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Língua Afiada

O siso que não me dá juízo

Na semana passada ninguém me aturava por causa da infeção causada pelo dente do siso, com a medicação a dor passou e a infeção também, ontem foi dia de ir novamente à dentista avaliar a situação.

A minha dentista e amiga de infância não foi quem me atendeu na semana passada, fui atendida por uma colega, ontem mal entrei no consultório ela sorri e diz:

D – Não queres tirar pois não?

Eu – Se não for preciso tirar, eu dispenso.

D – Vamos ver, se calhar não é preciso tirar.

Eu – A tua colega disse que tenho uma pequena cárie noutro dente, se calhar é melhor tratar.

D – Sim. Mas senta-te lá na cadeira com calma que não é nada demais.

Eu – Já sabes que eu tenho pavor à cadeira.

D – Eu sei que tens os dentes virgens, já viste que sorte que tenho vou tirar a virgindade aos teus dentes.

Riso geral entre eu ela e a auxiliar.

Entretanto a D começa a preparar-se para analisar a boca e batem à porta. Era o Moralez que tinha sido intimidado por mim a aparecer sob ameaça de divórcio.

Ela quando o vê desatou a rir-se.

Moralez- Fui obrigado a estar presente.

D – Vieste segurar-lhe a mão para ela não ter medo.

Novo riso geral.

Entretanto ela tentou mostrar-me a cárie mas eu não consegui ver, sossegou-me dizendo que era uma coisinha de nada.

Lá começaram os preparativos e eu rio-me novamente ao lembrar-me de uma história.

Eu – A primeira história entre nós a envolver dentes foi no liceu quando ficaste com a marca dos meus dentes na tua cabeça.

D – Não sei como no meio de uma aula de basket conseguiste marcar-me os dentes, mas a verdade é que os teus dentes são bons porque não partiram, marcaram-me antes a cabeça.

Mais uma momento de riso e começam os tratamentos.

Broca, lima, aspirador, espátula uma série de instrumentos de terror, ela disse que a cárie era pequenina mas eu sentia que ela me estava a devastar o dente todo, parecia mesmo que estava a ficar sem dente, um terrível cheiro a queimado fez-me estremecer.

A auxiliar coloca-me a cabeça no centro da cadeira que por essa altura já estava quase a tombar, estava a fugir mas sem me aperceber.

Cárie tratada e segue-se a pior parte, limpar a gengiva à volta do dente do siso.

Primeiro stress a anestesia, a agulha até é pequenina, mas sente-se cada mililitro da anestesia a entrar, uma sensação ácida que parece que queima, a sorte é que começa logo a fazer efeito e as picadas seguintes já não se sentem. Mais uma vez inconscientemente estava a fugir.

Empurra pele daqui, empurra pele dali, bisturi, compressa e pronto dente do siso livre para nascer à vontade.

Sobrevivi à cadeira do dentista e até me levantei bem-disposta.

A D até brincou comigo ao dizer-me que se quisesse podia levar um autocolante a dizer portei-me bem.

A verdade é que conhece-la bem e o ambiente informal acabou por ajudar a superar o trauma.

Mas o pior estava para vir!

Seus mentirosos! Se cortar a pele da gengiva me deu dores atrozes, desde a garganta até ao ouvido que me impedem de comer, tenho dores a engolir e mesmo com medicação as dores não passam eu imagino o que será “tirar o siso não custa nada”! Mas vocês são feitos de ferro?

Um strogonoff tão bom ontem para o jantar e eu sem conseguir comer, lá tive de passar com um iogurte e depois com uma chávena de leite.

Acordei a meio da noite com fome e com dores, ainda estou com fome porque não consigo comer nada sólido e ainda sinto dor.

Será que perderei uns kg com isto?

Espero que ao menos tenha essa compensação porque o juízo ainda não senti a aumentar.

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