O meu alter-ego
Entre aquilo que nós somos e aquilo que gostaríamos de ser há uma diferença enorme, porque embora tenhamos imensa margem de manobra para aprender, melhorar e evoluir, também é verdade que há coisas com as quais nascemos e fazem parte de nós e não há como fugir delas.
Acredito que todos temos um lado perverso e mau, uns mais que outros, há quem não conheça o seu lado mais sombrio, há quem o procure constantemente na esperança que mude a sua vida, há quem o abrace e há quem saiba que ele exista, mas deixa-o estar ali quietinho, adormecido mas de fácil acesso não vá ser preciso numa emergência.
Ter a capacidade de ser mau, mas decidir ser bom, é algo que reconheço como louvável, mas nem sempre é fácil distinguir as duas realidades, especialmente quando se cruza a linha do eticamente, culturalmente ou socialmente aceitável, quando isso acontece pode ser complicado não usar essa capacidade mais mórbida e má para obter aquilo que queremos.
O meu alter-ego mau, é maquiavélico, mas tem tanto de maquiavélico como de inofensivo, porque seria incapaz de recorrer a ele por causa das consequências, sei que quem cruza a linha passa invariavelmente a ser consumido pela própria maldade, mas na minha cabeça o cenário é completamente diferente.
Em algumas (muitas situações) a minha mente arquiteta todo um plano de destruição, não gosto de ser contrariada, muito menos injustiçada e não gosto de pessoas burras ou quadradas por isso são muitas as vezes em que vislumbro as coisas mais bizarras a acontecerem a essas pessoas.
Deve ser por isso que adoro a personagem Helena da série Orphan Black, obstinada e simples, tem tanto de doce como de louca, sempre que quer alguma coisa não há nada, nem ninguém que a impeça de a obter, não faz fretes, não faz de conta, quando não gosta, não gosta, quando gosta, gosta a sério, sem ressalvas e vai até às últimas consequências para proteger aqueles que ama.
Helena é simples, com instintos primitivos, faz aquilo que quer e pronto, a vida seria uma selva se todos fôssemos assim, mas há dias em que apetece mesmo ser assim, simplesmente dizer a primeira coisa que pensamos e fazer o que desejamos, o que algumas vezes não é propriamente bonito ou agradável.
Usando a Helena é mais ou menos isto que me passa pela cabeça.
Quando alguém pega em alguma coisa e não coloca no lugar novamente.
Quando alguém se queixa que respondi torto, quando estava a fazer um esforço para ser educada.
Quando estou a planear a resposta (vingança) para alguém.
Quando alguém não me está a levar a sério.
Quando alguém fala de dietas.
Quando alguém ameaça alguém que eu gosto.
Quando descubro cúmplices de alguém que me chateou.
Quando me quero acalmar antes de cometer uma loucura.
Quando quero desanuviar o ambiente.
Quando a conversa é séria.
Pensas que não te estou a topar.
Quando alguém não se cala ao telefone.
Quando estou sem paciência.
Espetou-se! Que bom!
A sério?
Quando alguém não me entende à primeira.
Quando estou sem paciência para tretas.
Eu? Sou uma santa.
É sexta!
By-by
Quem não vê a série aconselho vivamente, não só pela Helena mas por todo elenco especialmente este: