Contrastes de velocidades em período de férias
Em véspera do período de férias mais apetecível, ou mais exigido, dos portugueses há um contraste desconcertante entre quem se prepara para entrar de férias e quem regressa de férias e quem ainda tem de esperar para as gozar.
Enquanto uns se desligam lentamente do trabalho, adiam tarefas e empurram com a barriga decisões, outros desdobram-se para ter em dia todo o trabalho, para não ficar com pendentes e evitar ao máximo as surpresas durante a ausência dos colegas.
Sinceramente nunca entendi este desligar precoce, para mim as vésperas de férias são sempre complicadas, com imensos assuntos a resolver e imensas indicações a dar, que envolvem listas das tarefas que os colegas têm de tratar e pontos de situação para que não existam dúvidas, o que lhes facilitará o trabalho a eles e as férias a mim, pois nem eles gostam de me incomodar, nem eu de ser incomodada.
Com algum esforço extra antes do merecido descanso é possível evitarem-se constrangimentos, é precisamente nestas situações que conseguimos avaliar a qualidade, a responsabilidade e o profissionalismo dos nossos colegas, infelizmente nem sempre a avaliação é positiva, já que o egoísmo de uns prejudica a responsabilidade de outros.
O mesmo se passa quando se pede para resolver assuntos perto do horário de saída, uns acolhem o pedido e tentam ao máximo ajudar para que o assunto não fique pendente para o dia seguinte, outros respondem imediatamente que não podem, mesmo que não demore mais de dois minutos a tratar da questão.
Este desligar e este desleixo não ajudam em nada à produtividade das empresas, não adianta trabalhar 8 horas se efetivamente não rendemos durante esse período, seria muito mais produtivo para todos ter um horário mais curto, durante o qual a dedicação e o foco fossem de 100%, sem cafés, conversas, distrações, pausas e outras estratégias às quais recorremos para não enlouquecermos por estarmos fechados durante 8h, sem contar o horário de almoço, no mesmo espaço.
É urgente reorganizar os horários de trabalho, mas também é urgente mudar mentalidades, quer dos empregadores, quer dos empregados.