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Língua Afiada

Suspiros (pelo casaco) cor-de-rosa

Sempre gostei de cor-de-rosa, não do rosa elétrico, faísca, chamativo, mas do rosa pastel, clarinho e do rosa velho, tons mais pálidos mas com imensa personalidade.

Alguém se lembrou de colocar o cor-de-rosa na moda e dou por mim a suspirar pelo rosinha, ele é casacos, sapatos, acessórios, blusas, calças, ora são peças em tecidos fofos e macios, quentinhos e invernais ora peças sedosas e frescas e leves a chamar pela primavera.

Tenho entalado um casaco de pelo rosa, embora saiba que é muito provável que daqui a dois anos ninguém queira andar em modo pantera cor-de-rosa, a cor é tão linda, tão feminina, que para mim não passaria de moda, mas infelizmente parece que todos os casacos dessa cor em pelo esgotaram, é moda, já se sabe como é, vai logo tudo a correr comprar mesmo que nem sequer lhes fique bem, não podem ver nada é o que é, não podiam ter comprado antes os amarelos? Não tenho anda contra o amarelo que se note.

Alguma alminha caridosa que goste muito de moda e que esteja sempre atenta a estas coisas, sabe ainda onde há um casaquinho quentinho em pelo cor-de-rosa, comprimento médio e com um pelo decente?

Se souberem avisem por favor.

Enquanto isso e porque quando as mulheres têm um desgosto fashion em tempo de TPM dá asneira comprei outras peças cor-de-rosa, que aguardam dias mais quentes para saírem à rua.

Mais alguém com vontade de comprar roupa cor-de-rosa? Isto provavelmente é vontade de ver chegar a primavera porque para além do rosa ando a suspirar pelo verde, flores rosa, folhas verdes isto mais parece um grito por dias mais amenos e ensolarados.

Só para que não se enganem deixo exemplos dos que não gosto, porque não quero parecer uma ursa de peluche, uma avestruz ou uma mulher das neves rosa.

 

 

 

 O que queria era mesmo algo assim:

 

 outfit-fashionhippieloves-spring-pastel-colors-white-ripped-jeans-faux-fur-coat-pink.jpg

Mais dicas sobre casacos de pelo aqui.

Esperança e desolação, a ambiguidade do desejo

Desejo-te tanto só para te perder, sempre que partes, fica a esperança de te alcançar.

Esfumas-te pelos meus dedos, tento agarrar-te, prender-te com laços inexistentes, ainda por criar, deslaças-te, ofuscas-te nos meandros do sonho irrealizado.

Sinto-me desolada, abandonada por quem nunca me acolheu, as minhas frágeis aspirações quebram-se, aniquilam-se pelo esmagador desânimo da derrota.

Novos mundos edifico na minha mente, realidades onde aconteces, pertences, dominas, qual perfeição almejada impossível de concretizar, mas tão certa, tão correta, tão feliz, tão radiante, tão minha e concreta que é desconcertante acordar para a verdade sem ti.

Não fazes parte de mim, mas acompanhaste-me durante toda a minha existência, não existo sem ti e no entanto, vivo, respiro, desejo só para me desesperar pela tua ausência.

Um dia despertarás em mim e eu despertarei do sonho para vida, num apogeu tudo fará sentido, desejo e objeto alinhar-se-ão como astros celestiais, o meu universo fundir-se-á com os castelos encantados das minhas quimeras, um novo cosmos onde anseios e verdades se encontram e completam.

Desejo-te, perco-te, a desolação assola-me, só para a esperança gritar bem alto, espera, acalma-te um dia ele chegará, nesse dia a felicidade entrará pela tua vida e nunca mais te abandonará.

Saudades do diário de papel

Abro a folha em branco, observo as letras do teclado, troquei o papel pelo ecrã, a caneta pelas teclas, já não tenho espaço para desenhar enquanto aguardo que as ideias fluam.

Não sinto a inspiração do cheiro das folhas, não sujo os dedos com tinta permanente, não rasuro as palavras, não faço riscos, não cubro de borrões o que não quero ver lido.

Perdi as inúmeras correções que fiz ao texto, esqueci-me da palavra que escrevi e apaguei, falta-me o desenho da nuvem a acompanhar o pensamento nublado e a lágrima que desenhava sempre que estava triste.

Faltam-me os olhos, os olhos que esboço após esboço mais se assemelhavam aos olhos do coração e os lábios que lhe davam voz.

As palavras brotam uma após outra dando forma aos pensamentos, mas estão sozinhas, falta-lhes a companhia dos esquiços, dos devaneios, dos contornos indefinidos da minha alma que desenhava continuamente nas folhas dos meus adorados diários.

Saudades do tempo dos meus diários de papel, dos dias em que os minutos pareciam infinitos dentro dos breves instantes dos meus pensamentos que duravam horas.