BASTA!
Otimista por natureza confio sempre que tudo correrá bem.
Idealista por carácter creio sempre na justiça.
Íntegra por princípio acredito sempre no equilíbrio.
Três caraterísticas que até hoje me ajudaram a encarar a vida com confiança, com um sorriso no rosto e com esperança.
Três caraterísticas que não são mais que três defeitos que advêm todos da ingenuidade de acreditar que neste mundo ainda existe algum sentido de justiça, recompensa e equilíbrio.
Não há!
É preciso de uma vez por todas aceitar que as frases feitas que nos impingem para suportarmos com mais facilidade o fardo da vida são tão ardilosas como a noção de paraíso e de inferno.
Nem tudo se paga nesta vida e pouco me interessa se pagarão na próxima ou no outro lado, não estarei lá para ver.
Por isso o conforto que isso me oferece não chega a ser zero, é menos, é negativo.
Tudo o que consigo sentir é uma sensação desesperante de injustiça, impotência e fúria.
Na vida deparamo-nos com situações incontornáveis, infortúnios, azares, doenças, mortes, acidentes que vemo-nos obrigados a aceitar resignados porque contra as questões aleatórias, inesperadas e imprevisíveis da vida nada podemos fazer.
Em tudo o que depende de nós temos duas soluções aceitar em silêncio ou lutar pelo que acreditamos, conscientes que ficaremos sempre a perder, o silêncio mais tarde transformar-se-á num barulho ensurdecedor que nunca nos deixará dormir descansados, a luta esgota-nos, drena-nos, obriga-nos a dissecar o problema até ao ínfimo detalhe consumindo-nos o pensamento e o tempo.
Mas quando não é uma questão de recompensa, quando é uma questão de equidade, justiça, verdade, lealdade. O que fazemos?
Remetemo-nos ao silêncio ou gritamos?
Não sei, é difícil decidir a quente.
A única coisa que digo é BASTA!
Decida lutar ou remeter-me ao silêncio de mim nunca mais terão um sorriso no rosto.
BASTA!
Se me tratam com fel, não esperem mel, esse guardo-o para quem me adoça o espírito.
BASTA!