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Língua Afiada

Sobre The Walkind Dead

O 100º episódio de uma das minhas séries favoritas soube a pouco, demasiada estratégia para parcos resultados, a espectativa era muita, não posso dizer que o episódio foi mau, mas foi morno.

Há um paralelismo interessante entre pai e filho, também Rick procurou gasolina na primeira temporada da série, são visíveis dois futuros possíveis ou dois sonhos, mas se a temporada passada a série arrancou um episódio em que os fãs não conseguiram respirar já não se pode dizer o mesmo deste.

Houve suspense, mas a um certo ponto perguntamo-nos porque é que Rick simplesmente não atira em Negan, por algum acaso ele merece algum respeito?

Ficam ali na conversa que nem sequer é muito interessante.

 

Quem viu o último episódio de Fear The Walking deve ter sentido tal como eu saudade da Madison, uma espécie de versão feminina de Rick mas que já o superou.

Como esquecer aquele torcer de nariz que antecedeu a martelada certeira em Troy?

É de cenas assim que estas séries vivem, imprevisíveis, incríveis que nos deixam boquiabertos e atordoados, com vontade de voltar atrás para perceber afinal o que aconteceu.

Como? Matou-o assim, simplesmente? Espetacular.

 

Não tenho dúvidas que esta temporada guarde uma vingança à altura de Negan, mas por mais que me custe ver morrer personagens, que não seja tudo fácil, o cenário não é para isso.

Esperava mais deste regresso, depois de uma temporada muito morna tinha as expetativas altas, talvez estivessem altas demais, ou talvez me tenha tornado demasiado exigente.

 

Espero que a nova temporada de Strangers Things não seja também uma desilusão.

Entretanto se estiverem à procura de uma boa série e com um cenário de crise, vejam The Handmaid’s Tale até o Kevin de This is Us aconselha a série.

E se não veem This Is Us estão a cometer um enorme, gigante erro.

13 Razões para ver “13 Reasons Why”

Não li o livro que originou a série, provavelmente será melhor que a série, é quase sempre assim, mas devorei os 14 episódios da série, movida não só pela curiosidade, mas também pela incredulidade.

 

As minhas 13 razões para verem “13 Reasons Why”:

 

1 – A série é uma viagem alucinante à realidade dos liceus e aos problemas da adolescência, mais do que recordar a adolescência, a série faz-nos perceber que a adolescência de hoje é muito diferente da adolescência de há 20 anos atrás.

 

2 – Começa pelo final e isso só a torna mais interessante, assim que a série começa ficamos a saber como termina, como o suicídio de Hannah Baker, mas isso só desperta ainda mais interesse na história.

 

3 – A forma como a trama se desenrola, Hannah deixa 13 cassetes onde explica os motivos que a levaram a por termo à própria vida, cada cassete explica a intervenção de um colega de liceu, vamos recuando na vida de Hannah e vivenciando todos os momentos que contribuíram para o seu suicídio, do mais pequeno ao maior.

 

4 – A dissonância entre o analógico e o digital, num mundo totalmente digital, Hannah escolhe deixar o testemunho em cassetes, o que é em si uma afirmação, porque o digital foi um grande contribuidor para o seu drama.

 

5 – O brilhante desempenho de Dylan Minnette como Jason Clay, minuciosamente construída, é a personagem central da série, mais marcante que Hannah, é a personagem de Jason quem nos mostra como tudo aconteceu.

 

6 – Sem eufemismos, a série é acusada de tratar assuntos graves com leveza, não considero que seja leveza, mas sim pureza, a série é crua e mostra a crueldade das pessoas, explora o outro lado, demonstra a diferença entre o que as pessoas demonstram e o que elas realmente pensam.

 

7 – É chocante, é realmente chocante percebermos como os adolescentes podem ser cruéis, como reagem perante uma tragédia e como o seu egoísmo e a sua necessidade de serem aceites ultrapassa os seus valores, deixando para trás o que acreditam e o que consideram ser certo.

 

8 - Mais chocante ainda é percebermos a importância e o perigo das redes sociais e do acesso fácil a fotografar e a filmar, onde a privacidade parece ser um conceito ultrapassado e onde é muito mais importante obter feedback dos colegas do que proteger a dignidade e a privacidade de uma pessoa.

 

9 – É um alerta para os pais e para a sociedade em geral, verdadeiramente não sabemos o que fazem e o que pensam os nossos filhos, sempre foi assim, mas hoje é pior, porquê? Há 20 anos não tínhamos a nossa vida devassada na Internet, uma vez online, para sempre online, como esquecer uma humilhação se ela estará para sempre perpetuada na rede?

 

10 – As diferentes perspetivas dos acontecimentos de acordo com os interesses e experiências dos diferentes personagens, na série a noção do certo e errado molda-se aos personagens, a sua perspetiva é tão marcante que chega a fazer-nos questionar a verdade de Hannah e se o seu lado dramático não foi o maior motivo para a tragédia. Há sempre dois lados de cada história.

 

11 – Realização, a história é contada de uma forma diferente e o realizador soube aproveitar bem o desenrolar da trama para envolver o espectador, os planos crus e explícitos das cenas mais intensas da série são realmente chocantes e assustadoramente credíveis, a cena do suicídio de Hannah fez-me desviar o olhar, o que não é fácil de acontecer, é uma cena violenta psicologicamente.

 

12 – Fotografia, os planos da série são fantásticos, os mais simples e intimistas que aproximam e revelam as emoções das personagens são os mais interessantes e incomodativos, chegamos a sentir-nos incomodados muitas vezes pelo que as personagens sentem, mas não dizem em voz alta.

 

13 – Excelente banda sonora, numa série com uma componente dramática tão grande a música é importantíssima e a Netflix sabe-lo e aproveita a música muitíssimo bem para dar a carga emocional necessária a cada momento, a versão da música Only You de Selena Gomez, ficou a ecoar-me na cabeça.

 

A série é uma chamada de atenção e desengane-se quem pensa que por ser uma série que explora o mundo dos adolescentes é uma série para adolescentes, pelo contrário, é uma série para adultos.

 

Séries #6 The Crown - A série que há muito fazia falta.

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Há imensos filmes sobre a monarquia, uns mais idílicos, outros mais verídicos, o cinema é rico e prodigioso em dramas monárquicos e até em alguns contos de fadas.

A Realeza inspira e faz sonhar, há curiosidade sem ver o que acontece por de trás da cortina, há essa curiosidade em relação às monarquias atuais e há também um certo fascínio sobre como viveram e governaram as monarquias do passado.

A série The Crown e a série Victoria vieram preencher esse imaginário. Já tive oportunidade de ver a The Crown, talvez veja Victoria mais tarde.

Sobre The Crown devo dizer que como consumidora ávida de séries, esta é uma obra-prima, goste-se ou não do estilo, do tema, é incontornável que é uma grandiosa produção com excelentes prestações de um elenco soberbo.

 

A história não é desconhecida, é inspirada na vida da Rainha Elisabete II e é sobre um passado relativamente recente no que respeita à história da casa real inglesa.

Não sei até que ponto o relato da vida familiar da Rainha Elisabete II é verídico, mas a forma como a sua vida é contada é ao mesmo tempo cativante e intrigante. A série dá-nos uma perspetiva completamente diferente da monarquia, da sua importância, do seu papel na história de Inglaterra e do Mundo.

A primeira temporada surpreende porque vai muito além do óbvio, aborda dilemas, dramas e incertezas de uma vida que de romântica tem muito pouco, uma visão crua mas polida das ligações da família real.

Se gostam de séries históricas irão com certeza devorar os 10 episódios que apesar de terem mais de 50 minutos passam rapidamente, se não são fãs da temática vejam à mesma, é uma produção incrível que vos irá cativar pela beleza dos detalhes e pelas interpretações.

 

Considerada por muitos a melhor série de 2016, roubou o Globo de Ouro de melhor série dramática a Game of Thrones, mas para além da série da HBO tinha outros dois correntes à altura West World e Strangers Things, mas deixemos estas para mais tarde.

Poderia dar-vos milhares de argumentos para ver a série mas derrotar estas três séries é suficiente, especialmente sendo uma série Netflix.