E tu estás acordado?
A Lipton resolveu fazer uma experiência social para perceber se as pessoas estão realmente ligadas ao mundo.
Será que estão?
O vídeo impressiona pelo contraste entre o que as pessoas acham que farão em determinada situação e entre o que efetivamente fazem.
O caso do carrinho de bebé é realmente impressionante, como é possível tantas pessoas passaram e ninguém perceber que está ali um carrinho abandonado?
Porque é que isso acontece?
Porque as pessoas andam de olhos abertos, mas não estão realmente acordadas, estão desligadas do mundo, conectadas ao seu mundo ou ao mundo virtual.
Estamos, mas é como se não estivéssemos, é como estarmos rodeados de pessoas e sentirmo-nos sós.
Excelente campanha da Lipton, passo a publicidade, que foca um dos dramas da sociedade atual, o individualismo, a alheação ao mundo, a dissonância entre o pensar e o fazer, a mostrar que as empresas/marcas devem ser socialmente responsáveis.
As pessoas têm os valores presentes, até sabem o que é correto, muitas delas até atiram a pedra ao telhado dos outros, mas todos temos telhados de vidro porque entre saber o que é correto e fazer o que é correto há uma distância, que pode ser o desviar do olhar do ecrã para o lado ou apenas a distância que vai entre o olhar alienado e o olhar consciente.
Numa sociedade feliz somos todos mais felizes, para a sociedade ser feliz é preciso existirem trocas, cedências, ajudas mútuas, eu ajudo hoje, para ser ajudado amanhã, se andarmos todos distraídos ninguém ajuda ninguém, estamos mais desamparados, mais sós.
A simpatia e a ajuda ao próximo funcionam como uma corrente, quem ajuda sente-se bem em ajudar e por isso ajudará mais vezes, quem é ajudado fica com mais predisposição em ajudar alguém e ajudará alguém amanhã, quem sabe um dia não ajudará quem o ajudou hoje. É uma reação em cadeia.
No bulir atarefado dos dias, no descontentamento com a situação profissional, na pressão de esticar o ordenado até ao final do mês, com aquele imprevisto que nos arruína os planos é difícil olharmos para além de nós, dos nossos problemas, do nosso mundo.
Se a felicidade está nas pequenas coisas também está nos pequenos gestos e ajudar alguém a transportar um saco pode ser um pequeno gesto para nós, mas pode fazer a diferença no dia do idoso que está com dificuldades em atravessar a rua e que sem ajuda perderá o autocarro. No final do dia esse gesto pode ter sido mesmo o melhor que fizemos durante o dia todo e por mais insignificante que possa parecer fez-nos sentir úteis, prestáveis e solidários, que é uma sensação maravilhosa.
Liguem-se ao mundo, não o façam pelos outros, façam-no por vocês, para se sentirem bem em ajudar hoje e para que sejam ajudados amanhã.