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Língua Afiada

Entrada no ensino superior

Há uma semana que não dormia direito com tamanha excitação, sabia no meu íntimo que tinha feito a candidatura de forma a garantir a entrada na Universidade, sabia que entrava, mas não sabia em que curso.

Preencher a candidatura não tinha muito que saber, em primeiro lugar colocávamos o que sonhávamos, depois tínhamos duas hipóteses jogar pelo seguro e colocar na segunda opção um curso em que tínhamos a certeza que entraríamos ou arriscar mais um bocadinho e deixar essa opção segura para terceiro lugar.

 

A esperança de entrar na primeira opção era pouca, Psicologia tinha uma média alta, fiquei perto, fosse agora entraria não só por a média ser um pouco mais baixa, mas porque poderia escolher como prova de ingresso Geologia o que me daria uma média de entrada bem mais alta.

Confesso que sabia que se entrasse em Psicologia era bem provável que nunca exercesse, mas a ideia de um dia me conseguir entender e perceber os motivos de algumas das minhas atitudes e dos outros era fascinante.

 

A minha segunda opção era algo que não conhecia bem, mas que exercia em mim um encantamento, tinha lido um artigo sobre essa nova profissão com nome estrangeiro e pomposo e agradava-me, agradava-me muito, não só pela profissão em si, mas pela remuneração esperada.

Marketing era uma filosofia de gestão nova, pelo menos em Portugal e como tal não havia muitos licenciados na área, apesar de existirem escolas superiores especializadas no curso não era uma área saturada e as saídas profissionais eram diversas, além disso possuía algo que para mim foi decisivo, era uma formação transversal a todas áreas de negócio, poderia trabalhar em qualquer área, só tinha um senão era um curso do Politécnico.

 

A terceira opção coloquei algo que gostava, mas que na verdade não fazia muito sentido, tirei o 12º ano vertente científico-natural candidatar-me a jornalismo não era muito lógico, mas podia e por isso decidi colocar.

Não imaginava que poderia ter entrado em Jornalismo, pensar que se tivesse alterado a ordem da candidatura a minha vida teria sido completamente diferente faz-me perceber como a nossa vida se pode decidir em segundos.

Na hora de preencher a candidatura hesitei, pensei – E se trocasse a ordem? Tenho quase a certeza que entro em Marketing mesmo colocando na terceira opção… Melhor não, já tinha decidido que era melhor assim.

 

Na altura quando recebi os resultados fiquei tão feliz por ter entrado que não pensei muito no resultado, não sou pessoa de pensar em muitos SES, especialmente naqueles que não posso mudar, ponderar decisões em relação ao futuro alterando variáveis sim, há decisões que obrigam a esse exercício, fazê-lo em relação ao passado é perder tempo e não gosto de perder tempo.

Não obstante, nestes últimos dias não consegui deixar de pensar na importância que o preenchimento de um papel tem na nossa vida, bastava ter alterado uma linha de entrada e a minha vida seria completamente diferente, não interessa se melhor ou pior, seria outra.

Não pelas saídas profissionais, não pela formação, mas pelas vivências, iria conhecer outras pessoas, faria outros amigos, teria outros desgostos, outras alegrias, seria uma pessoa diferente do que sou.

 

Se tomei a melhor decisão nunca saberei, mas isso não me incomoda, gosto do que faço, gosto daquilo que a minha formação me deu e proporcionou e acima de tudo não estou arrependida.

Não digo que se soubesse o que sei hoje não teria mudado algumas coisas no meu percurso académico, mas teria de ir mais atrás, teria de recuar até ao décimo ano, mas quando penso se valeria a pena trocar o que sou hoje por outra coisa que não eu, respondo sempre:

Não.

 

A todos aos que ingressaram agora no ensino superior, independentemente do curso ou dos motivos que vos fizeram escolhe-lo, os meus votos de sucesso, aproveitem a vida de estudante, desfrutem do ambiente académico, esforcem-se, aprendam, partilhem e acima de tudo divirtam-se.

Divirtam-se muito porque aprender é das coisas mais fantásticas que podemos fazer na vida.

 

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