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Língua Afiada

Esperança e desolação, a ambiguidade do desejo

Desejo-te tanto só para te perder, sempre que partes, fica a esperança de te alcançar.

Esfumas-te pelos meus dedos, tento agarrar-te, prender-te com laços inexistentes, ainda por criar, deslaças-te, ofuscas-te nos meandros do sonho irrealizado.

Sinto-me desolada, abandonada por quem nunca me acolheu, as minhas frágeis aspirações quebram-se, aniquilam-se pelo esmagador desânimo da derrota.

Novos mundos edifico na minha mente, realidades onde aconteces, pertences, dominas, qual perfeição almejada impossível de concretizar, mas tão certa, tão correta, tão feliz, tão radiante, tão minha e concreta que é desconcertante acordar para a verdade sem ti.

Não fazes parte de mim, mas acompanhaste-me durante toda a minha existência, não existo sem ti e no entanto, vivo, respiro, desejo só para me desesperar pela tua ausência.

Um dia despertarás em mim e eu despertarei do sonho para vida, num apogeu tudo fará sentido, desejo e objeto alinhar-se-ão como astros celestiais, o meu universo fundir-se-á com os castelos encantados das minhas quimeras, um novo cosmos onde anseios e verdades se encontram e completam.

Desejo-te, perco-te, a desolação assola-me, só para a esperança gritar bem alto, espera, acalma-te um dia ele chegará, nesse dia a felicidade entrará pela tua vida e nunca mais te abandonará.