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Língua Afiada

Surpresa! Portugal tem um problema de natalidade! Deixem-me rir

E porque é que só se preocupam com isso agora quando já receberam sucessivos avisos sobre esta problemática? Há décadas que andam a ser alertados.

Os diversos partidos políticos em vez de fazerem política porque é que não fazem alguma coisa de útil e se unem para realmente mudar este panorama?

Não são precisos estudos para perceber porque é que em Portugal não existem mais nascimentos, nem sequer é preciso pensar muito, basta ter dois dedos de testa e apesar de esta realidade ser avassaladoramente triste revela algo positivo, que os portugueses têm cada vez mais consciência do que é e o que custa ter um filho.

Não é preciso estudar medidas, é preciso implementa-las urgentemente.

-Alargamento da licença de paternidade, a ambos os pais, chega de discriminação, só assim as mulheres não sentirão que estarão sempre a optar pela carreira ou pelos filhos, primeiro mês dois progenitores, mãe até aos 7 meses, pai dos 7 meses aos 12 meses, redução de horário laboral de 2h para ambos até aos 2 anos de idade, não estou a exigir muito o ideal seria acompanhar a criança a tempo inteiro no mínimo até aos 2 anos.

- Redução do horário laboral para 7h a todos os empregos públicos e privados para garantir uma melhor conciliação entre vida profissional e familiar.

- Creches e infantários gratuitos com horários compatíveis com os horários laborais, não adianta o infantário ser gratuito se depois é necessário pagar prolongamento.

- Subsídio mensal, abono, de acordo com as despesas reais dos pais, os valores que usam para os cálculos são absurdos e estão completamente desalinhados com o custo de vida real.

- Reforma do sistema educativo, não estamos a formar máquinas estamos a formar pessoas, é imperativo acabar com os diplomas de mérito e com a corrida às explicações particulares que só causam desigualdades, estas devem ser substituídas por aulas de apoio a alunos que apresentem dificuldades.

- Incorporar no sistema de ensino mais atividades que estimulem competências sociais e criativas, desportos diversos, música, teatro, artes-plásticas, escrita criativa, experiências científicas.

- Sistema de ensino adequado às necessidades do aluno e não a atual forçosa adaptação do aluno ao sistema.

- Alterações no sistema laboral, fim dos estágios não remunerados e limitação dos estágios profissionais, há empresas que usam e abusam deste sistema para terem a custo reduzido mão-de-obra altamente qualificada que nunca é integrada nas empresas.

- Sistemas de incentivos às empresas que promovam melhores condições de trabalho, que tenham planos de carreira para os seus colaboradores e que promovam uma relação saudável entre trabalho e lazer.

- Incentivos fiscais relevantes para famílias com filhos, proporcionais ao número de filhos.

 

Existe ainda o problema dos salários em Portugal, mas aqui a questão é mais complexa, pois o simples aumento do salário mínimo agrava mais do que resolve, viu-se no último aumento que só serviu para retirar dinheiro às empresas para pagarem mais impostos, sendo o rendimento líquido impercetível, quando a medida gerou um aumento significativo do custo de vida.

Aqui é preciso traçar uma estratégia a longo prazo, temos de modificar o nosso tecido empresarial, não podemos ser um aglomerado de micro, pequenas e médias empresas que se limitam a produzir sem pouco valor acrescentarem, é necessário apostar em tecnologia e produtividade parar sermos competitivos e para conseguirmos crescer sem basear o crescimento numa política de baixos salários.

É preciso criar pontes entre o ensino e as empresas, é preciso dar formação aos patrões para uma visão orientada para a gestão.

É imperativo controlar e fiscalizar os investimentos dos fundos europeus e aloca-los ao que realmente importa e a projetos que acrescentam valor, investir em marcas e em marketing.

Como arranjar fundos para as medidas propostas? Acabem com a corrupção, com o compadrio e executem as dívidas a quem deve milhões e deixem de salvar empresas privadas que estão para além de salvação.

Talvez num país mais justo, menos corrupto e que valorize a família, as pessoas tenham mais vontade de ter filhos.

Misoginia – Não é um fantasma inventado pelas feministas

Sinto-me uma preocupada no meio da despreocupação, a minha preocupação prende-se com o avançar inacreditável de ideias extremistas de direita, fascismo, racismo, misoginia e xenofobia.

Ideais que tiverem uma injeção de combustível dada pela pandemia, que só agora começou a ser gasto, nos próximos anos viveremos uma época de euforia e descontrolo que provavelmente culminará com uma crise financeira que será a cereja no topo do bolo para o fascismo se impor.

Enquanto não estão criadas todas as condições para que isso aconteça, chegam-nos notícias de todo lado sobre abusos e discriminação.

As mulheres são vítimas da sua própria falsa moralidade, quando são as primeiras a defenderem os agressores e a culpabilizarem as vítimas.

Dois casos em que os comentários me enojam e assuntam:

"Humilhação". Mulheres-soldado a marchar de saltos-altos causam fúria na Ucrânia

Colocar mulheres a marchar de saltos é uma afronta, é uma total discriminação e é uma estupidez, nem sei como é possível isto estar a acontecer num país supostamente democrático.

Aluna impedida de realizar exame por estar "muito destapada"

Os comentários são brejeiros e machistas, sendo que muitos são provenientes de mulheres, mulheres que possivelmente ainda acham que estarem tapadas as salvará de predadores sexuais, se assim fosse as mulheres que usam burkas estariam a salvo e o que se verifica é precisamente o contrário.

Não sei como estaria vestida a aluna, mas de certeza que não estaria em biquíni ou trajes menores, e se estivesse? Isso faria dela pior aluna? Pior pessoa?

É claro que devemos adaptar a nossa indumentária ao local onde estamos, mas uma sala de exame de uma faculdade não é um santuário, a instituição tem dress code? O dress code foi comunicado aos alunos?

Recordo-me perfeitamente que na época de exames de Junho/Julho, alunos e alunas compareciam nos exames com roupas mais leves e com mais pele à vista, se existiu algum problema por causa disso? Não, nunca.

Somos ainda muito retrógradas, muito tacanhos e muito mesquinhos, que os homens se escudem neste discurso para dominar as mulheres e fazerem delas as culpadas pelas suas faltas de respeito e  falta de valores, apesar de discordar veemente, entendo a perspetiva, agora que mulheres propaguem esse discurso não é passível de compreensão, é só pura ignorância ou maldade.

Continuem a dar aos homens motivos para nos aprisionarem em “bons costumes”, continuem a dar-lhes desculpas para comportamentos impróprios, façam-se de sonsas e alcoviteiras e depois leiam livros como as Cinquenta Sombras de Grey ou vejam séries como a Sex Life enquanto lamentam a vida miserável que levam.

Queixem-se da vida, da falta de tempo, mas depois tratem os homens como reis e senhores, seres especiais que não mexem uma palha, não lhe vá afetar a virilidade, encarreguem-se da gestão da casa, das tarefas domésticas, dos filhos e conciliem isso com um trabalho a tempo inteiro, vivam e sintam-se miseráveis enquanto criticam as mulheres que não têm medo dos homens e do que eles e outras mulheres pensam delas.

E depois as feministas é que estão erradas, são as feministas as frustradas...

Até vos dizia para arranjarem uma vida, mas já que são tão castas e tão bem comportadas, arranjem louça para lavar e roupa para passar, de preferência uma pilha de camisas do marido/namorado.

Tudo ao contrário – multas para quem deixar animais de estimação mais de 12h sem companhia

Em Portugal, a norma não é exigir condições para fazer as coisas bem, é punir as pessoas por não terem alternativas ou reclamar condições para fazer as coisas mal.

Este projeto de lei do PAN é anedótico, mas só o é porque, infelizmente, há pessoas que são obrigadas a se ausentarem de casa mais de 12h e não é assim tão difícil isso acontecer, basta ter duas horas de almoço, um hábito português que não faz qualquer sentido e trabalhar longe de casa e/ou ter de recorrer a múltiplos transportes públicos.

Como escrevi há tempos os portugueses não têm tempo para viver, é claro que não lhes sobra tempo para dedicar aos animais de estimação, falta-nos tempo para os filhos, para os companheiros, como poderia ser diferente com os animais?

A situação não passa por multar as pessoas por estarem fora de casa, mas sim criar condições para as pessoas passarem mais tempo em casa ou em lazer, assim como não faz sentido reclamar de horários mais alargados nas escolas e prolongamentos gratuitos, o que importa reclamar é menos horas de trabalho.

Será que ainda não entenderam que as pessoas são mais produtivas se andarem mais motivadas e menos cansadas, será que é assim tão difícil perceber que a felicidade e o bem-estar são o melhor motor da economia?

Não existe sequer necessidade de experimentação, o modelo está mais que testado e aprovado em outros países, há centenas de estudos que comprovam que bebés e crianças pequenas devem passar mais tempo com a família para o bem da sua saúde física e mental, assim que como há centenas de estudos que afirmam que é benéfico o convívio das crianças com animais de estimação, bem como estudos que comprovam que uma jornada de trabalho longa é prejudicial à saúde e à produtividade que começa a diminuir progressivamente e exponencialmente com o passar das horas.

Não física quântica é a mais pura das verdades, mas parece que ninguém quer saber disto.

Não se entende também porque é que os funcionários públicos trabalham 7h diárias e está estabelecido na lei que para o privado são 8h, bem sei que o está estabelecido é o máximo, mas porque é que é que o máximo não são 7h?

A divisão do dia em 8h de trabalho, 8h de lazer e 8h de sono é uma relíquia da revolução industrial antes de existir a tecnologia de ponta que existe nos dias de hoje e quando as pessoas viviam ao lado das fábricas, atualmente este modelo não faz qualquer sentido, não só não se adequa às necessidades da nossa vida, como não se adequa às necessidades das empresas, devemos trabalhar para a eficiência e a eficácia, fazer as coisas bem no mais curto espaço de tempo.

Quanto à proteção dos animais, concordo inteiramente que se protejam e que se produza legislação para isso, mas convém também dar formação às pessoas, porque na verdade não conheço uma única que pessoa que tenha levado uma multa por maus-tratos a animais, assim como não vejo multas para quem deixa dejetos de animais em todo lado e não respeita a sinalética.

É muito triste ver cães a fazer necessidades nas praias e nos jardins onde depois brincam crianças, há que ter noção que os animais são importantes, mas os humanos, especialmente os que ainda não sabem cuidar de si são mais, se há locais específicos para levar animais a passear são esses que devem usar se os quiserem livres, se os levam para outros locais tenham em consideração o comportamento do animal e o seu próprio comportamento.

Duas notas:

Primeiro, é peculiar que estejam preocupados que se deixe um animal sozinho mais de 12h e ninguém se preocupe que crianças com menos de 3 anos estejam precisamente 12h com estranhos, por mais profissionais que sejam, são estranhos e não lhes conseguem dar a atenção necessária.

Segundo, não menos peculiar é que continuem a querer legislar sem que seja realizada pressão para que seja cumprida a legislação que já se encontra em vigor, aprovar leis para agradar o eleitorado é uma falácia, o que precisamos é de alterar comportamentos pela formação e educação.