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Língua Afiada

Como assim é Natal?

A noite de Natal é já na próxima terça-feira e estou em negação, como é possível?

Para mim ainda estamos na Páscoa, ainda falta o São João, ainda tenho de gozar as férias de Verão e ainda falta o São Martinho.

Este ano literalmente voou, não sei como é que passou tão rápido e sendo tão rápido como é que foi tão preenchido e continua a saber a pouco, a não ser suficiente.

Os dias não têm horas suficientes para usufruir de tudo o que a vida nos proporcionou e proporciona, este ano foi um dos melhores anos da minha vida, embora nem tudo tenha sido perfeito, longe disso, a minha vida, a nossa vida, ficou preenchida de uma forma que não há nada que possa mudar isso.

Com o nosso tesouro a nossa vida nunca mais voltou a ser a mesma e se já valorizava os pequenos momentos e as coisas simples da vida, passei a valorizar ainda mais, não há nada que me faça mais feliz do que aqueles minutinhos de manhã em que estamos os três no miminho, é uma felicidade que me enche o peito e transborda.

Este Natal terá um sabor especial porque temos o maior presente de todos, um presente muito desejado e esperado, superior a qualquer bem material e que nos faz esquecer tudo de menos bom que possa ter acontecido.

Obrigada meu Amor por seres o melhor Pai, o melhor companheiro, amigo e marido que eu poderia ter, não és perfeito, és perfeito para mim e este Natal será perfeito para nós.

 

Desejo a todos um Feliz Natal com muita Paz, Amor e Harmonia junto dos que mais amam.

 

Recado ao Pai Natal 

São Nicolau não te atrevas a ir novamente incomodar com a história que precisas do Moralez para dar de presente! Ficas sem bolachas com leite e a viver na rua e o Rodolfo já está pronto para te substituir, já falei com ele e disse-me que faz ele a distribuição dos presentes, até agradeceu, pois estás a ficar muito pesado e atrasas a distribuição e como estás muito gordo tens muita dificuldade em descer as chaminés e ele está farto de ter de te puxar e empurrar.

Se queres um conselho começa a comer menos para ficares mais fit e caberes melhor nas chaminés, come marinheiras em vez de bolachas de canela e gengibre e já agora moderniza este corte de cabelo e essa barba, que tal um look à Viking? Põe-te na moda que as tuas renas são espertar e estão a ganhar protagonismo.

Meandros dos meus pensamentos

Estar sob constante escrutínio é a pior sensação do mundo, ser constantemente avaliada, supervisionada, recriminada e advertida faz-me sentir zangada, irritada e frustrada.

Nunca nada é suficiente, tudo é inadequado, incompleto, imperfeito, por mais esforço, carinho e dedicação que coloque, mesmo com todo o empenho nada parece satisfazer.

Por mais que me desdobre para dar atenção, suporte, apoio, por mais ajudas que dê e preocupação que demonstre, nunca chegarei a ser a dedicada, a preocupada.

Há pessoas que nascem com este selo, com uma inadvertida centelha para falharem as expectativas, não por serem fracas, incompetentes ou inadequadas, simplesmente porque lhes é mais exigido a elas do que aos outros.

Uma vez disseram-me que algumas pessoas têm de fazer melhor do que os outros porque se espera isso delas, já tentei recordar-me de quem me disse isso, não me recordo, na altura não dei grande importância, julguei que era uma injustiça e obviamente que não tive este julgamento presente na minha vida.

Mentira, fiz precisamente o contrário, refreei as minhas próprias expetativas, reduzi os meus objetivos, normalizei os meus sonhos e aspirações, castrei as minhas ambições, normalizei-me.

Hoje, não sei bem a propósito do quê, percebi que isso apenas me fez mal, baixei as minhas expetativas, mas os outros continuam a tê-las bem distorcidas sobre mim.

De um lado os que esperam sempre mais, do outro os que por mais que faça nunca me verão como realmente sou.

Curioso este limbo entre quem está de fora espera sempre mais de nós e quem está por dentro acha que não somos bons o suficiente, mas por motivos opostos, para os de fora poderíamos ser muito melhores, para os de dentro por mais que tentemos nunca chegaremos a ser razoáveis, impossível sermos bons.

Tumultuoso este pensamento de não pertencer ao conjunto de regras e padrões que todos parecem estabelecer para nós, sentimo-nos um estranho dentro da própria casa.

Olho à minha volta e não me revejo naquilo que pensam de mim, existe uma dissonância, um abismo entre aquilo que sou e o que pensam que sou, uns acham pouco, outros acham muito, preferia que simplesmente não se deitassem a adivinhar aquilo que sou e me vissem como sou.

Talvez a culpa seja um pouco minha, que me refugio no meu mundo, um mundo mais rico, mais colorido e bonito que quem me analisa jamais conseguirá imaginar, muito menos conhecer.

A lei protege os violadores e não as vítimas.

Um homem, ou um jovem como preferem chamar-lhe, foi condenado a dois anos de pena suspensa pelo crime de violação de uma menor de 15 anos.

“O arguido foi condenado a uma pena de dois anos de prisão, suspensa na sua execução por igual período, por um crime de violação agravada, tendo beneficiado do regime especial para jovens delinquentes. A favor do arguido pesou o facto de não ter antecedentes criminais e de estar inserido profissionalmente e socialmente.”

A violação foi dada como provada, não existem dúvidas que cometeu o crime, mas mesmo assim manter-se-á livre porque tem trabalho e está inserido na sociedade, pergunto-te em que sociedade é que pode estar inserido um violador? Haverá alguma sociedade em que este comportamento possa ser aceite?

A moldura penal dos crimes sexuais tem de mudar em Portugal, não é justo para a vítima, nem para a sua família que a justiça permita que este violador se mantenha livre, dois anos parecem manifestamente insuficientes como pena, serem de pena suspensa só pode ser uma piada ou uma anedota.

É urgente que na avaliação destes crimes sejam considerados os danos psicológicos infligidos às vítimas que se perpetuarão por toda a sua vida, o sofrimento físico não pode ser comparado com o terror psicológico que uma vítima de violação sofre e sofrerá.

 

Não consigo imaginar o medo, o temor de ser novamente violada, não consigo imaginar o difícil processo que uma vítima tem de percorrer até voltar a confiar num homem e a conseguir ter um relacionamento saudável, será que ninguém se preocupa com isso, será que é preciso passar por isso ou ter alguém próximo que tenha passado para sentir empatia pela vítima e repudia pelo agressor?

Não consigo imaginar a indignação e a revolta de ser humilhada, agredida e violada e ter de ver o violador livre.

1800€ de indeminização, 1800€ é quanto vale uma violação, um preço demasiado baixo para um custo tão alto.

Sou completamente contra a violência e acredito que todos devemos ter uma segunda oportunidade, segunda oportunidade essa depois de pagarmos pelos nossos erros, dois anos de pena suspensa não me parece punição suficiente, pena suspensa não pode ser punição suficiente, não quero acreditar que é, estas injustiças fazem-nos querer fazer justiça pelas próprias mãos.

 

Que mensagem estamos a passar quando deixámos livres violadores? Que responsabilidade atribuímos a este hediondo crime quando os violadores não cumprem prisão efetiva? O que dizemos às vítimas quando não aplicamos penas exemplares aos seus agressores?

A ele damos-lhe uma segunda oportunidade, depois de um puxão de orelhas, um curso e alguns limites voltará a sua vidinha feliz e contente, a ela entregamos-lhe 1800€ para seguir em frente, seguir em frente numa vida que nunca mais será igual, 1800€ para sarar uma ferida que talvez nunca se cure, é esta a justiça que temos.

 A lei protege os violadores e não as vítimas.

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