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Língua Afiada

Como assim não há dinheiro?

Não há dinheiro, provavelmente esta frase deve ter sido uma das poucas vezes em que António Costa foi completamente honesto e sincero, sem malabarismos, eufemismos, desculpas esfarrapas, limitou-se a dizer a verdade não há dinheiro.

Os mais atentos, independentemente da cor política, há muito que sabem que não há dinheiro, mas na sociedade em geral há a crença genuína que a austeridade acabou e que Portugal prospera, há uma diferença importante entre crescer e prosperar, mas são cálculos e fórmulas muito complicadas e ao povo interessa apenas saber se a economia cresce e se a austeridade acabou, no fundo só precisam saber que a situação económica do país está melhor, não importam os detalhes.

 

É precisamente nos detalhes que está o diabo, o diabo das contas públicas assume muitas formas, pode ser uma agência de rating, o Banco Central Europeu, o próprio Banco de Portugal ou até o Instituto Nacional de Estatística, mas estes diabos não têm a mesma capacidade de envangelização que o novo Messias, essa personagem simpática e bem-falante que é António Costa que anuncia um admirável mundo novo, que só podemos acreditar existir se o mesmo operar um milagre.

Nesse mundo utópico em que a austeridade terminou magicamente e que o dinheiro não nasce de plantações, mas de cativações, as pessoas vivem alegres e despreocupas, crentes que Portugal prospera e que realmente as suas vidas melhoraram.

Pessoalmente continuo sem perceber como é que isso aconteceu, sou muito descrente, mas o que sei é que o custo de vida tem aumentado consideravelmente, sinto-o sempre que vou ao supermercado, e os ordenados têm-se mantido praticamente iguais, se o ordenado mínimo aumentou as restantes categorias não lhe seguiram o exemplo, como é possível então que se gaste mais? Simples, andamos novamente a gastar o que não temos porque perdemos o receio, o medo desse fantasma do passado chamado austeridade.

Mas está tudo bem, a economia cresce, recupera, o défice (não a dívida pública) diminuiu, não há receios, a vida é tranquila e segura.

 

Mas António Costa disse que não havia dinheiro!

Como assim não há dinheiro? Não dinheiro para os professores, mas é só para os professores e logo para esses que não fazem quase nada, que têm 3 meses de férias e o privilégio de conviver com essas criaturas magníficas, crianças e jovens tão bem educados, inteligentes e encantadores, para esses não há dinheiro e é bem feito.

Não podem é dizer que não há dinheiro para os velhinhos, se tiram dinheiro aos velhinhos arruínam a imagem, não importa nada que não haja dinheiro para contratar médicos e enfermeiros para cuidar deles, não importa nada que se apinhem em corredores de hospitais porque não existem camas suficientes, o que importa é que não se diga em voz alta que não há dinheiro para as suas parcas reformas.

 

Não há dinheiro?

Esqueçam lá isso, claro que há dinheiro, então a economia não está a crescer.

É claro que há dinheiro.

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