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Língua Afiada

Coisas que acontecem lá em casa #12 – Eletrodomésticos

A lâmpada do forno fundiu e parece ser impossível retirar a proteção para a mudar, depois de um olhar atento ao estado geral do forno enquanto o limpava no sábado à tarde, pensei – Acho que vou comprar um forno novo.

O dito já tem quase 11 anos e nunca me encheu as medidas, especialmente no que toca à confeção de bolos, a ideia pareceu-me boa e estava já com o discurso aprumado para dar a notícia ao meu marido.

Entretanto a eletricidade foi-se abaixo, o Moralez diz-me que pelo disparo tinha sido um curto-circuito, pois tinha tentado ligar novamente e não tinha conseguido.

Inspeção a todos os aparelhos eletrónicos lá de casa, descobriu que tinha sido a máquina de lavar roupa, que após inversão a posição da ficha voltou a arrancar e a trabalhar sem problemas.

Só que não, uns 20 minutos depois chega a triste notícia da sua morte anunciada.

Moralez – A máquina de lavar roupa avariou e acho que é o controlador.

Eu – Já não vou comprar um forno novo.

Moralez – Forno?

Eu – Estava a pensar comprar um forno novo, agora já não há forno para ninguém.

 

Ontem na hora de almoço uma colega de trabalho pergunta:

– Então já decidiste Bimby ou Yammi?

Eu – Máquina de lavar roupa.

 

Planos adiados, nem forno, nem máquina de cozinhar que agora o mais importante é mesmo ter a roupa lavadinha.

A boa notícia para vocês? É que provavelmente terão aqui um guia para adquirir uma máquina de roupa em breve, porque sou vossa amiga e vou partilhar convosco a pesquisa exaustiva que fizer ou então vou só comprar a mais económica e não se fala mais no assunto.

Eletrodomésticos a pensar na chegada do bebé.

A lista de compras para a chegada do rebento não para de aumentar e se já temos mais ou menos definido o quarto e mais alguns detalhes para o receber, também temos uma lista para equipar a casa, tratam-se essencialmente de aparelhos que visam facilitar-nos a vida quando o tempo escasseará ainda mais e nossa rotina sofrerá uma mudança abrupta.

A compra de novos aparelhos, alguns de algum valor substancial pode parecer contraproducente quando existem tantas despesas, mas a verdade é que não há nada mais valioso que o nosso tempo e a nossa paciência por isso até ao nascimento tentarei adquirir:

 

- Robot de Cozinha

Para facilitar o planeamento das refeições e deixá-lo literalmente a cozinhar sozinho, é um descanso deixar a comida a ser confecionada sem alterações na temperatura, riscos de queimar, colar, empapar e saber que estará terminada exatamente em x minutos.

 

- Máquina de Secar Roupa

É um investimento que tenho adiado sucessivamente porque vamos sempre arranjando formas de secar a roupa, além disso ambos temos roupa suficiente para não desesperarmos por sol para a secar, mas com um bebé a situação é diferente e é diferente especialmente na questão de passar a ferro, toda a roupa de um recém-nascido deve ser passada a ferro, que é só a tarefa mais aborrecida de todos os tempos, o que é que evita passar a roupa a ferro? Secar a roupa na máquina. Para além de poupar no tempo, ainda poupo na eletricidade já que o ferro gasta mais energia que a máquina e poupo-me a mim de perder horas a passar a ferro.

 

- Aspirador Robot

Esta é uma aquisição que ainda estou a ponderar, mas a verdade é que dá imenso jeito ter um aparelho que se deixa sozinho pela casa e vai recolhendo o pó, as migalhas, os cabelos e os pelos que se vão acumulando pela casa. A comprar irei comprar um dos mais económicos, mas ainda estou a recolher informação se valerá ou não a pena o gasto.

 

- Arca congeladora

Este eletrodoméstico será essencial porque permitirá congelar refeições e alimentos frescos, neste momento escasseia o espaço de congelação lá em casa e por isso teremos de o aumentar forçosamente, ao congelar poupa-se tempo e dinheiro, primeiro dá imenso jeito ter doses de sopa, feijão, grão no congelador prontas a usar, segundo porque dessa forma consigo armazenar os legumes que dão em abundância em algumas altura do ano e que depois terminam obrigando-me a compra-los no supermercado.

 

Se tiverem alguma dica de aparelhos ou eletrodomésticos que nos possam facilitar a vida, as vossas sugestões são como sempre bem-vindas.

Eu, as casas dos outros e as casas à venda

Nunca entrei numa casa em que não mudasse alguma coisa, curiosamente quanto mais gosto e me identifico com o espaço maior a minha vontade de o mudar, não houve até hoje uma única casa que não despertasse em mim a vontade de a personalizar.

Não estamos a falar de detalhes, mas de grandes mudanças que quase sempre envolvem partir paredes, abrir janelas, mudar divisões, mudanças que podem em alguns casos não ser exequíveis por questões arquitetónicas e há situações que me partem o coração como ver uma casa de sonho num local que a deprecia em todos os aspetos, quer estéticos, quer monetários.

 

Dizia-me um amigo arquiteto que a casa tem de ser adaptada a quem a habita, que é preciso adequar a casa ao estilo de vida e hábitos dos donos, não poderia estar mais de acordo e talvez seja por isso que sinto sempre vontade de mudar a organização do espaço e as divisões para uma disposição que faça mais sentido para mim.

O meu ideal de casa mudou ao longo dos anos, não porque os meus gostos mudaram, apenas porque me tornei mais realista e uma casa prática, só de um andar, ampla e com muita arrumação faz muito mais sentido do que uma mansão ou uma quinta rústica, os sonhos não deixam de ser sonhos, mas há uma altura na vida em que a realidade fala mais alto e as prioridades mudam.

 

No fim de contas ainda estou indecisa se ter casa própria é ou não prioridade, com tanto mundo para ver e viver fará sentido fixar-nos num território? Por outro lado, a estabilidade de ter um sítio meu onde me sinta em casa, um porto de abrigo, parece-me boa ideia.

Nos últimos tempos tenho olhado com mais atenção não só para as casas que frequento, mas para diversas opções disponíveis no mercado imobiliário, devo dizer que os preços são obscenos, completamente desenquadrados com o nível de vida dos portugueses e a ideia de sacrificar tudo para ter uma casa para passar a vida a pagá-la desagrada-me completamente, mas dentro dos limites do que acho aceitável tenho visto algumas opções, mas são sempre tiros ao lado.

 

Basicamente dentro das moradias temos as seguintes opções:

Moradias geminadas ou em banda

Modernas, muitíssimo caras, socorrem-se do chave-na-mão, sem obras, sem alterações, tudo novo e pedem uma pequena exorbitância pelos imóveis.

 

Moradias usadas

Pavorosas, a maioria são pavorosas e a precisar de imensas obras para serem habitáveis, mas nem isso impede o mercado de as vender a preços proibitivos, porque a privacidade tem valor e qualquer imóvel independente parece ter um filão de ouro escondido algures.

 

Moradias novas

Aqui estamos a falar de preços loucos, completamente, em alguns casos os preços até se encontram sob consulta para não assustar possíveis compradores, já que muitas pessoas quando se identificam com a casa cometem verdadeiras loucuras e endividam-se até aos 90 anos.

 

Para além dos preços elevadíssimos, o que é que todas têm em comum? Todas necessitam de alterações, mesmo as novas, primeiro porque se cometem erros crassos na construção, claramente porque ainda não se valoriza o trabalho de um arquiteto e porque todos achamos que somos as melhores pessoas para planearmos a nossa casa, segundo porque a maioria é pavorosa, a decoração muda-se com facilidade mas a carpintaria e as louças de WC’s que metem medo são detalhes importantes que custam os olhos da cara para alterar.

 

Não me parece boa ideia pagar por uma moradia geminada ou em banda o mesmo valor que custaria construir uma casa individual, parece-me ainda menos viável pagar por uma casa que necessita de obras, em alguns casos a fundo, o mesmo que pagaria por uma moradia individual de luxo, o preço das moradias novas é mesmo para esquecer a menos que ganhe a lotaria.

Ficámos com a opção do apartamento ou de construção.

Os apartamentos começam a parecer-me a opção mais óbvia, embora claramente inflacionados, paga-se por um apartamento o que se deveria pagar por uma casa geminada, ainda aparecem algumas opções interessantes zero quilómetros, alguns até com a possibilidade de escolha de acabamentos, um bónus.

O problema? A falta de espaço ao ar livre, a falta de privacidade e o barulho dos vizinhos.

 

Porque não construir?

Porque não conheço uma única pessoa que passe por este processo sem doses fatais de stress e que mesmo assim não chegue ao final e não tenha vontade de recomeçar do zero, eliminando uma quantidade gigantesca de erros.

A maioria arrepende-se da decisão ainda na parte burocrática, todo o processo é moroso e dispendioso, taxas, taxinhas e papéis que dão vontade de mandar todo o projeto pela janela.

Após a burocracia vem a dor de cabeça de controlar o que não é possível controlar, corre sempre alguma coisa mal, há sempre imprevistos, há sempre derrapagens financeiras, é uma dor de cabeça diária.

 

Resumindo a menos que se tenha uma disponibilidade financeira enorme que permita comprar, construir, vender, remodelar e se não satisfeito mudar, não há solução ideal.

Eu que ando sempre à procura da solução ideal para tudo vejo-me perante um dilema, que não me tirando o sono, longe disso, me deixa a pensar mais uma vez, vale a pena pensar em casa própria?