Possibilidades ou Oportunidades
Há dias em que sentimos o mundo fechar-se sobre nós, um aperto interno e externo, onde paredes nos esmagam mesmo estando nós a céu aberto, onde o estômago se encolhe, os batimentos cardíacos disparam e os pensamentos se descontrolam.
Não há respostas, não há soluções, só perguntas, conjeturas e adivinhações.
As inquietudes sucedem-se umas atrás das outras, mesmo que a solução seja sempre a mesma, não sabemos, não temos como saber.
Tudo o que temos é o agora, o ontem já passou, amanhã não saberemos o que acontecerá.
Mas as inquietudes persistem, novas questões surgem à medida da projeção de cenários possíveis, novos cenários, novas possibilidades de resposta que dão origem a novos cenários, que por sua vez originam novas possibilidades num ciclo interminável de interrogações e conjeturas impossíveis de controlar.
Não há lugar para saborear o momento, apenas uma necessidade extrema de controlar o futuro que nos parece cada vez menos incontrolável.
Como se isso fosse alguma novidade? Haverá realmente alguma coisa importante que consigamos controlar? Só uma e mórbida, a nossa morte, se alguém decidir morrer hoje, pode fazê-lo, é simples.
Tudo o resto depende de um sem fim de ligações, elos, hipóteses, frases, momentos, decisões, oportunidades, pessoas, lugares, horas.
A incerteza é comum a todos, a forma como lidamos com ela é que difere, aceitar que não se controla a vida é o primeiro passo para sermos felizes.
Só existem três formas de encarar a vida, com tristeza, apatia e alegria, seremos tristes se não aceitarmos as incertezas, seremos inertes se nos limitarmos a reagir, seremos felizes se encararmos as incertezas como oportunidades.
Às vezes só queremos paz, sossego, uns minutos sem pensar em como a vida será se isto ou aquilo mudar.
Quem é que nunca sentiu que lhe puxaram o tapete? E que esse tapete escondia um buraco fundo e escuro, um lugar sombrio que sempre tememos conhecer?
Como um viciado cavamos cada vez mais esse buraco, escavacamos, vasculhamos na possibilidade de tentarmos perceber onde nos leva. Quando basta olhar para cima e trepar, trepar com todas as nossas forças até à luz que o tapete descobriu.
Se para trepar precisarmos de cortar amarras, que assim seja, afinal não há lugares seguros no mundo, não faz sentido agarramo-nos a ilusões vãs de conforto quando nada está garantido.
A resposta reside no problema, se nada é certo, não é preciso avaliar e conjeturar, não existem respostas certas, apenas possibilidades incertas.
A felicidade reside em encara-las como oportunidades.