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Língua Afiada

Os portugueses não têm dinheiro para filhos.

Nunca mais atiro pedras a quem disser que não tem dinheiro para ter um segundo filho ou até quem diga que não tem dinheiro para ter sequer 1.

Aquela velha história, eles criam-se. Como era antigamente? Ninguém ficava por criar.

A sabedoria popular é que sabe, sempre houve dinheiro para se criarem os filhos.

Só que não é bem assim.

Um casal de 40 anos com dois filhos um de 14 e outro de 10 necessita de 766 euros mensais para ter uma “alimentação digna”.

766€????

Um casal cujos ordenados sejam próximos do ordenado mínimo estão no mínimo em falência técnica, suponhamos que recebem entre os dois 1200€ se retirarmos 766€ para alimentação sobram 434€ para todas as outras despesas, incluindo, renda/prestação da casa, eletricidade, água e saneamento, gás, vestuário, transportes e educação.

Mas mesmo que recebam os dois 1500€ se retirarmos os 766€ sobram apenas 734€.

O estudo refere que contabiliza algumas refeições fora de casa e ainda a visita de amigos, que convenhamos são programas que qualquer família deveria conseguir fazer.

O estudo pode parecer alarmista, mas a verdade é que comento várias vezes com o meu marido e com amigos que a alimentação está muito cara e que a qualidade dos alimentos é cada vez menor.

Fazer uma alimentação equilibrada e saudável, com carne, peixe, legumes e frutas de qualidade não é fácil. Obriga a uma gestão controlada, muita atenção às promoções e uma seleção muito detalhada das ementas.

Mas as famílias vivem com bem menos, mas será que vivem ou sobrevivem?

Não é de estranhar que os casos de obesidade, diabetes estejam a aumentar nas crianças e que a hipertensão comece a aparecer em jovens de 18 anos e que o colesterol seja um problema de pessoas com 20 anos.

Comemos mal, mas será que podemos comer bem?

Basta fazer uma ronda pelas promoções dos supermercados para percebermos que a maioria dos alimentos em promoção não estão indicados para fazerem parte da ementa diária de uma criança ou jovem. Comida processada, pré-confecionada, rica em açúcares e pobre em proteínas e vitaminas.

Não tarda nada será mais barato comprar um litro de refrigerante do que uma garrafa de água. Já vi pães-de-leite industriais mais baratos que os pães normais, para não falar do pão escuro que é mais saudável e mais caro.

 

É quase impossível entrar num supermercado para lanchar e afastar-nos dos alimentos não saudáveis, eles estão em todo lado e com preços mais apetecíveis do que as peças de fruta.

Salvam-nos as maças e as peras, porque a restante fruta não está acessível a toda a gente, talvez as bananas.

Muitas pessoas adorariam substituir a batata pela batata-doce ou a abóbora, mas o preço é proibitivo.

Não seria de estranhar que nas zonas mais rurais onde cada um cultiva uma pequena horta e o que não se tem pede-se ou compra-se fresco do campo do vizinho, onde quem tem sorte até tem um pequeno espaço para criar animais, as pessoas sejam mais saudáveis. Se calhar vivem com menos mas acabam por ser mais saudáveis.

Já existem alguns estudos que confirmam que nas cidades alguns tipos de cancro são mais comuns devido ao consumo de comida processada.

Se nada se fizer para que as famílias portuguesas tenham acesso a uma “alimentação digna” estamos condenados a dois cenários ou à redução radical da taxa de natalidade ou às doenças derivadas de uma alimentação incorreta.

Em qualquer um dos cenários estamos condenados à falência.

Acho que é desta que me vou virar para a agricultura.

2 comentários

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    Vitor Fernandes 18.03.2017 04:27

    O meu conselho, voces 2 que emigrem, foi o que eu fiz aos 22 anos, nunca me faltou trabalho e com a minha experiencia nunca vai faltar.
    Juntem um bom dinheiro para dar um comeco na vida.
    Eu nao volto para Portugal sem ter a casa completamente paga, tenho 33 gostaria de ter uma familia, mas sei que nao posso ainda. Aproveitem que trabalho ca fora nao falta nem pedem experiencia so mesmo Ingles.
    Nem me faltava trabalho em Portugal mas pensei bem e cheguei a conclusao que nao seria o suficiente para o que desejava ter, nunca conseguiria poupar 150 mil euros para uma casa com um ordenado minimo em Portugal, de forma alguma.
    Fujam de ai enquanto ainda sao novos com forca para trabalhar, e depois um dia voltam e comecam a vida mais a vontade.

    Para ter uma vida, emprego nao e suficiente, voce tem 23, ainda esta bem de saude e tal eu tambem nao me esperava gastar uma foruna em dentista, pois quando somos novos estamos sempre bem e perfeitos, mas depois dos 30 comeca a aparecer coisas.

    E as coisas nao sao sempre preto no branco, tipo nao me esperava que para comprar casa tivesse tantos gastos em papelada, para nao mentir uns 3000 euros so papelada. Quando somos jovens nao sabemos muito da vida, por isso lhe dou este conselho.
    Com 23 anos nem pensava 2x , emigrava.
    29 anos velho? so se for em portugal, eu tenho 33 e tive pelo menos 5 propostas de trabalho oferecidas o ano passado, eu nem procuro trabalho, mas existe tanto que ate os patroes vao procurar empregados em outros hoteis.

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