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Língua Afiada

A solução para o fuso horário português.

A minha primeira reação ao possível fim da mudança de hora foi - Se quiserem acabar com um horário que acabem com o de Inverno!

É traumatizante sair do trabalho de noite durante meses, com aquela sensação que o dia terminou e foi preenchido apenas por trabalho, as horas de lazer não rendem, é deprimente.

Entendo que devemos acordar com luz do dia, isso faz com que despertemos mais rapidamente, o nosso organismo reage à luz solar como sendo hora de acordar, o que me leva a pensar – se tivermos o horário de Inverno sempre, em Junho despertaremos a que horas? Às 5h da manhã.

 

Nos meses em que o sol nasce mais tarde em Portugal nasce às 7:55h pelo que se mudássemos para o horário de Verão nasceria às 8:55h o que levaria a que entrássemos no trabalho ao raiar do dia, neste ponto levanta-se um problema, que é o das escolas que iniciam mais cedo o que implicaria deixar as crianças na escola ainda de noite.

A mudança de horário a longo prazo tem efeitos na saúde, pessoalmente odeio, ando pelo menos uma semana em que a adaptação me custa horrores, fico de mau-humor e stressada.

O ideal seria encontrar ali um compromisso a meio um horário a meio dos dois, como isso não é possível, temos mesmo de escolher uma hora certa e não meias horas, proponho algo mais auspicioso e que resolveria não só o problema do horário, mas muitos problemas da economia portuguesa.

 

A solução passa por 7horas de trabalho para todos!

 

Idealmente seriam 6h corridas, porque é que acham que os países nórdicos mesmo sem sol são mais felizes!? Mas não queremos abusar. Uma jornada de trabalho mais curta permitiria sair de dia no horário de Inverno e mesmo sem alteração para o horário de Verão ter ainda muitas horas com luz do sol para lazer.

Como bónus resolveríamos muitos outros problemas do país:

- A começar pelo aumento de salários, que não sendo efetivo seria um aumento de valor/hora, valorizando mais o trabalho e o trabalhador.

 

- Diminuiríamos a taxa de desemprego, empresas a trabalharem menos horas teriam a necessidade de contratar mais trabalhadores para terem a mesma capacidade produtiva.

 

- Aumento do consumo interno, o que é que as pessoas fazem nos tempos livres? Gastam dinheiro, seja num lanche ou um copo ao final da tarde, a fazer uma aula no ginásio, no supermercado, mais tempo livre é sinónimo de maior consumo.

 

- Aumento da natalidade, mais tempo livre, mais qualidade de vida, mais disposição e mais bebés, porque para fazer e ter bebés é preciso tempo e disponibilidade, nem sempre é uma questão monetária, é muitas vezes uma questão de disponibilidade para cuidar.

 

- Diminuição da obesidade, acabar-se-iam as desculpas para faltar ao ginásio, para não dar aquela corrida ou caminhada ao final do dia, as pessoas teriam muito mais tempo para cuidar de si.

 

- Diminuição dos custos de saúde, um peso mais saudável só por si já implicaria a prevenção de muitas doenças, mas a felicidade é uma vitamina essencial para a nossa saúde, a percentagem de depressões e o consumo de antidepressivos e ansiolíticos diminuiria, assim como a comparticipação do Estado na sua compra, além disso com mais tempo as pessoas provavelmente iriam mais rapidamente ao médico o que levaria a uma resposta rápida a diversas doenças e até um aumento na prevenção de outras. Acrescento ainda que provavelmente deixaríamos de tomar suplementos de vitamina D, já que teríamos mais tempo para estar ao sol.

 

- Aumento da produtividade, pessoas com mais tempo para si são mais felizes, são mais produtivas, não é novidade, há quem teime em achar que pressão, má-educação, rigidez e inflexibilidade são a melhor fórmula para incentivar (explorar) trabalhadores, mas é precisamente o contrário que motiva um trabalhador e um trabalhar motivado e dedicado vale por três desmotivados.

 

Como podem ver são só vantagens nesta proposta, espero que o Sr. Primeiro-ministro António Costa que gosta tanto de medidas que agradem às maiorias leia este blog e que use esta ideia, nem precisa de pagar direitos de autor, tenho a certeza que os restantes partidos da Geringonça apoiariam a 100% a medida e assim não só conseguiria ganhar as próximas eleições com maioria absoluta como ainda conseguiria aprovar já o orçamento de Estado para o próximo ano.

 

Só vantagens Sr. Primeiro-ministro, pense com carinho no tema, tenho a certeza que o Sr. Presidente da República, o presidente dos afetos ficaria muito contente com mais portugueses felizes para tirar selfies e com mais bochechinhas para apertar.

Confusões, complicações e estupidez humana

As pessoas são complicadas, muito, faz parte da condição humana, faz parte do nosso crescimento, evoluir, amadurecer, mudar de opinião, a própria vida, as nossas experiências mudam-nos, moldam-nos, somos seres adaptáveis e ainda bem porque só assim conseguimos sobreviver e prosperar.

Somos a espécie mais inteligente, a única com consciência, é essa mesma consciência que nos leva a questionar de onde viemos e para onde vamos, que nos faz divagar sobre os dilemas do universo, que nos confere ideias, pensamento próprios, livre arbítrio e capacidade de decisão lógica e analítica que se sobrepõe ao instinto, essa caraterística inata que parece em vias de extinção em tantas situações.

 

A grande questão da humanidade, no entanto, não é uma questão complicada, é tão simples, tão risória, que chega a ser uma anedota, com tanta inteligência e superioridade intelectual como é que os humanos são a espécie mais estúpida?

Não falo das grandes questões, como termos sociedades altamente desenvolvidas e permitirmos que existam pessoas, semelhantes a nós, exploradas, escravizadas, mutiladas, privadas dos direitos básicos como acesso a água e comida, há muito que perdi a fé no altruísmo, os humanos são egoístas e só se preocupam com outros depois de verem supridas as suas necessidades, curiosamente neste campo o instinto continua a ser mais forte que a razão e a lógica.

 

Refiro-me a pequenas coisas, simples atos que as pessoas têm, completamente ilógicos e irrefletidos que prejudicam a sua vida e a dos outros, aquela decisão parva que faz com que se desencadeie uma série de eventos desagradáveis completamente evitáveis.

 

A decisão de atender o telemóvel enquanto se conduz, infringindo a lei e a lógica, conduz-se apenas com uma mão, com a cabeça de lado, até se tem opção de alta voz, mas os hábitos são tramados e encostamos o aparelho ao ouvido e lá vamos a colocar a nossa vida e a dos outros em risco, mais à frente há alguém que para com os quatro piscas, desviamos um pouco curso e quando nos preparamos para ultrapassar arrancamos a porta do carro que parou e quase que atropelamos o condutor que saiu do carro como se lá dentro estivesse um enxame de abelhas a ataca-lo.

A porta voa disparada e estilhaça a montra da padaria, derruba o pequeno-almoço dos fregueses matinais e há um que é atingido em cheio, ficando ferido. Dá-se uma zaragata total, apontam-se culpados, mas quem sofre é o pobre cliente da padaria que estava a tomar o pequeno-almoço descansado.

Nesse dia a padaria não trabalhou, encerrada por motivos de segurança, o condutor que falava ao telemóvel perdeu uma importante entrevista de emprego, o condutor do carro parado com os quatro piscas perdeu uma reunião decisiva para a conclusão de um negócio, a sua filha perdeu o teste de português e o ferido ficou com uma mazela para toda a vida.

 

Ao mesmo tempo há alguém que mesmo sabendo que está atrasado, que é importante entregar o relatório a horas, resolve procrastinar mais uma hora, percorre com os olhos apressados os jornais do dia, buscando inspiração para terminar com uma brilhante conclusão, o tempo passa e a conclusão não chega.

Entrega o relatório 3h mais tarde que o previsto, já da parte da tarde, o seu chefe faz uma revisão apressada e submete o relatório ao cliente. Uns dias depois o cliente recusa o pagamento porque o relatório levou-o a cometer um erro que lhe custou algumas centenas de euros, que o obrigou a despedir dois funcionários que não detetaram o erro atempadamente, enquanto isso na empresa consultora é despedido o estagiário por falta de verbas.

 

Todas as ações têm consequências, desencadeiam um processo, podem não ter consequências tão drásticas ou tão visíveis, mas têm consequências, por isso porque é que a espécie humana, a mais inteligente, a mais preparada, continua todos os dias a tomar decisões estúpidas?

 

Porque nós nascemos do caos e só estamos bem no seu meio, a complicar o que é simples, a criar confusões onde elas não existem.

 

Não vou tentar arrancar isto com os dentes, ainda parto um dente, 10 segundos depois está a tentar arrancar a rolha com os dentes e meia hora mais tarde no consultório do dentista.

 

Felizmente que apenas 0,00001% das decisões parvas que tomamos, algumas com total consciência que são erradas, acabam por correr muito mal, podemos agradecer às probabilidades, ao universo, ao cosmos, a qualquer ordem superior, caso contrário há muito que estaríamos extintos pela nossa estupidez.