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Língua Afiada

Ricardo Salgado ou Rei Ricardo Salgado?

Que os ricos fazem vida de reis já todos nós sabemos, que sejam venerados como reis é que me surpreende, se já me espanta a veneração aos reis com títulos designados, aos outros ainda mais.

Carlos Silva, secretário-geral da UGT, afirmou na segunda-feira, no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, em Santarém, que os trabalhadores do Banco Espírito Santo (BES) tinham uma “grande admiração” e até “reverência” para com o presidente do BES, Ricardo Salgado.

 

O sindicalista, que foi funcionário do BES desde 1988, aceitou ser testemunha abonatória de Ricardo Salgado no processo que julga os pedidos de impugnação às contraordenações aplicadas pelo Banco de Portugal ao ex-presidente do BES (4 milhões de euros) e ao ex-administrador Amílcar Morais Pires (600 mil euros), por, apesar de conhecerem a situação líquida negativa da Espírito Santo Internacional, terem permitido que fossem comercializados títulos de dívida desta instituição junto de clientes do banco.

As declarações de Carlos Silva não se ficaram pela grande admiração e reverência.

 

Ele sabia o nome das pessoas, [sabia] apreciar o seu trabalho, reconhecer o mérito [e não exercer represálias sobre dirigentes sindicais, alguns dos quais membros do PCP e que chegaram a cargos de direção] ".

“Conseguia uma gestão inclusiva. Havia verticalidade nas decisões, mas as propostas também vinham de baixo para cima”.

 

Serei só eu a achar estranho que um líder sindicalista esteja a defender um dos grandes patrões de Portugal?

Não haverá aqui conflitos de interesses?

 

Este senhor está a dizer que Ricardo Salgado não terá agido sozinho e que terá tido até apoio de todos, inclusive dos trabalhadores, não tenho dúvidas que muitos soubessem que estariam a vender produtos financeiros tóxicos e sem viabilidade, mas em que é que isso abona para o caso?

Só falta agora dizerem que Ricardo Salgado foi enganado pelos outros e que é vítima de uma grande conspiração.

Ricardo Salgado fez uma gestão ruinosa para o banco, para os seus trabalhadores, para os clientes e para os contribuintes e um líder sindicalista tem coragem de o defender em tribunal?

Há coisas que são apenas possíveis em Portugal, esta é uma delas.