vida melhor e já agora deixem de ser burros e tirem as palas dos olhos (tradução, façam terminar sessão no Facebook).

Vida frágil; Morte certa

A vida é demasiado frágil para nos prendermos com futilidades.

A vida é demasiado preciosa para ser desperdiçada com banalidades.

A vida é demasiado curta para adiarmos o que nos faz felizes.

 

Quando morrer não quero tristezas, quero trajar de branco e estar descalça, despojada de pertences, com rosas brancas nas mãos.

Não quero luto, não quero preto, quero tudo branco, cálido e sereno, se é a paz que apregoam é paz que quero sentir na hora de partir.

Não quero lamúrias, não quero choro, quero música e sorrisos, quero poesia e alegria, histórias, recordações, amor.

Quando morrer não quero que chorem a minha morte, quero que celebrem a minha vida, o importante é o que fazemos em vida, a morte é apenas uma consequência de estarmos vivos.

Não sei o que acontece depois da morte, mas quero acreditar que estaremos num local melhor.

Com os anos vamos perdendo os nossos na vida terrena, que dizem ser passageira, se nos faz sofrer agora, reconforta-nos que no dia da partida teremos uma calorosa receção.

Já conto com algumas pessoas para me receberem, muitas partiram fora de tempo, demasiado cedo, deixando não só saudades, mas um gosto amargo no coração, é por elas que penso cada vez mais na morte, que é sinónimo de pensar na vida.

Quando morrer, independentemente da idade, do tempo, do motivo, não quero que seja uma derrota, quero que seja uma vitória pela vida que tive, curta, média ou longa, o importante é que tenha sido rica em sentimentos e emoções.

Não deixem nada para depois, o depois é demasiado volátil, o importante é o hoje e o agora.

Rodeiem-se de quem gostam, não percam tempo com quem não merece, sejam amigos, caridosos e empáticos, bondosos e generosos, coloquem um sorriso no rosto e o amor no coração e por mais cinzentos que sejam os dias a vossa alma estará iluminada.

 

É tudo uma questão de prioridades? Não, nem sempre.

Na nossa vida tudo gira em volta de prioridades, todo o nosso dia é definido por prioridades desde que nos levantamos até à hora que nos deitamos, tudo é uma questão de prioridades e tudo tem um custo de oportunidade, já que, ainda, não é possível estar em dois locais ao mesmo tempo.

O que é verdade é que nem sempre podemos definir as nossas prioridades a nosso bel-prazer, por razões tão básicas como ter necessidades fisiológicas, por razões racionais, afinal as contas não se pagam sozinhas e por razões emocionais, procuramos sempre fazer que nos faz felizes, mas com alguma racionalidade.

 

Se fosse tudo uma questão de prioridades, a vida, pelo menos a minha, seria bem mais fácil, dormia até às 9:30h da manhã, tomava um pequeno-almoço estilo brunch, de seguida em dias alternados fazia exercício, caminhadas, ia ao salão de beleza e estética, fazia compras, comia qualquer coisa leve e trabalhava umas 3h, até por volta das 20h dedicava a cuidar e a brincar com a minha filha, depois jantava e tirava umas horas para o ócio, namorar, ver filmes, ler…

Ah vida perfeita! Infelizmente a minha conta bancária não me permite ter estas prioridades e não me venham dizer que se tivesse estabelecido ser rica como prioridade número um poderia agora estar a viver esta vida de sonho, porque tenho notícias para vocês gangue da inspiração, empreendedorismo, busca interior, coaching e afins, a vida não é um mar de rosas, calmo e povoado de flamingos e unicórnios confortavelmente sentados em mandalas com os chakras alinhados.

 

Isto tudo porquê? Porque não tenho tempo para nada e não admito que me venham dizer que é tudo uma questão de prioridades, a sério? Mas alguém pode ter prioridades com uma bebé de 6 meses? Não, a única prioridade é a bebé, que, graças a Deus e a todos os santos, tanto pedi a menina é mesmo um anjo, um doce que só visto, às vezes, juro, penso como é que tive tanta sorte?

Mesmo quando lhe alteramos as rotinas e lhe trocamos as voltas, não reclama, está sempre com um sorriso nos lábios e pronta para nos encher de mimo com um olhar terno e uma caricia sedosa com as mãos mais fofas que conheço.

 

A vida é isto um amor imensurável e um stress descomunal quando percebo que o tempo não estica e não chega para nada e que a minha bebé que deveria estar comigo o maior tempo possível é “obrigada” a estar longe por força das circunstâncias e vejo-me obrigada a inverter prioridades e a colocar a estabilidade financeira à frente da estabilidade emocional, bem sei que no fundo é porque é prioritário ter as condições necessárias para cuidar bem dela, mas isso não impede que sinta revolta e alguma culpa.

Não, não é tudo uma questão de prioridades, é mais uma questão de sobrevivência, num mundo tão evoluído, onde a tecnologia reina, as relações humanas fracassam, o tempo para a família escasseia, estamos cada vez mais reféns de um modo de vida consumista, egoísta, numa espiral sem fim onde lutamos para ter aquilo que não precisamos e que na verdade nem desejamos, simplesmente nos dizem que devemos ter.

 

Está tudo invertido, tudo do avesso, nem os milhares de estudos científicos que nos dizem com certezas o que é melhor para nós e para os nossos filhos a situação muda, continuamos a privilegiar o dinheiro, nesta roda capitalista onde os bolsos de muitos se esvaziam para encher os bolsos de poucos.

E depois quando tudo acaba é triste perceber que a vida afinal foi uma mão cheia de nada, pois o dinheiro, a riqueza, o sucesso e o poder transformam-se em miséria humana, amor, carinho, compaixão, amizade são vistas em perspetiva e o coração definha seco, sedento e faminto daquilo que não teve, mas que sempre lhe fez falta.