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Língua Afiada

Diverte-te como a criança que és

Passei por aqui só para vos desejar um excelente fim-de-semana de preferência prolongado e um excelente Carnaval.

Divirtam-se muito, esqueçam por um dia que são adultos, esqueçam as preocupações e joguem e brinquem ao Carnaval, só não vale atirar farinha e ovos para os carros porque depois é uma chatice para limpar a gosma que cria.

Mascarem-se ou tirem a máscara, como preferirem, sambem à brasileira ou desfilem à portuguesa com sarcasmo, ironia e crítica social, é o Carnaval que eu gosto, o Entrudo, queimem o velho e com ele todos os trapos e todas as mágoas do ano que passou.

Deixem viver a criança que há em vós, que altura melhor para o fazer? Afinal todos já quisemos ser princesas ou príncipes, astronautas, o Batman ou a Wonder women, um animal, o que a vossa imaginação mandou, têm a oportunidade perfeita para isso.

Não tenham vergonha, nunca ouviram dizer que quem tem vergonha passa mal, neste caso quem tem vergonha não se diverte.

Se quiserem tirar os quatro dias a descansar ou passear sejam igualmente felizes.

A minha solidariedade para quem estará a trabalhar no dia de Carnaval, ninguém merece e o que a vossa entidade patronal merecia é que fossem trabalhar entrajados.

O meu fim-de-semana prevê-se calmo e com muita comida, com o meu rico o cozido à portuguesa e o tradicional caldo gordo, com algum trabalho pelo meio, tem mesmo de ser, espero voltar na próxima quarta com a programação habitual do blog, com uns quilogramas a mais, quase de certeza, mas com muitos temas quentes.

O tempo prevê-se nublado com chuvadas esparsas, mas nada que não se contorne com boa disposição.

Bom Carnaval.

Divirtam-se!

 

P.S. Acreditem isto de ser feliz é 10% derivado às circunstâncias e 90% à atitude, eu que o diga, não vale a pena deixarmo-nos ir na onda da tristeza, afinal estar vivo é motivo suficiente para ser feliz.

Carnaval e Óscares

Nada como estar de volta com esta chuvinha que insiste em arruinar-me o cabelo (como se ele algum estivesse impecável) e com este ar cinzento-escuro que não deixa que o sol apareça.

Tiveram bom Carnaval?

Mascaram-se?

Com pena minha tive que usar a mesma careta que uso todos os dias, não houve tempo (disposição) para mais e diga-se de passagem que esta careta é muito melhor que muitas máscaras.

Atiraram muitas serpentinas? Aproveitaram para sujar o carro daquela vizinha que não gostam com farinha e ovos?

Não?! Fizeram mal deviam ter aproveitado a onda do – É Carnaval ninguém leva a mal.

 

A não ser o São Pedro, esse aproveita sempre a ocasião para se vingar de nós, andámos o ano todo a culpa-lo pelo tempo, ora está quente, ora está frio, ou porque chove ou porque está demasiado sol (assim de repente não me lembro de ninguém se queixar disto, mas isso agora não interessa nada), vai daí brinda-nos sempre com uns belíssimos salpicos de chuva.

Uma maravilha para os cortejos, é ver os carros alegóricos a desfazerem-se pelo caminho, as roupas a ficarem coladas ao corpo, a maquilhagem a escorrer pelo corpo, uma coisa linda de se ver, os babados (tarados) de serviço ficam todos contentes assim não têm de pagar para ir à discoteca da aldeia verem os concursos de Miss T-shirt Molhada.

Há sempre os engraçadinhos que gostam de rebentar bombas, estalinhos e petardos.

Petardos rebentados por retardados.

Coisa mais linda.

 

A Academia também entrou no espírito do Carnaval e resolveu atirar (meter) água, que valente balde de água fria deram a La La Landa.

Uma pena não ter resistido até ao final da cerimónia para assistir em direto à gafe do ano, ainda estávamos em Fevereiro, mas duvido que que haja gafe maior do que esta em 2017.

Quase tão grande foi a minha gafe que consegui arrastar o Moralez para ver quase todos os filmes candidatos, mas consegui não ver o vencedor! Shame on me!

Mas depois de tantos filmes intensos e tristes tivemos de limpar o palato (os meus olhos estavam a ficar com papos) com filmes mais leves.

 

Continuando com os Óscares, nota positiva para o apresentador Jimmy Kimmel irrepreensível, piadas inteligentes, a piada com Meryl Streep foi espetacular.

Viola Davis emocionou-me, que discurso, nem tiveram coragem de o interromper e ainda bem, de todas as categorias esta era aquela que não tinha dúvidas de quem seria a vitória, era inquestionável.

Os restantes prémios foram divididos e ainda bem, com tantos filmes bons é natural que não haja só um grande vencedor.

 

E os vestidos? (Achavam que não iria falar disto!?)

Que desgraça, não houve nada, mesmo nada assim arrebatador, tudo sem sal.

E o Carnaval também desceu à passadeira que o diga Janelle Monae que foi mascarada de rainha do Carnaval, não, não copiei a Pipoca podem comprovar pela minha publicação no Instagram que fiz na hora em que ela pisou a passadeira, já agora aproveitem para seguir o instagram da Língua Afiada.

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Valeu-nos o vestido de Hailee Steinfeld, teve que ser uma menina a mostrar como se faz, já que as veteranas estão cansadas destas coisas.

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À semelhança do ano anterior os melhores vestidos ficaram reservados para a festa da Vanity Fair, e não são só os vestidos, mas também cabelos, maquilhagem e joias, o melhor ficou mesmo para depois, o melhor exemplo é Alica Vinkender que nos Óscares apareceu de cara lavada e coque apresado e depois com uma maquilhagem e penteados irrepreensíveis, mas não foi a única a melhorar, Naomi Harris apareceu num lindo vestido branco, não é nenhuma novidade, mas não deixa de ser bonito, para não falar de Dakota Johnson muito melhor na after party, até temos a Heidi a mostrar como se usam penas.

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Definitivamente a Red Carpet dos Óscares já não é o que era.

O Carnaval cada vez mais sambado também não.

Carnaval – Nem é carne, nem é peixe, é tolerância (desigualdade)

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O dia de Carnaval poderia perfeitamente ser declarado o dia de Portugal, não há outro dia no calendário que espelhe melhor as discrepâncias deste país e a suas gentes.

Espelho dos privilégios de uns e deveres de outros.

Estou em casa ao abrigo do contrato coletivo de trabalho, tive sorte. O marido está a trabalhar e liga-me a dizer que não faz ideia onde irá almoçar, está tudo encerrado.

Uma amiga diz-me que teve de coordenar com o marido as férias, para ficarem em casa a tomar conta dos filhos alternadamente.

Um Estado, que se autoproclama Laico, negoceia com a Igreja Católica a celebração de mais 2 Dias Santos, mas não oficializa o feriado de Carnaval. A celebração que a seguir ao Natal movimenta mais a economia do país, o dia que fez Câmaras Municipais desafiaram o antigo Governo, podem tirar-nos tudo menos o Carnaval e o desfile de gentes pelas ruas.

O dia que é sempre à Terça-feira e por isso propício a fim-de-semana prolongado, as famílias aproveitam as férias escolares e saem para fora cá dentro. Hoje algumas repartem-se, uns em casa, outros a trabalhar.

Pode estar tudo mal, não haver dinheiro, mas os foliões saem para a rua, desfila-se em alguns locais no bom e tradicional Carnaval português noutros samba-se, não interessa o importante é que o povo se divirta e que as crianças se sintam felizes.

Há muita gente que não gosta de Carnaval, eu gosto, é das poucas ocasiões em que as pessoas podem extravasar sem olhares reprovadores, o dia em que adultos se podem fantasiar das suas personagens favoritas e serem crianças novamente sem que achem que enlouqueceram.

Gosto das tradições de Carnaval, da Queima do Velho que simboliza a queima do ano que passou e a renovação do ano novo, simboliza a passagem das festas para o tempo de reflexão.

Gosto das fantasias com roupas velhas, dos cortejos onde não se conhece ninguém, dos carros construídos artesanalmente pejados de sátira.

Gosto do Carnaval tradicional, aquele que comemoro desde criança e que agora me vejo privada de festejar plenamente porque alguém achou um dia que Carnaval não deveria ser feriado. Mas o Entrudo está-nos entranhado, pelo menos a mim, é tempo de transição, de deixar as festas mas também as mágoas, entrar em reflexão e começar um ano novo renovado sem roupas velhas, que essas foram queimadas no velho que se edifica em cada largo.

Feriado ou não, logo ao cair da noite, muitos velhos queimarão, sem identidade, sem descriminação, como símbolo de todos pobres ou ricos, privilegiados ou prejudicados.