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Língua Afiada

As minhas séries #6 La Casa de Papel

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***Não tem spoilers***

 

Das séries mais viciantes que já vi, assim de repente só me lembro de ter colado desta forma em The Game Of Thrones, queremos ver episódio atrás de episódio para desvendarmos o final, por várias vezes tive vontade de ver o último episódio só para perceber o destino daqueles assaltantes com nomes de cidades.

Um grupo de oito assaltantes recrutados e liderados pelo “Professor” passa cinco meses a estudar um assalto à Casa Nacional da Moeda Espanhola, entram no espaço e barricam-se com reféns no interior para imprimir milhões de euros impossíveis de rastrear, enquanto o Professor controla habilmente o assalto e as autoridades do exterior.

As personagens são fantásticas, muitíssimo bem construídas, começamos por sentir empatia pela causa, depois carinho pelos seus motivos e finalmente queremos que vençam, que saiam da Fábrica de Papel inteiros e bilionários.

 

Queremos que vençam os maus, porque na série os maus afinal são os bons, queremos que batam o sistema, que façam história, a certo ponto do enredo começamos mesmo a detestar alguns reféns, ganhámos cada vez mais respeito pelos assaltantes e só queremos que todos saiam são e salvos do assalto do século.

No meio e tanta tática, manipulação, estratégia e planeamento somos constantemente surpreendidos pelas soluções que o Professor encontra para resolver os diversos imprevistos que vão surgindo, situações limite que nos deixam em suspenso e que nos fazem querer sempre ver o episódio seguinte.

 

A história poderia ficar por aqui, mas não, pelo meio do brilhante plano e das diversas situações que acontecem, há tempo para conhecer as personagens, os seus medos, dilemas, sonhos, em cinco meses os membros do assalto tornaram-se a família que muitos deles nunca tiveram, mas o cansaço, o stress, a privação de sono e os contantes imprevistos fazem que com que estejam sempre a ponto de perder a cabeça e deitar tudo a perder.

Do lado de fora o Professor manipula habilmente e de perto as autoridades, aproxima-se de Raquel a inspetora responsável pela moderação com os assaltantes, se num minuto ouvimos as hilariantes conversas que ambos têm telefonicamente, nos minutos seguintes conversam presencialmente, enquanto receamos que o Professor dê um passo em falso e seja apanhado.  

A minha personagem favorita é a Tóquio, embora cometa muitos erros durante o assalto, o seu temperamento e a sua garra são incríveis, mas todas as personagens têm personalidades fascinantes e complexas.

O melhor da série é que é quase impossível adivinhar o que acontecerá a seguir, podemos adivinhar o final, mas nunca o caminho para lá chegar, na série toda só consegui desvendar um detalhe antes de ser desvendado no último episódio.

 

Pelo meio de tiroteios, stress e muita adrenalina há espaço para o amor e são várias as histórias que vamos conhecendo ao longo da semana que os assaltantes se barricam na Casa Nacional da Moeda.

É precisamente as constantes alterações do passado e do presente, entre o que se passa no exterior e no interior que dão uma dinâmica vertiginosa à série, pois em vez de abrandarem o ritmo dão-nos ainda mais vontade de conhecer o final do Professor, de Berlim, Tóquio, Rio, Nairobi, Oslo, Helsínquia, Denver e Moscovo.

No final da série há espaço para explicar alguns detalhes como a escolha das máscaras, da música, tudo pensado para vencer o sistema.

 

Uma nota se derem por vocês a dizer ou a pensar palavrões em espanhol, não se espantem, deve ser geral, é impossível não ficar com aqueles chavões na cabeça. Também podem tentar rir como o Denver, tentei e cheguei a conseguir.

 

Por mais tentador que seja fazer uma sequela, não o façam, é altamente improvável que consigam manter o nível de qualidade, uma série destas só se faz uma vez.

Quando terminarem a Casa de Papel ou se já terminaram, para não se sentirem órfãos de séries vejam “O Mecanismo” também na Netflix, falarei dela noutro dia.

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