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Língua Afiada

Racismo em Portugal

Já abordei várias vezes este tema no blog e sempre que afirmei que os portugueses são racistas tive comentários a dizer que não é só em Portugal, que estava enganada que os portugueses não eram de maneira nenhuma o povo mais racista da Europa.

Bem sei que o racismo não se encontra circunscrito ao território português, melhor se assim fosse, mas os países não são bolhas e os preconceitos enraízam-se e propagam-se muito facilmente.

A propósito do programa de Conceição Lino “E se fosse consigo?” escrevi:

 

“A conclusão mais desconcertante é que a maioria das pessoas não sabe explicar porque é racista, quando confrontadas não conseguem apresentar argumentos válidos, já fiz esse exercício.

Dizem as coisas mais disparatas como são preguiçosos, menos inteligentes, menos capazes, como se não existissem brancos mandriões, burros que nem portas e totalmente incapazes, este discurso nazista dá-me arrepios.”

 

Isto explica-se porque em Portugal mais de metade da população acredita que há raças e grupos étnicos menos inteligentes que outras raças e grupos.

A análise da Universidade de Sheffield a partir do Project Implicit, da Universidade de Harvard não deixa dúvidas os portugueses estão acima da média europeia no que toca ao racismo biológico e ao racismo cultural.

 

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Todos os tipos de racismo são maus, mas o racismo biológico é simplesmente parvo, completo sinal de ignorância e o número 52,9% é assustador.

Acreditarem que existem culturas muito melhor do que as outras, não me choca, eticamente ninguém pode afirma-lo, mas há sempre uma tendência para declinar as culturas que não cumprem os Direitos Humanos, colocando pelo menos essas de parte, o que as pessoas se esquecem frequentemente é em que em todas as culturas há aspetos positivos e negativos e ninguém tem autoridade para dizer que um sistema de valores é melhor ou pior do que outro.

A cultura dita ocidental tem muitos aspetos positivos mas permite que homens ganhem fortunas a lutar, algumas vezes até à morte, permite que conforto e luxo conviva harmoniosamente com miséria e fome e que se passe por um mendigo na rua sem sequer pensar na sua condição.

Juntamente com aulas de cidadania seria interessante incluírem uma disciplina de ética no currículo escolar dos portugueses.

Os portugueses aceitam as outras raças, mas só até determinado ponto, convivem bem com os eles a uma distância confortável, longe das suas “puras” linhas familiares e vendo-nos nos locais, empregos e cargos que lhes consideram adequados, o racismo manifesta-se quando são confortados com situações inesperadas e fora do que acreditam ser normal.

Os portugueses no fundo são uns grandes hipócritas que enchem o peito para dizer:

- Não sou racista.

Tudo ficaria bem se a seguir a esta frase não viesse outra começada por:

Mas…

Desde…

 

Há quase sempre um condição depois da afirmação que no fundo é uma negativa da afirmação inicial, pois ou se é racista ou não se é, não há condições especiais para não o ser, quem assumir qualquer condição está-se no fundo automaticamente a assumir-se racista.

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