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Língua Afiada

Há males que vêm por bem

Este ditado popular sempre me soou a consolo, tal como o “Boda molhada, boda abençoada”, parece ser uma espécie de conforto às pessoas pelas suas desilusões.

O ser humano tem uma espécie de condescendência para o mal, temos uma certa resistência em aceitar as coisas más, mesmo quando morre um ente querido justificamos a morte com frases feitas “acabaram-se os seus trabalhos”, “não sofre mais”, “agora está em paz”, mesmo que por dentro sinta-mos revolta pela sua perda.

 

"tentar encontrar sentido no mal"

 

Temos a mesma reação com outros problemas e obstáculos da vida, a nossa forma de resignação ao que não conseguimos mudar é tentar encontrar sentido no mal, é procurar o lado positivo do negativo, fazemos uma espécie de balanço para continuarmos equilibrados.

Quando a balança é carregada com demasiados pesos negativos sentimos dificuldade em equilibra-la e sentimo-nos tristes, perdidos, curvamo-nos um bocadinho e seguimos cabisbaixos com o peso que acarretamos nas costas.

 

“depois da tempestade vem a bonança parece uma miragem"

 

Há alturas na vida em que não há frases feitas que nos ajudem, o típico “não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe” deixa de fazer sentido, a máxima que “depois da tempestade vem a bonança” parece uma miragem, pois sentimos que o mal, os infortúnios sucedem-se uns aos outros sem nos darem tempo de respirar.

Dos males que nos acontecem existem aqueles a quem não conseguimos atribuir culpas, acidentes, avarias, peripécias próprias da vida, mas há outros que têm culpados, culpados assumidos e convictos, porque há pessoas que descaradamente e despudoradamente vivem para fazer e ver o mal dos outros.

Motivadas por inveja, cobiça, maldade, mesquinhez interferem na vida dos outros como se as pessoas fossem marionetas num espetáculo que controlam ao seu ritmo, sem respeito ou consideração pelo que as suas atitudes vis fazem à vida dessas mesmas pessoas, que não são bonecos de madeira e trapos, são carne, ossos e sangue com ideias, sentimentos e pensamentos.

 

"às vezes sentimos vontade de pagar na mesma moeda"

 

Mas o ser humano é condescendente, as pessoas que veem a sua vida invadida por meliantes mal-intencionados são quase sempre as mesmas que relevam, seguem em frente, sem rancor, pois a mágoa faz-nos mal, enquanto isso os patifes seguem impunes e confiantes que são intocáveis.

Sentimos pena dessas pessoas, dizemos que são tristes, e a verdade é que são, somos complacentes, damos-lhes desprezo, no fundo é o que merecem, mas às vezes sentimos vontade de pagar na mesma moeda, sentimos vontade de perder preciosos momentos da nossa vida a planear um ataque, pois esperar que a vida lhes pague pode não ser suficiente, às vezes a sede de vingança é mais forte.

 

 

" a melhor vingança que lhes podemos dar é a nossa felicidade"

 

É neste ponto que devemos ser fortes e não ceder, a melhor vingança que lhes podemos dar é a nossa felicidade, o nosso sucesso, o nosso triunfo na vida.

A melhor vingança é a elegância do desprezo seguido da confiança nos nossos princípios, da certeza que somos mais, melhores e superiores à sua mesquinhez, é seguirmos confiantes e altivos e acima de tudo felizes e de consciência tranquila.

Alguém me disse que mais tarde ou mais cedo quem é bom, quem é esforçado, quem é competente, quem é amigo, quem é responsável seria recompensado de uma forma de outra, que a vida haveria de compensar os justos e os bondosos.

Respondi-lhe sempre que a vida não é assim, que a vida é injusta, que as coisas não assim tão simples e lineares.

 

"o esforço e a dedicação compensam"

 

Enganei-me, enganei-me redondamente, a vida em dois meses fez questão de me mostrar que o esforço e a dedicação compensam, que até quando pensamos que tudo desmoronou é possível sermos surpreendidos e sermos reconhecidos.

Há males que definitivamente vêm por bem, a sede de vingança e inveja de alguém fez com que um projeto que estava a nascer torto, imperfeito e defeituoso morresse para dar lugar a um projeto bem construído, bem alicerçado e com a visão e a missão certas.

 

A minha vida está longe de estar onde eu esperaria que estivesse a esta altura, mas é de pequenos passos que se constrói o caminho, e passo a passo, de conquista a conquista, lá chegarei.

 

"Há males que vêm por bem" e eu tenciono agarrar esse bem com unhas e dentes.

Mandamento #1 - Não festejar em antecipado

Não festejes em antecipado, especialmente coisas que não dependem só de ti, há sempre alguém pronto a estragar os festejos.

Hoje percebi que estou sabiamente madura (velha) já não acredito em boas notícias, na boa vontade das pessoas, nem que no final de contas tudo se resolve.

Graças a não acreditar nas pessoas, contive os festejos, não fiz planos, não partilhei as boas notícias com ninguém a não ser com a outra parte de mim, o meu marido.

Estou cansada de pessoas burras, tacanhas, mesquinhas, egocêntricas, tão míopes que são capazes de se prejudicar a elas próprias se isso significar prejudicar ainda mais os outros.

A sociedade está podre, decadente, todos se queixam de todos mas ninguém faz nada para mudar, os poucos que fazem, que são leais, ponderados, prestáveis são os que mais sofrem, pois estão desajustados da realidade.

Ser bonzinho só compensa nos livros, fazer as coisas pelas regras só compensa nos filmes, os finais felizes só acontecem nos contos de fadas.

A vida é feita de desilusões, os sonhos são meras ilusões à espera de adquirem o prefixo de.

Teria muito a dizer sobre este assunto, mas hoje só me apetece gritar – danem-se!

É guerra que querem? É guerra que terão!

Entrada no ensino superior

Há uma semana que não dormia direito com tamanha excitação, sabia no meu íntimo que tinha feito a candidatura de forma a garantir a entrada na Universidade, sabia que entrava, mas não sabia em que curso.

Preencher a candidatura não tinha muito que saber, em primeiro lugar colocávamos o que sonhávamos, depois tínhamos duas hipóteses jogar pelo seguro e colocar na segunda opção um curso em que tínhamos a certeza que entraríamos ou arriscar mais um bocadinho e deixar essa opção segura para terceiro lugar.

 

A esperança de entrar na primeira opção era pouca, Psicologia tinha uma média alta, fiquei perto, fosse agora entraria não só por a média ser um pouco mais baixa, mas porque poderia escolher como prova de ingresso Geologia o que me daria uma média de entrada bem mais alta.

Confesso que sabia que se entrasse em Psicologia era bem provável que nunca exercesse, mas a ideia de um dia me conseguir entender e perceber os motivos de algumas das minhas atitudes e dos outros era fascinante.

 

A minha segunda opção era algo que não conhecia bem, mas que exercia em mim um encantamento, tinha lido um artigo sobre essa nova profissão com nome estrangeiro e pomposo e agradava-me, agradava-me muito, não só pela profissão em si, mas pela remuneração esperada.

Marketing era uma filosofia de gestão nova, pelo menos em Portugal e como tal não havia muitos licenciados na área, apesar de existirem escolas superiores especializadas no curso não era uma área saturada e as saídas profissionais eram diversas, além disso possuía algo que para mim foi decisivo, era uma formação transversal a todas áreas de negócio, poderia trabalhar em qualquer área, só tinha um senão era um curso do Politécnico.

 

A terceira opção coloquei algo que gostava, mas que na verdade não fazia muito sentido, tirei o 12º ano vertente científico-natural candidatar-me a jornalismo não era muito lógico, mas podia e por isso decidi colocar.

Não imaginava que poderia ter entrado em Jornalismo, pensar que se tivesse alterado a ordem da candidatura a minha vida teria sido completamente diferente faz-me perceber como a nossa vida se pode decidir em segundos.

Na hora de preencher a candidatura hesitei, pensei – E se trocasse a ordem? Tenho quase a certeza que entro em Marketing mesmo colocando na terceira opção… Melhor não, já tinha decidido que era melhor assim.

 

Na altura quando recebi os resultados fiquei tão feliz por ter entrado que não pensei muito no resultado, não sou pessoa de pensar em muitos SES, especialmente naqueles que não posso mudar, ponderar decisões em relação ao futuro alterando variáveis sim, há decisões que obrigam a esse exercício, fazê-lo em relação ao passado é perder tempo e não gosto de perder tempo.

Não obstante, nestes últimos dias não consegui deixar de pensar na importância que o preenchimento de um papel tem na nossa vida, bastava ter alterado uma linha de entrada e a minha vida seria completamente diferente, não interessa se melhor ou pior, seria outra.

Não pelas saídas profissionais, não pela formação, mas pelas vivências, iria conhecer outras pessoas, faria outros amigos, teria outros desgostos, outras alegrias, seria uma pessoa diferente do que sou.

 

Se tomei a melhor decisão nunca saberei, mas isso não me incomoda, gosto do que faço, gosto daquilo que a minha formação me deu e proporcionou e acima de tudo não estou arrependida.

Não digo que se soubesse o que sei hoje não teria mudado algumas coisas no meu percurso académico, mas teria de ir mais atrás, teria de recuar até ao décimo ano, mas quando penso se valeria a pena trocar o que sou hoje por outra coisa que não eu, respondo sempre:

Não.

 

A todos aos que ingressaram agora no ensino superior, independentemente do curso ou dos motivos que vos fizeram escolhe-lo, os meus votos de sucesso, aproveitem a vida de estudante, desfrutem do ambiente académico, esforcem-se, aprendam, partilhem e acima de tudo divirtam-se.

Divirtam-se muito porque aprender é das coisas mais fantásticas que podemos fazer na vida.

 

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