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Língua Afiada

Crítica literária #4 - Sonhos Proibidos De Lesley Pearse

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Sonhos Proibidos

De Lesley Pearse

Editor: Edições Asa

 

Costumo guardar para as férias grandes um livro grande e este ano não foi exceção, resolvi ler Sonhos Proibidos de Lesley Pearse, um livro com mais de 600 páginas oferecido pela minha irmã. Já tinha olhado várias vezes para os livros desta autora por causa dos saquinhos que os embrulham, mas nunca comprei nenhum exemplar, tenho tantos livros em lista de espera que está fora de questão comprar mais.

Não fazia ideia se seria bom ou não, era o maior que tinha lá por casa e por isso foi o que levei comigo e em boa hora o fiz.

 

Sinopse:

Londres, 1910. Belle tem quinze anos e uma vida protegida. Graças aos cuidados da ama, ela nunca se apercebeu de que a casa onde vive é um bordel, regido com mão de ferro pela sua mãe. Porém, a verdade encontra sempre maneira de se revelar... Para Belle, será no trágico dia em que assiste ao assassinato de uma das raparigas da casa. Ingénua e indefesa, ela fica à mercê do criminoso, que a rapta e leva para Paris, onde se inicia como cortesã. Afastada do único lar que conheceu, a jovem refugia-se nas memórias de infância e acalenta o sonho de voltar aos braços do seu primeiro amor, Jimmy. Mas Belle já não é senhora do seu destino. Prisioneira da sua própria beleza, é alvo do desejo dos homens e da inveja das mulheres. Longe vão os anos da inocência e, quando é levada para a exótica e decadente cidade de Nova Orleães, ela acaba por apreciar o estilo de vida que o Novo Mundo tem para lhe oferecer. Mas o luxo e a voluptuosidade que a rodeiam não mitigam as saudades que sente de casa, e Belle está decidida a tomar as rédeas da sua vida. Um sonho que pode ser-lhe fatal pois há quem esteja disposto a tudo para não a perder. No seu caminho, como barreiras fatais, erguem-se um continente selvagem e um oceano impiedoso. Conseguirá o poder da memória dar-lhe forças para sobreviver a uma viagem impossível?

 

A leitura absorveu-me de tal forma que foi difícil controlar as horas que passei a ler, li grande uma grande quantidade de páginas na viagem de avião, felizmente que o jogo de damas fez com que não o devorasse inteiro, assim sobraram páginas para a espreguiçadeira.

Imagino as minhas expressões a ler nas tardes solarengas, um tempo fantástico, boa companhia, um mar cristalino de água quente e eu a ler, mas o livro prendeu-me de tal forma que me fez sorrir, rir, chorar e nutrir uma verdadeira empatia por Belle.

Não é um livro para toda a gente, é bastante cru, bastante explícito e muito direto, é um drama vivido e cruel.

Nota-se um belíssimo trabalho de investigação, presente no detalhe das descrições dos locais, descrições que apesar de não serem exaustivas são precisas e fáceis de visualizar, não cansam e elucidam.

Devorei as últimas páginas no regresso a casa, fiquei um pouco zangada com o final do livro, isso acontece-me muitas vezes porque imagino quase sempre um final diferente, mas qual não é o meu espanto quando percebo que o livro não termina.

A vida de Belle continua no livro a Promessa, que a editora fez questão de apresentar ao oferecer-nos as primeiras páginas, fiquei em ânsias, estava quase certa que a minha irmã teria o segundo livro, não me enganei, já está lá em casa à espera que eu tenha tempo para ele.

 

Sobre a autora:

Lesley Pearse é autora de uma vasta obra publicada em todo o mundo. A sua própria vida é uma grande fonte de inspiração para os seus romances. Quer esteja a escrever sobre a dor do primeiro amor, crianças indesejadas e maltratadas, adoção, pobreza ou ambição, ela viveu tudo isto em primeira mão. Lesley é uma lutadora, e a estabilidade e sucesso que atingiu na sua vida deve-os à escrita. Com isso criou o Women of Courage Award para distinguir mulheres comuns dotadas de uma coragem extraordinária.

 

Pela forma como escreve nota-se que vivenciou muita coisa na primeira pessoa, talvez por isso os seus livros, pois acredito que sejam quase todos assim, prendam tanto, pela autenticidade e vivacidade com que são escritos, são tão vividos que nos marcam.

Nota positiva de 8.

Boas leituras.

Crítica Literária #3 - A Pérola

A Pérola de John Steinbeck.

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Se há coisa que não se deve medir pelo tamanho é um livro, porque os há grandes e desprovidos de conteúdo e os há pequenos repletos de uma essência tão forte que parece matéria dos sonhos.

Este foi um daqueles livros em que vidrei, tanto que me forcei a parar para não o terminar no dia em que o que comecei. Quis adiar aquela sensação de ficar órfã de leitura, que sentimos sempre que terminamos um bom livro, mesmo que a estante esteja repleta de bons livros que ainda não lemos.

Este livro é uma poderosa parábola que toda a gente deveria ler, pois é tão atual que poderia ter sido escrito hoje.

Não vos vou falar muito da história digo-vos apenas que é bela e triste como quase todas as que são boas.

Nota positiva de 7.

Boas leituras.

Crítica Literária #2 - O Novíssimo Testamento

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Este foi o segundo livro que me chegou às mãos pelo O Livro Secreto.

Quando li o título fiquei entusiasmada, mas devo confessar que o entusiasmo diminuiu à medida que fui lendo.

 

Sinopse:

Um romance delirante que põe a hipótese de uma ressurreição de Jesus como mulher No tempo em que os Portugueses imperavam sobre o arquipélago de Cabo Verde, aconteceu num domingo de Páscoa, na minúscula freguesia do Lém, estar a morrer a mulher mais beata que a ilha de Santiago conhecera. Interpelando-a as netas sobre a sua última vontade, não quis ela, como seria de esperar, chamar o padre, respondendo em vez disso que gostaria de ser fotografada. Porém, assim que o flash disparou, um mistério inexplicável varreu a ilha de lés a lés; e, quando, ao fim de muitas peripécias, a fotografia foi finalmente revelada, a surpresa foi tão impossível que não houve, no mundo inteiro, uma só alma que conseguisse manter a boca fechada. A ilha quase ia ao fundo com a confusão… Se o Antigo Testamento anuncia a vinda do Messias e o Novo Testamento narra a vida, a morte e a ressurreição de Jesus, este Novíssimo Testamento é uma autêntica revolução: pois dá testemunho da reencarnação de Jesus no corpo de uma mulher – ilhéu e africana – que parece ter vindo inaugurar a Terceira Idade do Mundo mas não está livre de enfrentar os preconceitos sociais, religiosos e políticos do seu tempo.

 

A história é interessante e o autor escreve bem, mas faz parágrafos tão grandes que tornam a leitura do livro muito pesada, chegam a ser páginas inteiras sem interrupções.

É interessante conhecer a cultura da ilha e os seus costumes, a história tem contornos hilariantes e tem situações que é impossível não rir.

Não é de certeza um livro que marca ou que nos faça querer devorar as suas páginas, mas consegue ser uma leitura descontraída pela história cómica que contrasta com uma escrita demasiado densa.

 

Nota média de 5.

Boas leituras.