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Língua Afiada

Não se pode criticar Trump por cumprir promessas. Hipocrisia e esquecimento.

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Obviamente que devemos criticar e exigir pelos meios que estão ao nosso alcance que se acabe com a barbaridade de separar os filhos dos pais, mantendo crianças e jovens em jaulas como se fossem animais em condições deploráveis.

Devemos fazer-nos ouvir para que organismos, entidades, governos façam pressão sobre a administração Trump e não nos devemos calar por mais que a voz (alma) nos doa.

 

Pessoalmente, sempre agoirei que Donald Trump como presidente seria um desastre, uma pessoa má, sem valores e sem escrúpulos à frente da primeira economia mundial e, sejamos sinceros, do país que lidera, que inspira o resto do mundo nunca poderia ser bom, só poderia ser péssimo.

Donald Trump tem muitos defeitos, mas em termos políticos temos de assentir que faz promessas com intenção de as cumprir, esta política de tolerância zero foi promessa que agora cumpre, custa-me por isso que hoje muitos dos seus apoiantes surjam como virgens ofendidas a dizer que existem limites, que a aplicação da lei é inadmissível, que separar mães de filhos é imoral.

 

De estranhar que o reverendo Samuel Rodriguez só agora se preocupe com as políticas “terríveis” de Trump, este e outros membros do clero católico que apoiaram Trump parecem surpreendidos com a crueldade do presidente, o que em termos práticos se pode comparar a um padre estranhar que o diabo o queira levar a cair em tentação.

Não é passível de entendimento que uma pessoa com um mínimo de inteligência e pensamento crítico possa ficar surpresa com esta atitude de Trump, o homem que anunciou aos quatro ventos que iria impedir os migrantes de entrar, anunciou até um muro, um muro que quer a toda a força construir e está a valer-se de uma lei aprovada pelos democratas para o fazer, num braço de ferro que apesar de ir contra toda a lógica irá levar até às últimas consequências, não estivéssemos a falar de Trump.

 

Portanto o problema não é negar asilo, aliás manter os migrantes do outro lado de um muro, um muro imaginário que construirmos na nossa mente não choca ninguém, o que o coração não vê, não sente, o problema é a realidade que conseguimos ver e vermos crianças separadas à força dos seus pais choca até os mais insensíveis, especialmente se isso não acontece num país de terceiro mundo, mas nesse grande país dos sonhos USA.

Que belo exemplo que os Estados Unidos da América dão ao mundo, nunca pensei que o país reconhecido por sair em defesa dos fracos e dos oprimidos, salvando a Europa duas vezes da aniquilação pudesse transmitir uma mensagem tão medíocre, avassaladora de todos os valores da liberdade.

Exemplo que muitos líderes europeus parecem querer seguir ao negar asilo aos migrantes que fogem para a Europa à procura do sonho europeu, não há sonho americano, nem sonho europeu, há resquícios de valores como liberdade, igualdade, aceitação, proteção, união.

Numa altura em que se discute o nome de um museu que se quer politicamente correto, não se vá ofender o mundo com a palavra descobrimentos, nega-se asilo, refúgio e comida a milhares de pessoas, como será descrita esta situação nos livros de história?

 

A nossa memória coletiva é pobre, esquecemo-nos muito rápido das atrocidades cometidas no passado, das lições que as guerras nos deixaram e que deveríamos perpetuar para todo sempre, para que nunca mais se repetissem.

O ser humano compadece-se com a maldade de Trump, mas quantos de nós verdadeiramente seriamos capazes de aceitar migrantes se isso significasse uma mudança na nossa vida e provavelmente repartir riqueza? Poucos. Preferimos olhar para o outro lado e esquecer, a menos que nos chegue uma imagem avassaladora por ser tão familiar, aí perdemos um tempo a lamentar e a lamuriar a morte de uma criança perdida no areal.

 

Hipocrisia, pura hipocrisia, o problema da migração é um problema que não desaparece só porque não olhamos para ele.

Muito mal de saúde vai o mundo, a Humanidade mais uma vez caminha para o precipício, valem-nos alguns exemplos de humildade, respeito e educação, como o dos adeptos Senegaleses e Japoneses que fizeram questão de limpar as bancadas após o jogo e vitória das suas seleções.

Curiosamente foram os ”negros” e os “amarelos” a dar uma lição de civismo aos “brancos” e a isto se chama dar uma bofetada de luva branca dentro e fora das quatro linhas.

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