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Língua Afiada

A Bimby, as suas primas e quem não sabe cozinhar

As máquinas de cozinhar são vendidas como a oitava maravilha do mundo, numa era em que o tempo escasseia é esperançoso ter uma máquina que nos poupa tempo e essencialmente trabalho ao supostamente cozinhar por nós.

Recordo-me de quando começaram a ser populares a ideia geral é que só serviam para quem não gostava de cozinhar, os amantes de cozinha diziam:

- Gosto de ser a eu a cozinhar.

- Uma máquina não cozinha melhor do que eu.

- Isso é para quem não sabe cozinhar.

Essa parecia ser a premissa e o preconceito subjacente à compra de uma Bimby, na minha opinião existia também outro motivo, o preço, as pessoas têm tendência a desvalorizar e a menosprezar os produtos que não estão ao seu alcance.

 

Com o aparecimento de diversas opções para todos os gostos e carteiras passou a ser comum ter-se um robot de cozinha ou máquina de cozinhar em casa, tem sido um produto com elevada taxa de penetração no mercado, um dos que mais cresce na gama dos pequenos domésticos.

Pessoalmente sempre tive curiosidade em relação à Bimby, sempre achei teria algo de especial para vender tanto mesmo tendo um preço tão alto, o marketing faz milagres, mas teria de existir algo mais.

Já assisti a uma demonstração da máquina e gostei, já tive a oportunidade de a usar e realmente é muito simples de utilizar e extremamente útil para preparar massas para pastelaria e padaria, molhos, cremes, purés, sopas, gelados, pastas e um sem fim de pratos e acompanhamentos que sem a ajuda de um robot demorariam imenso tempo.

Este fim-de-semana tive contacto com a Yammi e não tendo o visor da Bimby que nos dá a receita passo a passo é também de fácil utilização e no essencial é igual, colocam-se os ingredientes e ela faz o que lhe compete, confeciona.

 

Após a utilização das duas a conclusão é a mesma:

Quem não sabe cozinhar não vai cozinhar bem com nenhuma das máquinas, porque até para as receitas instaladas é preciso ter sensibilidade para temperar e ajustar. Nas sobremesas, se a receita for seguida à letra, esse problema não se coloca, há quase 100% de certeza que sairão bem, já os restantes pratos essa certeza cai para níveis muito inferiores e não é assim tão fácil como parece.

Para não falar da dedicação e gosto, cozinhar é uma forma de amor, se não gostarmos e se não o fizermos com carinho dificilmente obteremos resultados espetaculares.

 

Então qual a vantagem de uma máquina de cozinhar?

Não há uma, existem várias.

A maior é que podemos, depois de cumprirmos os passos da receita, deixa-la a cozinhar e ir à nossa vidinha tratar de outros afazeres. Se ela faz tudo? Claro que não mas é uma grande ajuda.

Não queima os alimentos, não corremos o risco desagradável de colarmos a comida ao fundo do tacho, podemos deixar um risoto em modo automático, algo impensável num tacho convencional.

Tritura e passa muito melhor e mais rápido do que uma varinha ou picadora, para quem não tem paciência para varinhas mágicas e para quem se arrepia com o seu barulho estridente tem aqui uma boa solução.

É mesmo uma máquina a fazer sobremesas, mas preparem-se para engordar nos primeiros tempos, pois algumas receitas são tão simples que é muito tentador experimentar tudo e mais alguma coisa.

Para além destas vantagens há quem diga que se poupa na alimentação e que facilita o processo de fazer a lista de compras, há quem refira que se come mais saudável, depende, uma das receitas mais famosas da Bimby leva batata frita palha de pacote o que é tudo menos saudável.

 

Não aconselho a quem não gosta de cozinhar adquirir uma, pois o mais certo é não a usarem e terem-na parada a apanhar pó, conheço vários casos.

Na minha opinião uma máquina de cozinhar mais do que cozinhar é uma ajuda preciosa para quem gosta de cozinhar, não é por acaso que é frequente vê-las nas cozinhas dos melhores Chefes, são no fundo o assistente que todos gostaríamos de ter na cozinha que prepara uma sopa e um acompanhamento enquanto tratamos do prato principal e que faz a sobremesa quando já estamos sentados à mesa com a família.

 

Equaciono a curto prazo adquirir uma, mas ainda não estou convencida do modelo e da marca, segundo a Deco a melhor do mercado é mesmo a Bimby, sendo que a escolha acertada é a do supermercado Lidl que apresenta a melhor relação preço/qualidade.

No entanto, há vários fatores a ter em conta como o número de acessórios de cada máquina e também a facilidade em obter receitas e claro a facilidade de manuseamento, mas preocupa-me acima de tudo a durabilidade e qualidade os materiais, porque apesar das alternativas à Bimby serem substancialmente mais em conta, não são propriamente um produto barato, pelo que obriga a uma escolha consciente.

Alguém tem? O que aconselham? Partilhem a vossa opinião e experiência, vale a pena a Bimby ou uma das primas é uma assistente igualmente boa?

Sou tão curiosa!

Ainda a propósito dos cozinhados e continuando a história do post de ontem.

Se tinha dúvidas que cansaço não combina com cozinha ontem tirei-as ao fazer o jantar.

Estava eu a percorrer a conta de instagram quando me lembro que não só não tinha tampado o arroz, como não tinha reduzido a potência da placa para o mínimo.

Vá lá que ainda fui a tempo de acrescentar água e salvar o arroz, só que bem, digamos que não ficou tão soltinho como o costume.

Depois disto toca a concentrar para que os bifes e os cogumelos saíssem perfeitos.

Após a primeira peripécia com piripiri em vagem, disseram-me que ficava muito bem cortado em finos pedaços por cima da carne grelhada, então piquei finamente dois dentes de alho e uma vagem de piripiri para colocar depois dos bifes grelhados.

O resultado foi o esperado um leve sabor a picante e nada incomodativo, ficaram bons, mas não se pode esfregar o piripiri é mesmo só pousar.

Só que eu gosto de conhecer o sabor daquilo que estou a usar na comida e depois de picar a vagem decidi esfregar o dedo num pedaço e leva-lo à boca.

Não imaginam a potência daquilo, literalmente queimou-me um pedaço da língua!

Não tem nada a ver com o piripiri em molho, é 30 vezes pior do que o wasabi e do que a malagueta, a única coisa que provei semelhante foi o pimento habanero no México, não sei se serão todas assim ou se é da terra do nosso quintal, mas que picante!

Tivesse feito isto na primeira vez que utilizei e de certeza que não tinha feito um risotto tão picante.

Se era escusado provar assim direto? Era, mas pelo menos assim já sei que um pedacinho minúsculo tempera um litro de água.

Aconselho a comprarem um vasinho poupam uma fortuna (ou não) em temperos com isto. Mas vale a pena o sabor é diferente e não é tão agressivo como o molho e claro muito mais saudável, é biológico.

Diz-me o que cozinhas – digo-te como te sentes.

A comida diz muito sobre nós, não só somos o que comemos como o nosso apetite diz muito da forma como nos sentimos.

Os nossos sentimentos refletem-se em desejos e saboreamos a comida de forma diferente se estivermos felizes ou tristes.

No meu caso se estiver triste tenho tendência a desejar comida de conforto, que tanto pode ser um pastel de nata como um prato de batatas fritas.

Ontem apetecia-me batatas fritas e o resultado foi este:

 

I got desire of chips today 🍟 #linguaafiadablog #food #instafood #instaday #bestoftheday #portuguesefood #life #instagood #chips #homecooking

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Mas mais do que influenciar o meu apetite o meu estado de espírito influencia a forma como cozinho e se estiver muito cansada transformo-me na pior cozinheira do mundo. A semana passada foi o exemplo perfeito disso, não houve um prato que me saísse bem, até os que nunca tinha errado antes.

Devo ter temperado o arroz de tomate duas vezes, conclusão? Estava demasiado apurado.

O risoto de camarão que é sempre um manjar estava adivinhem? Picante! Abusei do piripiri, em minha defesa devo dizer que usei bagas caseiras e apimentou muito mais do que eu esperava, mas mesmo assim deveria ter dado conta que o caldo estava demasiado apurado e feito outro.

A minha maior proeza foi colocar leite e coco em vez de natas no estrogonofe, que em vez de condimentado ficou doce.

Mas no meio destas peripécias não imaginam as vezes que me perdia a meio das receitas, quer fosse a ir buscar os ingredientes, devo ter aberto mais 150% das vezes o frigorifico do que o necessário, quer a saber se já tinha juntado algum tempero.

Digamos que foi uma semana muito má e que eu própria pela primeira vez me cansei da minha comida, que desconsolo.

 

Ontem correu bem, ainda não foi perfeito, mas quase (a foto não é muito boa, mas a comida sim) espero que hoje acerte de vez com os temperos, ingredientes e tempos, é que quando a comida de panela não me sabe bem, abate-se sobre mim um desconsolo e quem sofre é a dieta (ancas e rabo) com a ingestão de gelados e outras guloseimas.

Para além disso é desolador ver a cara de desgosto do meu marido que conta sempre que o jantar seja um deleite e que nos últimos tempos acho que já mete a primeira grafada à boca a medo, assim a rezar a todos os santinhos culinários para que esteja bom.