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Língua Afiada

As palavras pesam

No meio da impaciência alguém tem que respirar fundo e ser paciente. Mas terei de ser sempre eu?

Estou cansada de ser sempre a diplomata, a que não arranja problemas, a que muda os planos, a que se mantém sempre a calma. A que morde os lábios em pensamento, a que contrai o estômago ao engolir as palavras que queimam da boca ao esófago e chegam lá a ferver.

Às vezes gostava de voltar aos tempos em que em qualquer circunstância dizia o que pensava, não me importava com os estragos das palavras nos outros, mas a mim não me estragavam o estômago, agora engulo tantas palavras que deve ser essa causa do meu aumento de peso.

Dizem que as palavras têm peso e medida, a mim pesam-me muito, às vezes demasiado.

Mas será que vale a pena? As pessoas têm ouvidos moucos, só ouvem o que querem e o que gostam, não mudam, mesmo quando admitem que erram acabam por voltar a cometer os mesmos erros.

Tal como eu, acho sempre que há esperança, que pode existir mudança, as pessoas não mudam, a história repete-se. Poderia ficar menos triste sempre que a história se repete? Poderia, mas não fico, fico igualmente triste e ainda mais frustrada por ter acreditado, por ter tido esperança.

Quando a revolta se acumula explodo e perco toda a razão porque com as emoções ao rubro não consigo ser concisa e precisa, não digo o que quero verdadeiramente dizer, em vez de engolir as palavras enrolo-as, esqueço-me delas.

Às vezes sinto que carrego o mundo nas costas, como se a vida que eu gostaria de ter dependesse só de mim, como fosse possível mudar as pessoas que me rodeiam, como fosse possível mudar o mundo. Ahhhh como eu gostaria de mudar o mundo.

O fardo desvanece à medida que transfiro o peso das palavras que carrego para a folha em branco, primeiro bailam na tela, depois assumem a forma de frases, de parágrafos e por fim são um texto completo, um pensamento.

Respiro de alívio, afinal tudo o que preciso é escrever para expulsar o peso das palavras de dentro de mim.

2 comentários

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    Psicogata 11.08.2016 12:00

    O problema é que algumas pessoas são demasiado próximas para me afastar, não é uma questão de conselhos é uma questão de laços que devem ser nutridos de parte a parte. Mas tens razão tenho de olhar para a minha vida e quem quiser fazer parte dela que arrepie caminho, nunca fechei a porta a ninguém, mas não preciso de estar sempre a convida-los a entrar.
    O mais parvo é que as pessoas não fazem nada para estar juntas e depois reclamam disso e ainda invejam quem o faz.
    Perco a paciência.
    Mas o melhor é mesmo assobiar e seguir em frente.
    Obrigada.
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