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Língua Afiada

As crianças passam muito tempo na creche! A sério?

Parece que é notícia que as crianças portuguesas passam muito tempo na creche e no infantário? Notícia para quem? Só se for para os distraídos ou para os que não sabem fazer contas.

Se os pais trabalham em média quase 40 horas semanais onde é que acham que os filhos passam essas horas? Os que têm sorte passam com os avôs, aos outros são colocados em creches e infantários.

Tal como escrevi aqui - Os portugueses não têm tempo para filhos!

Fala-se tanto em medidas de apoio à natalidade, mas nunca se fala no mais importante, porque não interessa falar, o mais importante é dar tempo e condições aos pais, só assim a natalidade aumenta, é urgente rever o nosso horário laboral completamente desajustado da realidade dos nossos dias, mas claro que fazer uma reestruturação destas é muito difícil e dá muito trabalho e é mais importante discutir não assuntos, mas populares na busca do voto.

Tanta indignação se vê por essa Internet fora e ninguém se indigna com o mais importante. Reitero, temos o que merecemos.

 

 

O mundo (im)perfeito para receber um bebé

A pressão social para que tudo o que rodeia o nascimento de um bebé seja perfeito é imensa, a inspiração passou a obrigação e o sonho passou a ser realidade, o baby shower, as sessões fotográficas, as roupinhas, as festas, a decoração do quarto, tudo passou a ser uma obsessão sustentada por um consumismo desenfreado e uma aguerrida competição.

Se há momentos que surgem com naturalidade porque fazem parte de nós, já outros parecem mais uma imposição da sociedade, o baby shower foi uma ideia natural, algo que foi fazendo sentido, planeado em menos de duas semanas foi extremamente cansativo, mas muito gratificante, rústico e caseiro foi realizado com muito amor e muita ajuda dos amigos, das tias de coração maravilhosas que a minha filha tem e a ajuda preciosa da madrinha, muitas mãos e muito boa vontade proporcionaram um evento amoroso e um dia feliz.

O quarto foi preparado aos poucos, ainda não está completo, estará algum dia? Não sei, mas para pena minha, não estava pronto quando a bebé nasceu e esta pena prende-se apenas com o facto de não lhe ter conseguido tirar fotos no quarto desde sempre.

A pressão para ter fotos perfeitas dos bebés é muita, tínhamos planeado sessões regulares, mas infelizmente o fotógrafo escolhido devido a problemas de saúde não conseguiu realizar o trabalho, estávamos inclinados a selecionar outra opção, mas começaram as cólicas e com as cólicas o bolsar constante e o cansaço.

Tirar fotografias a uma bebé que ora está a chorar, ora está a bolsar, odeio babetes mas elas foram presença constante na nossa vida durante os primeiros três meses, não é fácil se juntarmos a isto uma capacidade fantástica de movimento de uma recém-nascida, conseguir boas fotografias é uma tarefa impossível.

Era nossa intenção, independentemente das fotos contratadas, fazermos as nossas próprias fotos, como fizemos durante a gravidez, tínhamos tantos planos, mas depressa percebi o porquê da necessidade de contratar este serviço, o cansaço, a não rotina, o desgaste emocional deixam-nos com pouco ânimo para sessões fotográficas e com ou sem pressão social arrependo-me de não ter contratado esse serviço, mesmo sabendo o transtorno que isso nos teria causado.

Temos as nossas fotos, mas não são as fotos que desejava ter, primeiro gostava de ter muito mais e segundo gostava de ter feito fotos diferentes, de ter concretizado todas aquelas ideias que retirei o Pinterest, é uma culpa que me acompanhará para sempre, mas não há volta, o pior de tudo é que por mais que tenha consciência da importância de tirar muitas fotos continuo a não tirar fotos suficientes, não sei como as outras mães fazem, mas no pouco tempo que tenho para a minha filha na maioria das vezes nem me lembro de lhe tirar fotos, só a quero encher de beijos.

O Natal é uma época especial para mim e como se trata do primeiro com a minha filhota fora da barriga decidi que iria contratar uma sessão de Natal profissional e no que me fui meter, primeiro a oferta é imensa, mas todos os fotógrafos estão cheios de trabalho e a pressão para reservar é enorme, segundo os preços que praticam são uma loucura! Terceiro a escolha da roupa, sim porque não adianta escolher um bom fotógrafo, um cenário espetacular e depois levar a bebé de pijama.

Gostava de ser imune à pressão, mas não sou, devíamos deixar de ser tão exigentes e de valorizar tanto os detalhes, afinal o que interessa é guardar os bons momentos, mas este assunto das fotos não está resolvido na minha cabeça e atormentar-me-á por algum tempo.

A sociedade exige demasiado de nós ou somos nós próprios que exigimos?

A constante exteriorização da perfeição, da comparação tem elevado esta pressão para níveis insustentáveis, quando me falam em valores gastos em festas arrepio-me até à espinha e penso que exemplo estamos a dar aos nossos filhos, se fazemos as coisas por eles e para eles ou para nós e por nós?

Apercebe-mo que muito mais que dinheiro por vezes é preciso disponibilidade e fico a pensar que vida levam algumas mães que passam meses a preparar as festas dos filhos, usando todo o tempo livre que têm para o fazer?

Esta obsessão com o bonito, diferente, memorável aonde nos levará?

Há exaustão, se a própria vida que levamos nos deixa exaustos qual a necessidade de lhe acrescentarmos ainda mais pressão e desgaste?

Considero-me uma pessoa bem resolvida, mas neste tema tenho ainda muitas arestas a limar, embora tenha as prioridades bem definidas a minha mania da perfeição e do perfecionismo atrapalham na hora de simplificar, este conflito interior não será facilmente resolvido e a pressão (interior) para a festa de aniversário já começou.

Esperam-se tempos de introspeção, reflexão e gestão de conflitos interiores, não são só os filhos que crescem, nós crescemos (muito) com eles.

 

Cansada, sem tempo, mas feliz

Os dias têm sido muito preenchidos a nível pessoal e a nível profissional, muitas tarefas e muitos sorrisos, o tempo parece que não chega para nada, alguém que o faça passar mais devagar por favor.

A nossa bebé está cada vez mais engraçada, mais comunicativa e mais exigente, apesar de gostar de brincar e de ficar a brincar “sozinha” gosta de nos ver e sentir por perto e as brincadeiras favoritas dela são mesmo as que tem connosco, acho até que prefere as do pai, o Moralez vai por a menina maluca com tanto salto, avião e tudo o que possam imaginar.

Chego ao final do dia estafada e sinto que me falta tempo para algumas coisas que me fazem bem, mas o saldo é positivo e todos os dias afinamos mais um pouco a rotina e chegaremos ao dia em que o tempo estará devidamente distribuído e a nossa vida assim mais facilitada.

A minha maior dificuldade tem sido priorizar, estabelecer prioridades dentro de tarefas prioritárias tem sido complicado, estamos numa fase de mudanças profundas da nossa vida, como uma mudança só não chega andamos indecisos entre fazer obras ou mudar (comprar) casa, muitas decisões a tomar.

No entretanto, não tenho um único presente de Natal comprado, não tenho sequer ideia do que comprar, tenho ainda de fazer a lista de prendas e atribuir um valor a cada uma para começar a despachar presentes. Tenho de contratar uma sessão fotográfica de Natal (post sobre isto a ser cozinhado) e tenho um sem fim de coisas a organizar antes do final do ano.

Este cansaço retira-me a pouca paciência que tenho e por isso tenho-me enervado com facilidade, tenho de me controlar, preciso de estar calma para conseguir terminar tudo o que tenho em mãos a tempo e horas, mas as pessoas, sempre as pessoas, não facilitam, não existe realmente limite para a estupidez humana.

Para ficar zen vou praticar o mindfulness ao encontrar uma agulha num palheiro, tenho de descobrir em 200 luzinhas de Natal qual é a está queimada! Tinha de se estragar logo o meu conjunto de luzes favoritas, ninguém merece.

Já fizeram a árvore? A minha já esta montada mas sem nada, com a disponibilidade que tenho decorar a casa para o Natal é coisa para demorar 5 semanas…

Foco, cansada, mas feliz. Não esquecer o feliz, mesmo que esteja neste momento a fazer um esforço herculano para manter as pálpebras abertas.

Boa semana

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