November Rain
Novembro começou chuvoso, frio e escuro, invernal e soturno, a prometer serões aquecidos à lareira regados pelo néctar dos deuses e alimentados a conversas infindáveis e gargalhadas revigorantes.
Castanhas a estalar no forno, enchidos e queijos servidos na tábua, aroma a canela da aletria e romãs na fruteira.
A chuva bate na janela, desenha contornos indecifráveis que nos fazem sonhar, o vento abana as árvores e as suas folhas soltam-se cobrindo o chão de um manto castanho, amarelo e laranja que pisamos com a alegria de uma criança.
Cheira a lenha acabada de queimar, estalam os cavacos nas lareiras, aquecemos as mãos numa chávena de chocolate enroscados na nossa manta preferida.
É bom estarmos quentes quando sabemos que lá fora o frio corta, um aconchego que só se sente quando o frio transforma o sofá o nosso local favorito.
Dias frios e escuros aquecidos pelo conforto do lar e dos nossos.
O frio traz a neblina matinal, envolta em segredos e mistérios num misto de beldade e terror, as nuvens desenham formas engraçadas.
Há beleza no frio, há espaço para o conforto, mas ainda nem os ossos se habituaram às baixas temperaturas e já o corpo está cansado da estação, o inverno ainda nem sequer começou e as saudades do verão queimam a pele em vez do sol quente e revigorante.
Gosto de sentir o frio lá fora, gosto do aconchego dos cobertores, mas sou muito mais feliz com calor, com o sol a refletido nos cabelos, os pés descalços enterrados na areia e com salpicos de mar na face.
Saudades do meu verão.