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Língua Afiada

Pela diferença a sério? Somos todos diferentes e todos iguais.

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Estava a ler o post do blog Café, Canela & Chocolate que tem o título Sou pela diferença e estava a gostar, até porque acredito que as mulheres são diferentes dos homens e não devemos querer ser iguais a eles, apenas queremos ter direitos e oportunidades iguais.

O texto começa bem mas depois vem a pérola:

"Eles nunca vão experimentar a sensação de ter um ser a crescer dentro de nós, de o sentir mexer. Nunca vão ter uma ligação tão especial como uma mãe tem ao seu filho, ligados pelo cordão umbilical e pelo coração"

Eu juro que cada vez que leio coisas deste género me revoltam as entranhas, fico tão indignada que me sobem os calores, arregalam os olhos e sinto urticária.

É tão machista dizer isto como dizer que a mulher deve ficar em casa a cuidar dos filhos.

É claro que os homens nunca sentirão um bebé na barriga como nós nunca sentiremos o que é estar dentro de outra pessoa.

As parideiras não são mais do que parideiras como qualquer outro animal, carregamos o feto 9 meses na barriga, umas gostam outras odeiam, umas acham que é um estado de graça, outras acham que é uma desgraça, e depois?

Isso faz das mães pessoas mais completas que os pais? Por um acaso carregar um ser durante 9 meses na barriga confere algum poder especial a alguém? Não! Quantas parem os filhos sem lhes ter qualquer amor? Quantas os carregam por obrigação?

E quantas mães que nunca pariram nenhum filho e os amam de paixão, às vezes amam os delas e os dos outros.

E quantos pais têm relações especiais com os filhos? E quantos filhos têm uma adoração pelo pai? E quantos filhos detestam a mãe?

É claro que nenhum filho pode dizer alto e bom som que não suporta a mãe! Claro que não, leva logo com um Mãe é Mãe!

Para ser-se mãe não tem de se parir um filho, para ser-se mãe tem de se saber amar, educar, respeitar.

Gostava que fosse para os meus dias que os bebés pudessem ser criados numa bolha, só para o raio das mães não me amolarem a cabeça com a história do parir e do cordão umbilical.

É por essas e por outras que as mulheres são renegadas à condição de reprodutoras e que quando o vaso fica seco os homens passam para um vaso mais fértil. É por essa suposta relação especial que é sempre a mãe a ser chamada na doença dos filhos, às vezes nem é porque o pai queira, mas fica mal ser o pai, essas coisas são para a mãe, só ela é que sabe o que eles sentem.
Continuem com essa cantiga, fiquem acordadas todas as noites enquanto eles dormem descansados.

Continuem a fomentar a descriminação, continuem a assentar toda a vossa existência na maternidade.

Pois eu gostava de ser como os homens, poder semear sementes a meu belo prazer e ter 200 filhos coisa que nunca nenhuma mulher poderá gerar, não ter de me preocupar com o relógio biológico nem com a pressão da sociedade. Deve ser fantástico ter a possibilidade de deixar descendência até à cova.

Eu não vim ao mundo para parir eu vim ao mundo para ser feliz e ter o poder de decidir parir ou não faz parte dessa felicidade.

 Não tenho paciência para quem acha que a mulher só porque tem a capacidade de parir é extraordinária. Tantos anos de luta para a mulher continuar renagada à condição de mãe.

 

 

 

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