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Língua Afiada

Em Portugal não há racismo… claro que há!

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Há assassinos, mas não há racismo, nem machismo, nem xenofobismo, esses “ismos” que tantos teimam em dizer que não estão presentes na nossa sociedade, talvez porque confundam a nossa constituição com o nosso conjunto de valores, a nossa constituição supostamente não discrimina, mas o mesmo não se passa com a nossa sociedade.

Há tanto racismo em Portugal que a notícia de um homem morto à queima-roupa, em plena luz do dia com dezenas de testemunhas foi dada a meio das notícias, sem grande tempo de antena, como se de um crime trivial se tratasse, afinal há homicídios à mão-armada todos os dias em Portugal, até parece que é algo que seja comum ver-se nas notícias.

Há tanto racismo em Portugal que mesmo tratando-se de um ator, embora pouco reconhecido, nem isso foi suficiente para darem a este crime hediondo as manchetes que dão a outros temas, porquê? Simples, a audiência pouco se importa com esta vítima, não se revê nela, não a reconhece como igual, provavelmente até encolhem os ombros e encontram desculpas para o crime, afinal deverá ter feito alguma coisa para que o pobre homem de 80 anos o tenha morto.

Parece irrelevante que a família tenha afirmado de imediato que o assassino já o havia ameaçado de morte três dias antes e tenha proferido insultos racistas, o típico – “Vai para a tua terra!”

Esta afirmação tão estúpida e ignorante que é proferida vezes sem conta contra negros, mas também contra brasileiros, ucranianos e contra todos aqueles a quem os portugueses acham que lhes podem causar dano.

Incrível como um país que tem uma herança tão grande e pesada de conquista e colonialismo, caracterizado por ter uma enorme percentagem de emigrantes há tanta aversão a estrangeiros, mas só àqueles que considera inferiores a si, porque é ver os portugueses a bajular ingleses, alemães, franceses, holandeses, desde que não sejam hippies, porque aí já passam de bestiais a bestas.

Continuamos a tapar o sol com a peneira escusados nos brandos costumes, enquanto não enfrentarmos de frente o problema do racismo ele não desaparecerá por magia, mesmo sendo crime podemos encontrar afirmações racistas por todo lado, basta ler os comentários nos jornais, as pessoas nem sequer têm vergonha ou medo de serem racistas e não temem uma punição por esse crime, não temem porque ele passa impune na grande maioria dos casos.

Não consigo entender como é que alguém consegue catalogar e marcar outra pessoa só pela sua cor, etnia ou proveniência, tão informados, tão tecnológicos e tão ignorantes, deve ser este o maior paradoxo da atualidade.

À família de Bruno Canté Marques as minhas mais sinceras condolências, deve ser devastador ter um ente querido que sobrevive a um acidente para depois o ver ceifado à vida por um homicídio estúpido motivado pelo racismo. É preciso muita coragem para enfrentar esta dor.

2 comentários

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    Psicogata 28.07.2020 11:51

    O mais incrível é as pessoas tentarem justificar que não há racismo sendo racistas!?
    Serão assim tão ignorantes que não conseguem ver a sua incoerência?
    Além de ignorantes e racistas, são más e sem empatia, tentam justificar um crime atribuindo culpas à vítima só porque é negro.
    Já li tanta asneira e tanta justificação parva, as pessoas realmente não têm a mínima noção do perigo e do mal que o racismo faz, parece que é uma coisa abstracta que alguém inventou e que nunca fez mal ou matou ninguém.
    Com tanta informação e educação ainda conseguem achar que há culturas e cores de pele superiores e pior ainda acham que são donas de algum território, nem com o Covid-19 perceberam que nada nos distingue.
    Medo destes tempos em que se diz que defender os direitos humanos é apenas uma moda. Está tudo doido.
    Beijinho
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